Descrevemos um eficiente e econômico testador dinâmico de fly-hacks, um circuito que não deve faltar na oficina de reparação de televisores e monitores de vídeo (*). O circuito não usa transformadores e tem apenas um componente ativo, consistindo num oscilador potente de prova que permite verificar se há alta tensão no enrolamento correspondente do fly-back.
Obs. Este artigo é de 1993 quando ainda eram usados estes componentes em televisores e monitores de vídeo com cinescópios. Hoje estes componentes não mais são encontrados, a não ser em sucatas. No entanto, o circuito pode ser útil se o leitor desejar aproveitar este componente para um projeto.
A versão de provador de fly-back que descrevemos se caracteriza pela sua simplicidade, consistindo num oscilador de relaxação com SCR.
Alimentado diretamente pela rede, pode ser montado numa pequena caixa plástica e usado até mesmo na casa do cliente ou escritório.
É claro que o único cuidado que o técnico deve ter é em relação a eventuais toques nas garras já que o aparelho não é isolado da rede e por isso está sujeito a causar choques.
Esta prova, entretanto, não oferece qualquer perigo ao aparelho em teste, pois a única conexão é feita a uma bobina isolada do restante do circuito não induzindo pois tensões perigosas.
Características:
Tensão de entrada: 110/220 V
Consumo: 2 W (típ)
Tipo de operação: pulsante
Frequência de teste: 1 Hz a 10 Hz (típ)
COMO FUNCIONA
O que temos é um simples oscilador de relaxação com base numa lâmpada neon e num SCR. Neste circuito o capacitor C1carrega-se via R1 e D1 com a tensão de pico da rede local que será da ordem de 150 V para a rede de 110 V e 300 V para a rede de 220 V.
Ao mesmo tempo, C2 carrega-se lentamente via R2 e P1 até ser atingida uma tensão de 80 V aproximadamente, que é a tensão de ionização da lâmpada neon.
As garras G1 e G2 são ligadas a uma bobina formada por 4 ou 5 voltas de fio comum encapado no núcleo do transformador em prova (fly-back) conforme mostra a figura 1.
Obs. Tipos mais recentes de fly-backs são totalmente vedados não permitindo este tipo de teste
Quando a lâmpada neon dispara, o SCR também é levado a plena condução, fechando desta forma um circuito de descarga para C1 formado pela bobina onde estão ligadas G1, G2 e o próprio SCR.
O resultado é um pulso de alta tensão e alta corrente no fly-back que gera no seu secundário uma alta tensão a qual pode ser verificada pelo teste de faiscamento.
Tão logo a carga de C1 se reduza para abaixo do ponto de manutenção do SCR, este componente desliga e ocorre um novo ciclo de carga de C1 e C2.
C2 deve ser tal que a repetição dos pulsos ocorra num intervalo que dê tempo de C1 adquirir uma boa carga.
Se a freqüência for muito alta, a tensão de C1 não sobe o suficiente para se obter uma boa energia para os pulsos aplicados ao fly-back em teste.
Os valores indicados permitem ajustar P1 para um bom rendimento, mas se o leitor notar que as altas tensões geradas nos testes estão abaixo do desejado pode reduzir o valor de R1. Valores mínimos de 1 k para rede de 110 V e 2,2 k para a rede de 220 V com dissipação de 10 W são admitidos.
Este circuito também pode ser usado para testar bobinas de ignição de automóveis, bastando ligar as garras ao seu primário.
MONTAGEM
Na figura 2 temos o diagrama completo do provador de fly-back e bobinas de ignição.
A disposição dos componentes com base numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 3.
Dada a curta duração dos pulsos, somente um pequeno radiador de calor será necessário para o SCR. Os valores dos componentes indicados entre parênteses são para a rede de 220 V.
O capacitor C1 é um eletrolítico para 250 V se a rede for de 110 V, e pelo menos 400 V se a rede for de 220 V. O capacitor C¡ é de poliéster com tensão de trabalho acima de 100 V.
O resistor R1 deve ser de fio com pelo menos 10 W de dissipação, enquanto que os demais são de 1/8 W.
A lâmpada neon é de qualquer tipo, e o potenciômetro não é crítico, podendo ter valores de 220 k Ω a 1M5 Ω.
PROVA E USO
Para provar o aparelho basta ligar G1 e G2 a uma bobina, conforme indicada na figura 1, feita num fly-back bom e acionar a unidade. Devem ocorrer faíscas no terminal de alta tensão quando aproximado dos terminais do mesmo enrolamento, e a lâmpada neon deve piscar no mesmo mínimo.
A frequência das piscadas e sua intensidade são ajustadas em P1.
Para testar um fly-back num aparelho, desligue a “chupeta” de alta tensão do cinescópio e desligue o aparelho da rede de energia.
Faça a bobina de prova e acione o provador. Verifique com o teste da “chave de fendas” se há alta tensão no fly-back.
Se ocorrerem fugas laterais de alta tensão na bobina ou nada ocorrer, teremos um fly-back com problemas.
Obs: Conforme alertamos, este circuito não é isolado da rede, assim, conecte antes as garras G, e G2 na bobina em teste e somente depois conecte o aparelho à rede acionando estão S1. Com S¡ desligada, ainda existe perigo de choque, pois a linha de catodo do SCR não tica desligada da rede!
Nunca deixe as garras unidas com o aparelho ligado, pois a forte corrente de descarga de C1 poderia causar a queima do SCR.
Semicondutores:
SCR: TIC106B (110 V) ou TC106D (220 V) - diodo controlado de silício
D1 - 1N4004 (1N4007) - diodo de silício ç i
Resistores (1/8 W, 5%):
R1 - 10 k Ω (220 k Ω) - 10 W -fio
R2 - 47 k Ω
R3 - 10 k Ω
P1 - potenciômetro de 220 k Ω a 1 M Ω
Capacitores:
C1 – 1 µF a 10 µFx 250V (400 V) - eletrolítico - ver texto
C2 - 470 nF x 100 V ou mais - poliéster
Diversos:
S1 - Interruptor simples
NE1 - Lâmpada neon comum
G1, G2 - Garras jacaré
Placa de circuito impresso, cabo de alimentação, caixa para a montagem, botão para o potenciômetro, radiador de calor pequeno para SCR, fios, solda etc.