Já faz algum tempo que escrevi este artigo (veja data no seu final) ele é bastante atual, pois utiliza componentes de baixo custo e fácil obtenção. Como se trata de circuito simples, ele é indicado aos iniciantes, estudantes de cursos técnicos e tecnologia, pois oferece resultadosimediatros bastante interessantes. O circuito imita o som de uma guitarra de brinquedo com alguns efeitos especiais, sendo as notas mudadas pelo movimento de uma alavanca. Poderíamos até dizer que se trata de um "teremim manual", pelo que aparenta. Uma sugestão de montagem de um brinquedo.

Este projeto é indicado aos que gostam de música (ou muito barulho) consistindo numa montagem muito interessante: trata-se de um instrumento musical que lembra uma guitarra mas que produz sons de um sintetizados por um oscilador possuindo ainda um efeito de trêmulo. Evidentemente, como se trata de aparelho experimental, o som não pode ser considerado perfeito, mas com alguma prática podemos até tirar música deste instrumento que pode cobrir várias oitavas.

A guitarra que descrevemos é um brinquedo musical com algumas limitações impostas pelo reduzido número de componentes usados e pela configuração simples que, por outro lado, facilita sua realização prática pelos iniciantes. No entanto, a idéia de um oscilador controlado por uma alavanca pode ser expandida para um instrumento mais avançado, inclusive com timbres mais ricos como os obtidos de CIs dedicados existentes para esta finalidade.

O importante desta montagem é que união do aprendizado das técnicas de montagens eletrônicas com a prática da música o que pode ser muito interessante entre os jovens.

Apesar da simplicidade, entretanto, o projeto que descrevemos possui alguns recursos interessantes como, por exemplo, o interruptor de acionamento que ao ser mantido pressionado pode fazer o prolongamento da nota. Por outro lado, este prolongamento acompanhado do movimento rápido do cursor que muda a nota, produz o efeito de trêmulo.

O trêmulo é o efeito muito usado nas guitarras havaianas em temos a modulação de uma nota em frequência, diferente da modulação em amplitude que caracteriza o vibrato.

O aparelho pode ser montado numa base de madeira grossa ou caixa, cujo formato imita uma guitarra, destacando-se a haste que movimentada, leva a produção da nota desejada. Esta caixa é mostrada na figura 1.

 

Sugestão de montagem da guitarra diferente.
Sugestão de montagem da guitarra diferente.

 

Com habilidade, o músico aperta o botão e movimenta a haste no sentido de obter a nota desejada. O aparelho tanto pode ser alimentado por pilhas numa versão totalmente portátil, como a partir de fonte de alimentação.

 

COMO FUNCIONA

A base do circuito é um oscilador que, para maior simplicidade se baseia no conhecido transistor unijunção. Este oscilador produz os sinais de baixas frequências que correspondem às notas musicais que devem ser executadas.

Para termos toda a faixa desejada de sons, dois componentes são importantes: o capacitor C2 que dá a frequência média do oscilador e P1 que ajusta esta frequência. Com a escolha apropriada desses dois componentes podemos varrer de duas a três oitavas da escala musical, se bem que para um brinquedo uma escala já seja suficiente para se poder tirar alguma música.

Um segundo ajuste é feito por meio de P2 que, ligado em série com P1 faz a limitação ou expansão da faixa de sons que podem ser produzidos.

O sinal obtido na saída deste oscilador tem uma intensidade muito pequena. Assim, para termos a reprodução num alto-falante usamos duas etapas de amplificação com transistores.

O primeiro transistor é um BC548 ou equivalente, trabalhando com sinais mais fracos. O segundo é um transistor de potência, que pode ser o BD136 ou equivalente, em cuja saída temos um sinal com intensidade suficiente para excitar um alto-falante.

Uma saída para um amplificador externo pode ser prevista, caso o leitor deseje fazer "muito barulho" com seu instrumento musical.

Um alto-falante de 5 ou 10 cm já proporciona bons resultados na reprodução dom, devendo sua escolha ser feita em função da base de montagem, ou ainda se for usada uma pequena caixa acústica externa.

 

MONTAGEM

Começamos por mostrar a parte mecânica que tem na caixa o seu elemento principal. Se o leitor não tiver recursos ou habilidade para um trabalho de carpintaria mais delicado, pode fazer uma versão mais simples com uma caixa retangular de madeira aproveitada de algum tipo de embalagem, conforme mostra a figura 2.

 

Versão mais simples da guitarra.
Versão mais simples da guitarra.

 

Na figura 3 mostramos o diagrama completo do aparelho.

 

Diagrama completo da guitarra.
Diagrama completo da guitarra.

 

Como são usados poucos componentes e a montagem não é crítica, os iniciantes podem fazê-la com base numa ponte de terminais que é mostrada na figura 4.

 

Montagem da guitarra numa ponte de terminais.
Montagem da guitarra numa ponte de terminais.

 

Para os que desejarem uma versão mais compacta e melhor montada temos na figura 5 a disposição dos componentes com base numa placa de circuito impresso.

 

Placa de circuito impresso da guitarra.
Placa de circuito impresso da guitarra.

 

O transistor unijunção não admite equivalentes nesta montagem e assim como os demais possui posição certa para a ligação. Se algum transistor for invertido o aparelho não funcionará.

O potenciômetro P1 é do tipo comum linear e seu valor não é crítico podendo ser usados tipos de 47k ? a 100k ?, dependendo da faixa de sons que será coberta. Observe com a tenção a ordem de ligação dos fios deste componente para que a escala musical não fique "invertida". P2 é um trim pot comum, mas nada impede que também seja usado um potenciômetro.

Os resistores são todos de 1/8W ou maiores e os capacitores C1 e C3 são eletrolíticos com uma tensão mínima de trabalho de 6V.

O capacitor C2 pode ser de poliéster ou cerâmico e seu valor vai determinar se o instrumento toca mais grave ou mais agudo. Valores menores que os indicados tornam o som mais agudo e valores maiores tornam o som mais grave. Valores entre 22 nF e 220 nF podem ser experimentados.

S1 e S2 são interruptores de pressão (tipo botão de campainha) dando-se preferência aos tipos mais moles para não exigir muito esforço do músico. S3 é um interruptor simples que serve para ligar e desligar o aparelho.

O suporte deve ser de acordo com o tamanho das pilhas que podem ser pequenas ou médias.

 

PROVA E USO

Coloque as pilhas no suporte e fixe a haste (que pode ser de madeira ou mesmo uma régua de plástico) em P1.

Ligue o interruptor S3 e aperte S2 mudando de posição ao mesmo tempo P1. Procure verificar os sons reproduzidos ajustando posteriormente P2 para que a faixa de sons seja a desejada. Se houver algum tipo de problema em se conseguir esta cobertura, altere o valor do capacitor C2.

Experimente o efeito de trêmulo, apertando ao mesmo tempo S1 e S2 (S1 deve ser mantido apertado por mais tempo).

Se quiser mudar o efeito, altere o valor de C1.

Os seguintes problemas podem ocorrer:

* Falta de som - verifique a posição de Q1. Ligue um amplificador entre R1 e C2 de modo a verificar se o circuito oscila.

* Falta de amplificação - verifique a ligação de Q2 e Q3. Se Q3 esquentar demais, reduza o valor de R4 e ao mesmo tempo teste o transistor. Se o problema persistir, troque Q2 ou mesmo Q3.

* Som falha - verifique a existência de maus contactos ou soldas frias. Finalmente, verifique o próprio potenciômetro P1 que pode estar com problemas de contacto (arranhando).

 

Completada a verificação, é só usar o instrumento. Para isso, a nota deve ser tocada pressionando-se S2 e ao mesmo tempo colocando a haste de controle de P1 na posição que corresponde a esta nota.

 

Semicondutores:

Q1 - 2N2646 - transistor unijunção

Q2 - BC548 ou equivalente - transistor NPN de uso geral

Q3 - BD136 ou equivalente- - transistor PNP de média potência


Resistores: (1/8W, 5%)

R1 - 4,7 k ? - amarelo, violeta, vermelho

R2 - 470 ? - amarelo, violeta, marrom

R3 - 220 ? - vermelho, vermelho, marrom

R4 - 1 k ? - marrom, preto, vermelho

P1 - 100 k ? - potenciômetro simples

P2 - 47 k ? - trim pot


Capacitores:

C1 - 47 µF/12V - eletrolítico

C2 - 47 nF - cerâmico ou poliéster

C3 - 100 µF/12V - eletrolítico


Diversos:

S1, S2 - Interruptores de pressão NA

S3 - Interruptor simples

FTE - 4/8 ? x 10 cm - alto-falante

B1 - 6V - 4 pilhas pequenas ou médias

Ponte de terminais ou placa de circuito impresso, caixa ou base de madeira, suporte de pilhas, botão com haste de madeira ou plástico para o potenciômetro, fios, solda, etc.

1997