Efeitos de luz são sempre importantes nos locais em que são utilizados equipamentos de som, pois complementam o seu funcionamento. Um dos efeitos mais interessantes é o proporcionado por luzes estroboscópicas, ou seja, luzes de alta potência que piscam rapidamente dando uma espécie de “congelamento” aos movimentos Propomos neste artigo uma versão simples de luz estroboscópica que emprega lâmpadas comuns incandescentes até 400 W na rede de110V e o dobro na rede de 220 V.

Se um objeto em movimento for iluminado por uma luz pulsante, seu movimento não será visto de forma contínua, mas sim interrompido dando a impressão de uma espécie de congelamento.

Um exemplo disso pode ser visto nos filmes quando o movimento da roda de uma carruagem é “congelado” pela luz pulsante do projetor (passagem pela “cruz de malta” - que é um dispositivo existente na máquina) parecendo com isso rodar, ao contrário ou parar.

Nos bailes, a iluminação com luzes potentes pulsantes pode proporcionar o mesmo efeito de congelamento dos movimentos, o que leva a dança a apresentar um caráter especial.

No caso de discotecas e casas noturnas o efeito é conseguido com potentes lâmpadas de xenônio.

No nosso caso, propomos uma versão econômica em que empregamos uma lâmpada 'incandescente comum.

O aparelho pode alimentar até 400 watts de lâmpadas na rede de 110 V e até 800 W na rede de 220 V.

A frequência máxima das piscadas está limitada a aproximadamente 5 Hz, dada a inércia que os filamentos das lâmpadas comuns apresentam às variações rápidas de alimentação, mas temos efeitos bem interessantes na faixa que vai de 1 a 5 Hz.

 

 

COMO FUNCIONA

A simplicidade do dispositivo é a maior possível, de modo a torná-lo bem acessível: um oscilador com lâmpada neon determina a velocidade das piscadas, ou seja, a frequência.

Assim, o capacitor C2 carrega-se por P1 e R2 até ser atingido o ponto de disparo da lâmpada neon, em torno de 80 volts.

Quando esta tensão é atingida, a lâmpada ioniza e conduz intensamente a corrente que provoca a descarga do capacitor.

Com a descarga abaixo da tensão de manutenção, a lâmpada apaga, e o capacitor carrega-se novamente num novo ciclo. (figura 1)

 

Figura 1 – Carga e descarga do capacitor
Figura 1 – Carga e descarga do capacitor | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Podemos controlar a Carga em P1 e a descarga em P2, o que é muito importante no nosso caso.

A descarga é feita através do circuito de comporta de um SCR (diodo controlado de silício) que é um dispositivo capaz de controlar cargas de alta potência.

Quando ocorre então a descarga do capacitor, o SCR “liga” alimentando a lâmpada L1 que permanece acesa.

Quando cessa a descarga do capacitor, o SCR desliga e a lâmpada apaga.

Assim, a frequência no geral é determinada por P1 e é o tempo de descarga do capacitor C2 que determina o tempo de acendimento da lâmpada e, portanto, a duração das piscadas é ajustada em P2.

O SCR usado pode suportar correntes de 4 A na rede de 110 V ou 220 V, o que possibilita uma boa potência luminosa.

Veja que, se as piscadas forem muito rápidas, não há tempo para o filamento da lâmpada esfriar entre uma e outra, não se notando pois nenhuma oscilação.

O limite para a operação das lâmpadas comuns está pouco além de 100 Hz, mas em torno de 10 Hz o efeito já não pode ser considerado acentuado.

Colocando então algumas lâmpadas em holofotes pequenos, iluminando o ambiente em que se dança, e apagando todas as demais lâmpadas, podemos ter efeitos muito interessantes de congelamento de movimento.

 

 

MONTAGEM

Começamos por dar o diagrama completo do aparelho na figura 2.

 

Figura 2 - Diagrama do aparelho
Figura 2 - Diagrama do aparelho | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Podemos realizar a montagem tanto em ponte de terminais como em placa de circuito impresso O desenho da ponte de terminais é dado na figura 3.

 

Figura 3 – Montagem em ponte de terminais
Figura 3 – Montagem em ponte de terminais | Clique na imagem para ampliar |

 

 

A sugestão em placa de circuito impresso é mostrada na figura 4.

 

   Figura 4 – Placa para a montagem
Figura 4 – Placa para a montagem | Clique na imagem para ampliar |

 

 

O SCR deve ser dotado de um radiador de Calor. Este radiador consiste numa chapinha de metal de aproximadamente 6 x 4cm dobrada em forma de “U” e fixada firmemente por um parafuso, no Corpo do componente.

Esta chapinha não deve ficar em contato com nenhuma parte do aparelho, pois estará conectada à rede.

Os resistores usados são todos de 1/8 ou ¼ W, com exceção de R1 que é um resistor de 22 k x 5 W de fio. Para a rede de 220 V este resistor poderá ser de 56 k com5 W.

Para a conexão à lâmpada pode ser usada uma tomada de embutir em caixa, ou mesmo mais de uma, e se você pretender Uma conexão fixa, pode usar uma ponte de parafusos.

Os capacitores C1 e C2 são de poliéster ou cerâmica. C1 deve ter uma tensão de trabalho de pelo menos 600 V e C2 de pelo menos 100 V.

A lâmpada neon é do tipo comum NE-2H ou equivalente. O diodo 1N4004 deve ser substituído pelo 1N4007 ou BY127 se a rede for de 220 V.

 

 

PROVA E USO

Completada a montagem, ligue em L1 uma lâmpada comum incandescente (não use outro tipo de lâmpada) de 5 a 100 W.

Coloque um fusível no suporte e acione S1. Ajustando P1 e P2 devemos ter piscadas rápidas ou lentas da lâmpada.

Ajuste o aparelho para funcionar com 1 a 5 piscadas por segundo, de modo a obter o efeito de “congelamento”.

Para usar o aparelho as lâmpadas alimentadas por ele devem iluminar completamente o ambiente.

Use, se possível, lâmpada tipo “spot” com potência total que não deve superar 400 W na rede de 110 V ou 800 W na rede de 220 V.

Se a lâmpada neon piscar, mas não houver disparo da lâmpada maior L1, verifique o SCR. Se a lâmpada neon não piscar, verifique o restante do circuito.

 

SCR - MCR106 ou TIC106 - para 200 V se a rede for de 110 V ou para 400 V se a rede for de 220 V

NE-1 - lâmpada neon NE-2H ou equivalente (de dois terminais sem resistência

interna)

D1 - 1N4004, -BY127 ou 1N4007 – diodo retificador

S1 - interruptor simples

F1 - fusível de 5A

L1 - lâmpada de até 400 W (110 V) ou 800 W (220 V)

P1 - 4M7 - potenciômetro

P2 – 47 k - trimpot

C1 - 100 nF x 600 V - capacitor de poliéster ou cerâmico

C2 - 1 uF 100 V - capacitor cerâmico ou de poliéster

R1 – 22 k x 5 W - resistor de fio (56k x 5 W) se a rede for de 220 V

R2 – 1 M - resistor (marrom, preto, verde)

R3 – 10 k - resistor (marrom, preto, laranja)

Diversos: ponte de terminais ou placa de circuito impresso, caixa para montagem, cabo de alimentação, suporte para fusível, soquete para lâmpada, botões plásticos para o potenciômetro, fios, solda etc.