* Como visualizar e analisar as formas de onda dos PCs.
* Como visualizar as formas de onda dos controles digitais de máquinas industriais
* Como usar o osciloscópio no service de equipamentos digitais.
Estes temas, de grande importância para o técnico que pretende entrar na área de service de equipamentos de informática e controles digitais, será abordado de forma básica neste artigo que, na verdade, é uma iniciação ao uso do osciloscópio. Se o leitor pretende saber mais sobre eletrônica digital, principalmente a usada em microprocessadores e microcontroladores, deve ler com atenção este artigo.
Diferentemente dos equipamentos analógicos como televisores, rádios e amplificadores, nos circuitos digitais como os usados nos computadores e controles de máquinas temos praticamente um único tipo de sinal, com uma forma de onda única: retangular.
Se sabemos que a forma de onda é retangular, então, argumentará o leitor, por que é necessário observá-la com um osciloscópio para sabermos se tudo está bem?
Na verdade, se a forma de onda é fixa, existem outros parâmetros destes sinais que não são, e são justamente a sua observação é que nos permite saber se algo vai mal ou não num circuito que os use.
Para podermos usar o osciloscópio com eficiência no diagnóstico de circuitos digitais precisamos de alguns conhecimentos básicos que serão justamente abordados neste artigo. Estes conhecimentos estão relacionados com os seguinte temas.
a) O que devemos observar nas formas de onda dos equipamentos digitais.
b) Que tipo de osciloscópio e que ajustes devemos fazer neste instrumento para observar as formas de onda desejadas.
c) Em que pontos dos circuitos digitais devemos conectar o osciloscópio e como devemos fazer isso.
Se bem que a maioria dos leitores tenha um osciloscópio ou saiba como usar um, como a finalidade de nosso artigo é ensinar a todos os leitores, mesmo os que sejam inexperientes de todo, daremos nossa explicações a partir do começo. Isso significa que, mesmo que possamos parecer excessivamente primários nos detalhes para os que já sejam "entendidos" a reciclagem é interessante e sempre existem pequenas coisas que podem ter escapado aos mais avançados quando estudaram o assunto.
a) AS FORMAS DE ONDA
* Formas de onda observáveis e não observáveis
Num circuito digital como, por exemplo, o de um computador, devemos separar dois tipos de sinais retangulares que podem ser ou não analisados com facilidade com um osciloscópio. Estes sinais são mostrados na figura 1.
O primeiro sinal possui frequência fixa, ou seja, repete-se segundo um padrão constante regular que nos permite associá-lo a uma frequência determinada. Este é o sinal de clock ou resultado da divisão do sinal de clock de um computador que pode ter frequências que vão de 10 a 120 MHz, conforme o tipo de computador considerado.
O segundo sinal, entretanto, consiste em transições irregulares do nível alto para o nível baixo que corresponde às operações que a máquina faz e que portanto não pode ser associado a uma frequência fixa.
A frequência deste sinal pode ser nula se o nível lógico do circuito permanecer por um segundo ou mais estacionário, e pode ser dada pelo limite do clock do computador se ele realizar uma série de operações muito rápidas, uma por ciclo do clock do mesmo aparelho, conforme mostra a figura 2.
Ora, o osciloscópio é um aparelho que se destina a visualização de fenômenos periódicos, de tal maneira que ele usar um clock interno próprio cuja finalidade é paralisar a imagem de modo a poder fazer sua projeção na tela.
Isso significa que este processo só funciona se o sinal observado tiver uma frequência fixa ou no máximo, tiver variações pequenas de frequência.
Assim, se formos observar os sinais de um clock no osciloscópio ou de uma saída que tenha uma frequência fixa, conseguimos obter uma imagem estacionária definida, como mostra a figura 3.
No entanto, se o sinal observado corresponder a uma série de operações realizadas pela máquina e que portanto não seguem um padrão regular, as imagens obtidas em cada ciclo do clock do osciloscópio se sobrepõem e o que obtemos será uma imagem indefinida, conforme mostra a figura 4.
Para o técnico que pretende usar o osciloscópio no diagnóstico de equipamentos digitais saber diferenciar os sinais que podem ou não ser observados com um osciloscópio comum é importante, e esta é uma primeira diferença.
Existem, entretanto, osciloscópios especiais de armazenamento digital que podem registrar o que ocorre num determinado intervalo de tempo a partir de um pulso de comando, e estes sim, como mostra a figura 5 podem armazenar em mais de um canal as transições de níveis lógicos que ocorrem num circuito.
No entanto, o custo algo elevado de tais osciloscópios fazem com que eles ainda não sejam acessíveis à maioria dos técnicos. Mesmo porque, a maioria dos técnicos possuem osciloscópios dos tipos comuns que são antes projetados para reparos em equipamentos analógicos como televisores, rádios, etc.
Em suma, com o osciloscópio comum é possível fazer a observação dos sinais retangulares de frequência fixa que existem em determinados pontos de um equipamento digital.
Observamos que nos equipamentos de controle industrial, a presença de sinais de frequência fixa é mais frequente do que nos computadores que operam praticamente com sinais aleatórios em relação ao padrão, o que torna muito mais útil o osciloscópio no seu diagnóstico.
* Frequência e Transições
As formas de onda ideais que deveriam ser encontradas nos circuitos digitais são as retangulares, conforme vimos, com transições abruptas que teoricamente deveriam ser infinitamente rápidas.
No entanto, na prática, os circuitos possuem velocidades limitadas e isso significa que dependendo de suas características, podem ocorrer deformações.
Assim, conforme mostra a figura 6, o tempo de subida da tensão de um sinal está longe de ser nulo, o que leva a uma certa inclinação do sinal observado, o mesmo ocorrendo com a sua descida.
Assim, quando usamos as velocidades maiores de resposta de um osciloscópio, na observação de sinais de frequências muito elevadas, estes tempos podem se tornar bem visíveis o que nos leva a imagens que na realidade são trapezoidais.
Nestas imagens podemos observar alguns tempos importantes que podem significar o bom funcionamento de um aparelho.
Assim, na figura 7 temos a indicação de alguns tempos para um sinal retangular simples.
Se o osciloscópio for de duplo traço ou duplo feixe, é possível obter algumas informações importantes como por exemplo o tempo que demora para um circuito responde a um sinal de clock, conforme mostra a figura 8.
Estes tempos estão intimamente associados à frequência máxima de operação do circuito que, conforme sabemos pode estar entre 10 MHz e 120 MHz para os computadores e circuitos de controle industriais típicos.
Assim, Para um clock de 100 MHz temos um tempo de subida ou descida típico de 10 ns (nanossegundos) indo para 50 ns o mesmo tempo num circuito de 20 MHz.
Estes tempos podem ser facilmente observados com um osciloscópio comum que alcance a frequência desejada.
* Amplitude
Os circuitos digitais usados em microcomputadores e controles de máquinas industriais são em sua maioria de tecnologia TTL e CMOS, o que significa que as tensões usadas estarão numa faixa de 3 a 15 Volts. O valor mais comum, entretanto é o de 5V que encontramos em todos os circuitos TTL de microcomputadores e 3V que podem aparecer nos "lap tops" e outros equipamentos de baixo consumo que sejam alimentados por bateria.
Isso significa que, conforme mostra a figura 9, a amplitude dos sinais observados terão estes valores.
Haverá uma diferença de tensão de 5 Volts (para os TTL) entre o nível baixo e o nível alto, de qualquer forma de onda ou sinal ou transição observada num osciloscópio nos circuitos convencionais.
Evidentemente, existem setores como portas que eventualmente podem excitar circuitos de maior potência ou ainda servir para transmissão de dados que podem ter outras tensões de sinal, mas certamente num diagrama as informações sobre seus valores serão dados. Estas tensões, entretanto, não constituem-se em regra.
Esta ordem de grandeza das amplitudes dos sinais encontrados em tais circuitos indicam que qualquer osciloscópio comum pode ser usado na sua observação.
* Ciclo ativo
Os sinais de clock costumam ter ciclos ativos de 50% ou seja, para cada ciclo completo, metade do tempo temos o nível alto e metade temos o nível baixo, conforme mostra a figura 10.
No entanto, dependendo dos pontos dos circuitos considerados, os sinais podem ter ciclos ativos diferentes, conforme mostra a figura 11, e isso pode ser tanto observado como medido pelo osciloscópio.
Existem casos em que se faz o ajuste deste ciclo de determinada forma para que a máquina ou dispositivo funcione apropriadamente e isso só pode ser observado num osciloscópio.