Descrevemos a montagem de útil teste de semicondutores de potência. O circuito que se baseia numa prova dinâmica simples detecta se o componente está aberto, em curto ou apresenta fugas.
Os seguintes semicondutores podem ser testados:
* SCRs
* Power FETs
* Bipolares de potência (NPN e PNP)
* Darlington de potência (NPN e PNP)
* IGBTs
* Diodos
Tanto nas aplicações industriais como nas instalações elétricas e nos equipamentos de consumo, e automóveis os semiconductores de potência são cada vez mais usados.
Isso significa que não é apenas no laboratório de eletrônica que deve existir recursos para o teste deste tipo de componente. Nas oficinas de eletricidade de automóvel, de reparação de eletrodomésticos, para o técnico de instalações elétricas e o profissional de manutenção industrial, um teste de componentes de potência consiste num equipamento de grande utilidade.
Veja que neste caso não falamos do multímetro que faz um teste estático que nem sempre é conclusivo para alguns componentes, já que ele revela apenas o estado de junções e eventualmente a existência de curtos e fugas.
O teste que descrevemos neste artigo é mais completo pois no caso de transistores opera com sua polarização conforme o tipo e no caso de SCR faz o seu disparo.
Características:
* Tensão de teste: 12 a 15 V
* Corrente de teste: 500 mA
* Corrente de disparo para SCR: 10 a 50 mA
* Faixa de ganhos de bipolares: 5 a 200
* Faixa de ganhos de Darlingtons: 500 a 10000
* Corrente mínima do dispositivo testado: 500 mA
Como Funciona
O circuito consiste numa fonte de corrente contínua que gera aproximadamente 12 V, tensão esta que é aplicada no dispositivo em teste e nos circuitos de polarização ou disparo para verificar seu funcionamento.
O modo segundo o qual a tensão é aplicada e o circuito de polarização é ligado depende do tipo de dispositivo a ser testado.
Temos então as seguintes possibilidades:
a) Diodos
No caso dos diodos o que fazemos é simplesmente polarizá-los no sentido direto e depois inverso tendo em série uma lâmpada indicadora. Se o diodo estiver bom a lâmpada acende apenas na polarização no sentido direto.
b) Transistores bipolares
Dependendo do transistor ser NPN ou PNP temos a polaridade da tensão aplicada. Ligamos então a lâmpada indicadora em série com o coletor e aplicamos a polarização de base com um resistor de valor compatível com a corrente necessária à saturação. O resistor, conforme mostra a figura 1, é calculado para resultar numa corrente de aproximadamente 50 mA o que para um ganho mínimo de 10 vezes resulta nos 500 mA que fazem a lâmpada acender com pelo brilho.
Veja que a lâmpada só deve acender quando o interruptor que polariza a base for acionado.
c) Transistores Darlington
Neste caso, procedemos exatamente como no anterior, dependendo do transistor ser NPN ou PNP. No entanto, apenas o resistor de polarização de base é maior no sentido de que se necessita de uma corrente menor para levá-lo à saturação.
d) SCRs
No teste deste tipo de semicondutor, a lâmpada é ligada em série com o anodo que fica positivo em relação ao catodo. O SCR é então disparado pela conexão momentânea de um resistor de valor apropriado na sua comporta. Quando isso ocorre a lâmpada acende e assim permanece se o SCR estiver bom, conforme mostra a figura 2.
O resistor é dimensionado para gerar uma corrente de disparo da ordem de 50 mA o que está dentro do exigido pela maioria dos SCRs comuns em uso em aplicações gerais.
e) IGBTs
O testes do Isolated Gate Bipolar Transistor ou IGBT é feito com a sua polarização do modo indicado na figura 3 conforme ele seja N ou P.
O resistor de base encarrega-se de aplicar a tensão necessária a saturação quando então, se ele estiver bom, a lâmpada deve acender.
f) Power FETs
Os power-FETs ou transistores de efeito de campo de potência são testados ligando-se em série com a lâmpada e polarizando-se sua comporta (gate) de modo que eles saturem, conforme mostra a figura 4.
Para isso o sentido da corrente principal e a tensão de polarização dependem do fato do transistor ser de canal N ou P.
No nosso projeto, um conjunto de chaves permite modificar a polaridade da tensão aplicada e o modo como é feita a polarização do componente em teste.
MONTAGEM
Na figura 5 temos o diagrama completo do teste de semicondutores de potência.
A placa de circuito impresso para esta montagem é mostrada na figura 6.
O transformador tem enrolamento primário de acordo com a rede de energia e o secundário não é crítico podendo ter tensões entre 9 e 12 V com corrente de 1 ampère.
Como a chave rotativa de 1 pólo x 4 posições é um componente com certa dificuldade de obtenção, nada impede que o leitor faça a seleção dos resistores por interruptores simples, tendo apenas o cuidado de sempre ter apenas uma chave acionada, conforme mostra a figura 7
Os resistores têm qualquer tolerância e a dissipação é indicada na relação de materiais no caso de cada um.
A lâmpada é de 12 V x 250 a 500 mA do tipo usado em aplicações automotivas como por exemplo iluminação de painéis, interior de carro (luz de cortesia) e lanterna.
Os LEDs podem ser tanto do tipo comum (vermelho e verde) como bicolores para uma montagem mais sofisticada.
O conjunto pode ser montado em caixa de plástico ou madeira a gosto de cada montador.
Para a conexão dos componentes em prova podem ser usados fios com garras pequenas. Os fios ou as garras devem ter cores diferentes para maior facilidade de identificação na ligação ao componente em teste.
PROVA E USO
A prova de funcionamento é simples: encostando a garra preta na vermelha em qualquer posição de teste (NPN ou PNP) a lâmpada deve acender com máximo brilho.
Os procedimentos de teste para cada tipo de componente são dados a seguir:
a) Diodos
Controle - Condição
S2 - A ou B
S4 - Qualquer
Garras
Vermelha - anodo
Preta - catodo
Teste:
* Coloque a chave S2 nas posições A ou B
* A lâmpada deve acender numa posição e não na outra para um diodo bom. Se acender nas duas o diodo está em curto e se não acender em nenhuma o diodo está aberto.
* Brilho fraco quando não deveria acender indica diodo com fugas
b) Transistor Bipolar NPN ou PNP de potência
Controle - Condição
S2 - B para transistores NPN / A para transistores PNP
S4 - Posição 1
Garras
Vermelha - coletor
Verde - base
Preta - emissor
Procedimento:
* A lâmpada deve permanecer apagada até que S3 seja pressionado. Neste instante deve acender.
* Se ficar acesa quando S3 não for pressionado o transistor está em curto. Se acender com brilho reduzido nesta condição o transistor está com fugas
* Se não acender quando S3 for pressionado o transistor está aberto
c) Darlingtons de Potência NPN ou PNP
Controle - Condição
S2 - B para transistores NPN / A para transistores PNP
S4 - Posição 2
Garras
Vermelha - coletor
Verde - base
Preta - emissor
Procedimento:
* Ao ligar o aparelho a lâmpada deve permanecer apagada. Se acender o transistor está em curto. Se o brilho for reduzido, o transistor apresenta fugas.
* Ao pressionar S3 a lâmpada deve acender. Se não acender, o transistor se encontra aberto.
d) SCR
Controle - Condição
S2 - Posição B
S3 - Posição 1 para SCRs pouco sensíveis (126, etc) / Posição 2 para SCRs sensíveis (106)
Garras
Vermelha - anodo
Verde - comporta (gate)
Preta - catodo
Procedimento:
* Ao ligar o aparelho a lâmpada deve permanecer apagada. se acender o SCR está em curto.
* Pressionando S3 a lâmpada deve acender e assim permanecer mesmo depois que S3 seja liberado. Para desligar o SCR é preciso desligar por um momento S1 e ligar novamente o aparelho.
* Se ao pressionar S3 o SCR a lâmpada não acender o SCR está aberto.
e) IGBT
Controle - Condição
S2 - B para tipos N / A para tipos P
S4 - Posição 2
Garras
Vermelha - coletor
Verde - comporta (gate)
Preta - emissor
Procedimento:
* Ao ligar S1 a lâmpada não deve acender. Se isso ocorrer o componente se encontra com problemas (curto). Se acender com brilho reduzido o transistor está com fugas.
* Ao pressionar S3 a lâmpada deve acender para um transistor bom.
f) Power FETs (canal N ou P)
Controle - Condição
S2 - B para canal N / A para canal P
S4 - Posição 3
Garras
Vermelha - dreno (d)
Verde - comporta (g)
Preta - fonte (s)
Procedimento:
* Ao ligar S1 não deve acender a lâmpada. Se acender o transistor está em curto. Se apresentar brilho reduzido o transistor está com fugas.
* Pressionando S3 a lâmpada deve acender. Isso não ocorrer o transistor está aberto.
Observações:
* O LED1 e o LED2 indica a polaridade do teste (NPN ou PNP, canal N ou P) - se houver inversão em geral o componente em teste não é danificado.
* Ao pressionar S3 os LEDs 3 e 4 indicam a polaridade da tensão que está sendo aplicada ao elemento de controle.
* Com transistores de muito baixo ganho e a chave S4 na posição 1, a lâmpada pode não acender com seu máximo brilho.
Semicondutores:
D1, D2 - 1N4002 - diodos retificadores
LED1, LED3 - LEDs vermelhos
LED2, LED4 - LEDs verdes
Resistores:
R1, R2 - 4,7 k ?, 1/8 W
R3 - 220 ? x 1 W
R4 - 10 k ?, 1/8 W
R5 - 47 k ?, 1/8 W
Capacitores:
C1 - 1 000 µF x 25 V - eletrolítico
Diversos:
T1 - Transformador com primário de acordo com a rede de energia e secundário de 12 + 12 V x 1 A
S1 - Interruptor simples
s2 - Chave de 2 pólos x 2 posições
S3 - Interruptor de pressão
S4 - Chave de 1 pólo x 3 posições rotativa (ver texto)
L1 - Lâmpada de 12 x 500 mA
F1 - 500 mA - fusível
Placa de circuito impresso, garras jacaré de cores diferentes, cabo de força, caixa para montagem, fios, suporte de fusível, solda, etc.