Apresentamos um eficiente controle de potência com triac para cargas de até 8 ampères tanto na rede de 11oV como de 220 V. Lâmpada incandescentes, aquecedores, furadeiras elétricas e outros aparelhos podem ter sua velocidade, luminosidade ou temperatura ajustada linearmente com facilidade com a utilização deste circuito.
Obs. Este artigo é de 1987, tendo saído diversas versões semelhantes ao longo dos anos com configurações iguais ou parecidas.
Um dimmer é um controle linear de potência que pode ser usado com os mais diversos tipos de aparelhos.
Com lâmpadas incandescentes ele permite o ajuste da luminosidade de O até no máximo em torno de 97%. Com motores, temos o ajuste de velocidade na mesma faixa, e com aquecedores temos o ajuste da temperatura.
O circuito que apresentamos é bem eficiente, e em lugar do diac que normalmente aparece neste tipo de equipamento fazemos o disparo através de um transistor unijunção - um componente mais fácil de ser obtido.
A potência depende da rede, já que o triac utilizado suporta 8 A tanto em 110 V como em 220 V.
Assim, na rede de 110 V podemos controlar até 800 watts de carga, aproximadamente, e na rede de 220 V esta potência sobe para 1600 watts.
Lâmpadas de palco de 1 000 watts na rede de 220 V podem facilmente ter sua luminosidade alterada com este controle. Na figura 1 damos uma interessante mesa de luz para teatros e conjuntos musicais em rede 220 V que suporta em cada saída 1600 watts de lâmpadas.
As lâmpadas devem ser do tipo “spot” e, obrigatoriamente, incandescentes.
O triac é um controle bilateral de corrente que “liga" quando um pulso de disparo é aplicado a sua comporta.
Se aplicarmos o pulso no início dos semiciclos, temos a condução quase que total dá corrente e a potência na carga é alta, conforme mostra a figura 2.
Por outro lado, se aplicarmos no final do semiciclo, a condução se faz apenas de uma pequena parcela da senóide e a carga recebe muito menor energia. A potência é mínima.
Controlando então o ponto de disparo no semiciclo podemos controlar também a potência aplicada à carga e, portanto, sua velocidade, temperatura ou luz conforme o que seja.
O disparo é feito no nosso circuito por meio de um transistor unijunção.
O capacitor C2 do circuito carrega-se então numa velocidade que depende do ajuste de P1. Com P1 no mínimo, a carga é rápida e tão logo o semiciclo seja retificado por D1, já temos um pulso produzido pela condução de Q1 e o triac liga.
Se P1 estiver com sua resistência máxima, então, neste caso, o disparo demora só ocorrendo no final do semiciclo. A potência aplicada é mínima.
Na figura 3 damos uma configuração retificadora de onda completa para o unijunção que permite obter maior rendimento, caso a aplicação que o leitor vai ter assim o exija.
O fusível ligado na entrada serve de proteção para o circuito.
MONTAGEM
O diagrama completo da versão básica é mostrado na figura 4.
Uma montagem simples em ponte de terminais é mostrada na figura 5.
Para os que quiserem realizar a montagem em placa de circuito impresso temos o seu desenho na figura 6.
Lembramos que o SCR deve ser dotado de bom radiador de calor principalmente se tiver de trabalhar com potências acima de 500 watts.
Os capacitores devem ter tensões de trabalho a partir de 25 V, e todos os resistores, com exceção de R1, devem ser de 1/8 ou ¼ W com qualquer tolerância.
A posição do transistor unijunção precisa ser observada atentamente pois se houver inversão o aparelho não funcionará.
O potenciômetro P1 pode ser rotativo ou deslizante, tanto linear como Iog.
Nos desenhos de placa e ponte foram indicadas lâmpadas como carga, mas basta fazer sua troca por uma tomada e nela conectar o plugue de qualquer outro aparelho a ser alimentado.
É importante observar que existem certos aparelhos que não admitem variações de tensão como, por exemplo, aparelhos eletrônicos.
Aparelhos como rádios, amplificadores e televisores nunca devem ser ligados a dimmers.
Para a rede de 220 V o diodo 1N4004 deve ser substituído por um 1N4007 ou BY127.
Na figura 7 damos um circuito de supressão de ruídos que evita a interferência em aparelhos próximos.
De fato, a comutação rápida do triac pode ser responsável por transientes ricos em harmônicas que se estendem na faixa de RF até alcançar a faixa de ondas médias e em alguns casos FM e TV.
As bobinas são formadas por 20 ou 30 espiras de fio grosso (16 ou 18) em um bastão de ferrite de 1 cm de diâmetro.
Os capacitores devem ter tensões de isolamento de peio menos 450 V.
Este circuito é intercalado entre o aparelho interferente ou interferido e a tomada de alimentação.
PROVA E USO
Basta ligar a unidade a atuar sobre P1. Ligando-se uma lâmpada como carga deve haver variação de sua luminosidade.
Se a lâmpada não tiver sua luminosidade variada deve-se realizar uma série de testes como se segue:
a) Desligue o fio de Comporta (gate) do triac que vai ao unijunção e momentaneamente ligue-o na junção de C1 e R1. Se a lâmpada acender, é sinal que o triac se encontra em bom estado, devendo ser verificada a etapa de Q1. Se não acender, é sinal que o triac apresenta problemas.
b) Troque momentaneamente C2 por um Capacitor de maior valor (4,.7 uF x 2 5V, por exemplo, que pode ser ligado em paralelo). Ligue o multímetro em paralelo com este capacitor numa escala baixa de tensões contínuas. Ajustando-se P1 devemos notar oscilação da agulha do instrumento se o transistor estiver bom.
Após R1 deve ser medida uma tensão contínua da ordem de 6 a 15 V. Comprovado o funcionamento é só fazer a instalação definitiva do dimmer, numa caixa plástica, por exemplo.
Triac – TIC226 para 200 V se sua rede for de 110 V ou para 400 V se sua rede for de 220 V - Texas Instruments
D1 - 1N4004 ou 1N4007 - diodo de silício
Q1 - 2N2646 - transistor unijunção
F1 – 10 A - fusível
S1 - Interruptor simples
P1 – 100 k - potenciômetro
R1 – 33 k (110 V) ou 56 k (220 V) x 1 W- resistor
R2 - 470 ohms x resistor (amarelo, violeta, marrom)
R3 - 330 ohms - resistor (laranja, laranja, marrom)
R4 – 10 k - resistor (marrom, preto, laranja)
C1 - 10 nF - capacitor cerâmico ou de poliéster
C2 - 100 nF - capacitor cerâmico ou de poliéster
Diversos: tomada para ligação da carga ou soquete de lâmpada, cabo de alimentação, placa de circuito impresso ou ponte de terminais, fios, solda, botão para P1, radiador de calor para o triac, etc.