Um dos principais problemas dos controles de potência que usam SCRs e Triacs é a produção de interferências na faixa de radiofrequência em vista da comutação rápida. Com o circuito apresentado, o controle de cargas pequenas pode ser feito sem esse problema, já que se utiliza um transistor de potência de alta tensão como reostato.
Pequenos motores como os de ventiladores, barbeadores etc. podem ser controlados por este circuito que não faz uso de SCR nem de triac, não havendo, portanto, o incômodo problema da interferência por comutação que pode afetar aparelhos de som (receptores) e de TV.
O circuito se baseia num BU208 que tem uma tensão máxima coletor/emissor de 700 volts e que, portanto, também pode ser empregado na rede de 220 V.
A capacidade de corrente, entretanto, é baixa, pelo que não se recomenda a utilização de cargas de mais de 30 watts.
O transistor tem baixo ganho, o que exige uma boa potência de excitação na base ou então, se o leitor preferir, a troca por outro de maior ganho.
COMO FUNCIONA
Como os transistores só podem controlar a corrente que flui num sentido, utiliza-se uma ponte de diodos de modo a garantir o controle de onda completa, conforme sugere a figura 1.
Desta forma, garante-se a circulação dos dois semiciclos pelo motor, se bem
que no mesmo sentido.
Para polarizar a base do transistor é usado um divisor com potenciômetro, alimentado por uma baixa tensão obtida do transformador T1.
Esta baixa tensão também ó retificada e filtrada de modo a haver o funcionamento do sistema como reostato.
Eventualmente o resistor R1 e o potenciômetro devem ser reduzidos para se ter a excitação do transistor. Lembramos que, neste caso, o resistor deve ser de pelo menos 1W e o potenciômetro de fio.
Os diodos retificadores da ponte devem ter tensão inversa de pico de acordo com a rede local, ou seja, 200 V se a rede for de 110 V ou 400 V se for de 220 V.
O 1N4007 serve para as duas redes.
Para o setor de baixa tensão podem ser usados os mesmos da série a partir do 1N4002.
O transformador deverá ter um enrolamento secundário de 100 mA ou mais.
Lembramos que o circuito não é isolado da rede, o que significa que devem ser tomadas precauções contra eventuais choques.
MONTAGEM
Na figura 2 damos o circuito completo do controle.
Na figura 3 temos a placa de circuito impresso sobre a qual já pode ser fixado o radiador de calor do transistor.
Na montagem os cuidados são os normais, observando-se apenas que as trilhas condutoras das correntes principais devem ser mais largas.
Se o aparelho for utilizado na rede de 220 V o transformador deve ter enrolamento primário para esta tensão. Recomenda-se a instalação da unidade em caixa plástica com o dissipador do lado de fora.
PROVA E USO
Para prova utilize sempre motores ou cargas de pequena potência, dentro da capacidade de controle da unidade.
Um ventilador pequeno, barbeador ou lâmpada de até 25 watts pode ser empregado.
Se não houver controle total, ou seja, se não for conseguida máxima potência, então o resistor R1 e o potenciômetro P1 devem ser reduzidos. Outra possibilidade consiste em usar um transistor de maior ganho.
Alguns transistores de potência de alta tensão:
Q1 - BU208 ou equivalente (ver tabela)
D1, D2 - 1N4002 - diodos de silício
DS, D4, D5, D6 - 1N4007 - diodos de silício (ou equivalentes)
C1 - 1 000 ,uF x 16 V - capacitor eletrolítico
F1 - 1A - fusível
T1 - Transformador com primário de acordo com a rede local e secundário de
6 + 6 V x 100 mA ou mais
R1 - 470 ohms x 1W - resistor (amarelo, violeta, marrom)
P1 - 1k ou 470 ohms potenciômetro de fio
S1 - Interruptor simples.
Diversos: radiador de calor para Q1, placa de circuito impresso, cabo de alimentação, suporte para fusível, parafusos, fios, caixa para montagem etc.
