A deformação dos sinais obtidos de um instrumento musical faz com que novos timbres sejam conseguidos e, com isso, efeitos bastante interessantes. O circuito apresentado é simples e tem 4 combinações possíveis de componentes para permitir diversos efeitos com instrumentos comuns. Alimentado de maneira totalmente independente, com uma bateria de 9V, ele pode ser intercalado facilmente entre o instrumento e a entrada do amplificador.

A forma de onda de um sinal de áudio caracteriza o que denominamos timbre ou "cor” de um som.

Um sinal senoidal consiste no que há de mais puro, servindo inclusive para padrões de afinação.

No entanto, quando se deseja dar um ”colorido" diferente para o som de um instrumento, a deformação de seu sinal pode ser a solução, e isso pode ser conseguido com dispositivos denominados "fuzz".

Por outro lado, passando por circuitos de efeitos, os sinais tendem a perder a intensidade, sendo, por isso, necessária uma amplificação.

Isso se consegue através de um “booster".

A finalidade deste projeto é reunir os dois aparelhos em um só, obtendo-se assim tanto a deformação em diversos graus como também a amplificação necessária à excitação dos amplificadores.

Com apenas dois transistores, e alimentado por 9 V, com baixo consumo de corrente, este aparelho é muito simples, fácil de montar e de baixíssimo custo, quando comparado aos equipamentos equivalentes à venda no comércio especializado.

A sensibilidade do circuito permite sua operação com a maioria dos captadores usados nos instrumentos musicais, mas se houver dificuldade de excitação pode ser usado um amplificador externo ou aumentar o ganho do circuito com a troca de alguns componentes.

 

 

O CIRCUITO

 

O sinal do captador do instrumento é aplicado à base de Q1, que funciona na configuração de emissor comum, com o ganho basicamente dado pelo resistor R2.

O transistor BC549 é de alto ganho e apresenta baixo nível de ruído, de modo que, em caso de necessidade, R2 pode ser aumentado até 2M2 ou mais para se obter maior sensibilidade.

O sinal retirado do coletor deste transistor passa então por uma rede de capacitores que determina a frequência de corte do efeito.

Para os dois capacitores de menor valor temos praticamente a passagem de sons agudos, de modo que teremos um efeito denominado "treble-boost", ou amplificação de agudos.

O sinal dos capacitores é levado a uma nova etapa transistorizada em emissor comum, onde existe um controle de polarização de base ajustável.

Este controle leva o transistor a operar em diversos pontos de sua curva característica, introduzindo assim as deformações que resultam no efeito, como vemos na figura 1.

 

Figura 1 – Pontos de polarização
Figura 1 – Pontos de polarização | Clique na imagem para ampliar |

 

 

À medida que o cursor do potenciômetro se desloca para o lado do terra, temos a redução da corrente de base e, portanto, o deslocamento para a região linear do ponto de operação do transistor.

Nestas condições, a deformação se reduz cada vez mais até obtermos uma reprodução quase que fiel do sinal original.

Por outro lado, quando deslocamos no sentido oposto o cursor, o transistor sai da região linear e o sinal sofre uma deformação cada vez mais acentuada, que é o desejado para o efeito.

Um novo corte das frequências harmônicas mais baixas, e mesmo atenuação do fundamental, é obtido em nova rede de capacitores, alterando mais a forma de onda do sinal que é retirado do coletor do transistor Q2.

Este sinal é finalmente aplicado num controle de intensidade que consiste num potenciômetro de100 k.

Como se trata de um projeto que opera com sinais de baixa intensidade com grande amplificação, todas as precauções devem ser tomadas com a blindagem dos fios.

O aparelho deverá ser instalado, preferivelmente, em caixa de metal devidamente aterrada.

 

 

MONTAGEM

Na figura 2 temos o diagrama completo do aparelho.

 

Figura 2 – Diagrama do aparelho
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A placa de circuito impresso é mostrada na figura 3.

 

Figura 3 – Placa para a montagem
Figura 3 – Placa para a montagem | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Os transistores devem ser, de preferência, os BC549 ou BC239 que apresentam maior ganho e menor nível de ruído.

Em último caso os BC548 ou BC238 podem ser usados, mas não devemos, entretanto, aumentar R2 para obter maior ganho.

Os capacitores são cerâmicos ou de poliéster, exceto C1 e C10, que são eletrolíticos para 12 V ou mais.

Os valores destes capacitores também não são críticos, podendo ficar entre 22 uF e 220 uF

Os resistores são de 1/8 ou ¼ W com 5 ou 10% de tolerância.

Jaques de entrada e de saída de acordo com os cabos e com o instrumento devem ser previstos.

Os cabos devem ser blindados com as malhas ligadas a um ponto comum.

Na figura 4 temos uma alternativa para colocação de uma chave de acionamento por pedal que introduz o efeito com seu pressionamento.

 

 

   Figura 4 – Uso de pedal
Figura 4 – Uso de pedal

 

 

A alimentação vem de uma bateria de 9 V, para a qual deve ser previsto o conector.

O acesso aos controles é feito pelo painel da caixa onde são fixados os potenciômetros.

P1, que controla o tipo de efeito ou distorção, deve ser linear, enquanto que P2, que controla a intensidade do efeito, deve ser logarítmico.

A chave S1 é rotativa de 2 polos x 4 posições e deve ficar em local acessível.

Podemos graduar sua escala de 1 a 4, correspondendo o 1 aos capacitores de maior valor com a indicação de “graves" e o 4 à posição de “agudos".

 

Prova e Uso

Para realizar um teste, intercale o aparelho entre uma guitarra e a entrada de um bom amplificador.

Depois, acione o interruptor geral; selecione uma posição da chave S2 e abra o volume em P2,

Tocando o instrumento, ajuste P1 para se obter o efeito desejado.

O nível de som deve ser controlado tanto no amplificador como em P2.

Se houver roncos verifique as blindagens dos fios.

Se o ganho for pequeno talvez será necessário alterar R2 ou então utilizar um pré-amplificador apropriado.

 

Q1, Q2 - BC549 ou equivalentes transistores NPN de baixo ruído e alto ganho

B1 – 9 V - bateria

S1 - chave rotativa de 2 polos x 4 posições

S2 - interruptor simples

Cl - 47 uF X 12 V - capacitor eletrolítico

C2 – 47 nF - capacitor de poliéster ou cerâmica

C3 – 33 nF - capacitor de poliéster ou cerâmica

C4, C9 – 22 nF - capacitor de poliéster ou cerâmica

C5 – 1o nF - capacitor de poliéster ou cerâmica

C6 – 120 nF - capacitor de poliéster ou cerâmica

C7 – 100 nF - capacitor de poliéster ou cerâmica

C8 – 56 nF - capacitor de poliéster ou cerâmica

C10 – 100 uF x 12 V - capacitor eletrolítico

P1 – 1 M - potenciômetro linear

P2 – 100 k - potenciômetro log

R1, R7 – 100 k - resistores (marrom, preto, amarelo)

R2 - 1M2 - resistor (marrom, vermelho, verde) - ver texto

R3 - 6k8 - resistor (azul, cinza, vermelho)

R4 - 82k - resistor (cinza, vermelho, laranja)

R5, R6 – 10 k - resistores (marrom, preto, laranja)

Diversos: placa de circuito impresso, caixa para montagem, conector para bateria, knobs para os potenciômetros, fios blindados, jaques, parafusos, porcas etc.

 

 

 

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N° do componente 

(Como usar este quadro de busca)