Esse era o nome de um dos primeiros livros que li, quando ainda era muito jovem e me interessava tanto pela eletrônica como pela astronomia. Lá nos anos 60, o filme Guerra dos Mundos e as estórias de Orson Wells sobre a invasão de criaturas de Marte me fizeram procurar saber mais sobre o Planeta Marte. E desde então, a imagem de Marte mudou muito com descobertas que mudaram muito nosso conhecimento sobre aquele planeta.

O interesse da humanidade por Marte vem de longe. Podemos dar tomar como ponto de partida o astrônomo Schiaparelli que, no século 19, apontando seu telescópio para o planeta Marte viu algo que ninguém tinha antes tinha visto.

De fato, tendo montado um poderoso telescópio, e fazendo observações de Marte por horas seguidas, o astrônomo notou que Marte apresentava linhas incrivelmente retas que pareciam ter sido criadas por criaturas inteligentes.

 

Seriam canais feitos por criaturas desesperadas de uma civilização atormentada pela falta de água, num planeta que estaria secando.

 

Um dos seus seguidores mais fervorosos foi Percival Lowell que chegou a publicar um mapa de Marte em 1905 com os canais, aos quais atribuiu nomes.

 

 

Figura 1 – Desenho dos canais de marte de Lowell de 1905 (imagem Internet)
Figura 1 – Desenho dos canais de marte de Lowell de 1905 (imagem Internet) | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Marte é habitado!

 

Logo a ideia correu o mundo e o interesse por Marte se multiplicou, fazendo com que as pessoas, repentinamente, se dessem conta de que talvez não sejamos únicos no universo.

 

Figura 2 – Lowell no observatório que leva seu nome
Figura 2 – Lowell no observatório que leva seu nome

 

 

Diversos grupos de pesquisadores, amadores e profissionais, começaram a apontar seus telescópios para Marte, tentando descobrir algo. Filmes, livros e programas de rádio começaram a aparecer tratando de possíveis criaturas que estariam prestes a nos dominar ou destruir.

Naquela época, tinha amigos especialmente interessados em Marte, um deles até autor de livro sobre o assunto, um conhecido professor universitário que criou um grupo de pesquisas. O professor Flávio Augusto Pereira (http://biografiaufologos.blogspot.com/2006/04/flvio-augusto-pereira-nasceu-em-19-de.html) talvez tenha sido um dos maiores contribuidores para as pesquisas na época. Era um “expert” em Exobiologia, como se chamava o estudo da vida fora da terra. Hoje, de uma forma mais ampla também chamamos de Astrobiologia, havendo cursos, inclusive na USP ( https://www.docsity.com/pt/astrobiologia-uma-ciencia-emergente/4937121/ )

Mas, o tempo mostrou que a ideia de canais era apenas uma ilusão de óptica, explicada pela deficiência dos telescópios de então e que, na verdade, se bem que Marte tenha um clima muito hostil, as possibilidades de vida eram mínimas.

E, agora em nossos tempos, com a possibilidade de enviarmos sondas até lá, talvez brevemente pessoas, saber realmente o que há em Marte, e se um dia existiu a possibilidade de haver vida naquele planeta é um dos maiores desafios que encontramos.

Por que tanto interesse em saber se há ou houve vida em Marte?

A terra é o único planeta habitado que conhecemos. Ainda não encontramos vida fora da terra. Assim, fica muito difícil para os cientistas ter uma ideia de como seria uma vida fora de nosso planeta, se não temos um exemplo para comparar.

Mais do que isso. Se não encontramos outra forma de vida fora de terra, mesmo que tenhamos certeza de que ela é possível, não temos nenhuma prova disso.

Marte é importante para nos ajudar a descobrir o que seria a primeira forma de vida extraterrena pelas suas condições físicas.

 

Como é Marte?

Marte tem aproximadamente 6 500 km de diâmetro, ou seja, metade do diâmetro da terra o que significa um volume quase 8 vezes menor do que o nosso planeta. No entanto, ele maior do que a nossa Lua e com isso tem a capacidade de reter uma tênue atmosfera.

A presenta de uma atmosfera já é um fator importante para um planeta poder abrigar alguma forma de vida.

Outro ponto importante está na temperatura. Marte está a 225 milhões de quilômetros do sol. Um pouco mais longe do que a terra que está a 150 milhões de quilômetros. Com isso ele recebe um pouco menos de calor, fazendo com que a temperatura durante o dia nas suas regiões equatoriais mal passe dos 15 graus, e a noite caia para 40 ou 50 graus abaixo de zero.

A presença da atmosfera e de uma temperatura em que a água possa existir em estado líquido são elementos fundamentais para um planeta abrigar alguma forma de vida. Mas, aí entra o problema principal. A água.

Pelo que se descobriu até agora, a atmosfera de Marte, que seria como a da terra a 20km de altura em termos de pressão, formada principalmente de gás carbônico, seria também extremamente seca. A quantidade de água detectada é mínima.

Todo o oxigênio que um dia possa ter existido livre na atmosfera de Marte reagiu com as rochas, dando a cor de ferrugem ou avermelhada que caracteriza aquele planeta quando o observamos por um telescópio.

 

Figura 2 – A cor avermelhada
Figura 2 – A cor avermelhada

 

 

E agora? Fica difícil detectar alguma forma de vida que possa viver na superfície de Marte. Sem água e com amplitudes térmicas enormes, não seria nada fácil sobreviver.

Mas, existem possibilidades interessantes que as sondas que enviamos até o Planeta vermelho e que estão sendo analisadas. Elas levam o que denominamos “biossensores”.

A presença de qualquer organismo vivo produz reações que químicas que podem ser detectadas. Por exemplo, se um micro-organismo cair numa solução nutriente ele se reproduz provocando transformações que podem ser detectadas.

A solução pode mudar de condutividade elétrica, pode se tornar turva ou mudar de cor; Experimentos desse tipo seriam simples. Abre-se um recipiente com a solução quando a sonda estiver em Marte e monitora-se uma das características que pode mudar.

Se isso ocorrer, é porque algum micro-organismo foi “capturado” e, portanto, existe vida em Marte!

Evidentemente, existem diversas outras formas de se detectar vida, como mostra a figura 3. Podemos usar recursos ópticos, eletromecânicos, piezoelétricos e muito mais.

 

Figura 3 – Biossensores
Figura 3 – Biossensores

 

 

No caso da alteração da solução, se isso ocorrer, é porque algum micro-organismo foi “capturado” e, portanto, existe vida em Marte!

Mas, pelas condições extremas de Marte, a vida pode não estar presente na sua superfície o que dificultaria sua detecção.

Assim, as sondas atuais estão indo além. Marte poderia ter água no passado e até hoje elas ainda estarão presentes em pequenas quantidades, retidas e poços e bolsa profundas onde havia calor retido pelo solo.

Essas bolsas ou lagos subterrâneos poderiam reter algum tipo de vida. É o que as sondas estão pesquisando, procurando por aberturas nas rochas que podem levar a esses lagos ou mesmo, cavando em busca de umidade, que poderia indicar algo diferente no subsolo.

Enfim, há muito por pesquisar em Marte, e pela sua proximidade de terra, poderia servir de base para experimentos que poderíamos aplicar a outros planetas e mesmo satélites.

As luas de Júpiter, se bem que mais longe, são corpos celestes bastante promissora no que se refere a possibilidade de vida. Io, por exemplo, tem tamanho suficiente para reter uma atmosfera (4 000 km) e está coberta por uma camada de gelo.

Especula-se que sob essa camada de gelo haveria a possibilidade de encontrarmos um oceano líquido que abrigaria formas de vida, sabe-se lá de que tipo.

 

Figura 4. Vida nas luas de Júpiter – Europa, a principal candidata
Figura 4. Vida nas luas de Júpiter – Europa, a principal candidata | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Vamos explorar Marte?

Para os professores e estudantes, trabalhos que envolvam astronomia, robótica e eletrônica podem significar um interessante desafio. Feiras, concursos e trabalhos podem ser idealizados com facilidade.

Damos a seguir algumas ideias de trabalhos e desafios que você pode usar para tornar suas aulas muito mais interessantes.

 

a) Biossondas

Prepare uma solução nutriente e a separe em dois frascos. Num deles coloque uma tampa de modo que não seja possível a entrada de ar. Na outra, lance algum tipo de impureza natural, como um pouco de terra. Aguarde alguns dias e veja como se torna turva. Use um medidor de transparência (ART) para medir a mudança de turbidade. (Veja artigo)

Nota: ao colocar no frasco que deve ficar vedado, faça-o a quente para qualquer micro organismo presente no ar não contamine a solução.

 

b) Robô explorador

Monte um robô muito simples com uma caixinha de redução, projetando-o de modo que ele possa se mover numa superfície acidentada como a de Marte (veja maquete).

 

c) Um telescópio caseiro

Monte um telescópio com lentes caseiras. Identifique no céu noturno Marte e faça suas observações.

 

d) Maquete da superfície de Marte

Faça uma maquete da superfície acidentada de Marte.

 

e) Maquete de uma colônia de humanos em Marte

 

Figura 5 – Colônia em Marte – Brinquedo da Amazon
Figura 5 – Colônia em Marte – Brinquedo da Amazon | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Monte uma maquete de uma colônia em Marte incluindo a fonte de energia solar, banco de capacitores, gerador de oxigênio, cultura de vegetais e iluminação.

 

 

 

 

 

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