Este artigo foi publicado originalmente na década de 90, quando então usávamos pseudônimo, conforme já relatamos em artigos deste site. O artio dá algumas dicas de reparação.

Em breve, passaremos a publicar relatos dos colaboradores fixos e também dos leitores. Convidamos os técnicos reparadores a nos contarem suas experiências na descoberta e eliminação de defeitos em rádios, televisores, amplificadores, transmissores, videocassetes, sistemas de som portáteis, etc.

Os relatos serão analisados pela redação e os melhores, publicados.

 

  1. Recebi em minha oficina um tele- visor Philco, modelo PC-2003, chassi nº CPH-01, que apresentava um defeito “interessante” no setor de som.

Estabelecida a alimentação no aparelho, o som saía distorcido e com um volume abaixo do normal. Em seguida, o som ia sumindo a ponto de tornar-se inaudível.

Como ocorre nestes casos, a primeira suspeita foi de que algum capacitor eletrolítico estava com problema. Analisando o diagrama (fig.1), pensei inicialmente em C414 e 6411.

 

Evidentemente, se houvesse abertura ou curto em C413, o problema não seria igual; entretanto, em curto certamente teríamos a queima de R417, que constatei estar bom. Se o capacitor em questão estivesse aberto, poderia ocorrer alguma distorção e perda de volume, mas não no nível constatado.

Testei os capacitores suspeitos: eles estavam normais.

Para ter certeza de que o defeito estava nesta etapa, injetei um sinal na base de Q401, sendo o sinal reproduzido com os problemas indicados.

Passei então a medir as tensões nos elementos do circuito; anomalias de tensão poderiam indicar componentes de polarização ou transistores com problemas. Este procedimento (testar antes os capacitores e depois os elementos de polarização) é bastante importante neste tipo de defeito, pois distingue nitidamente a possível origem da falha.

Medindo as tensões do circuito com um multímetro (com sensibilidade de 1 kohm/V), constatei que na base de Q4002 (onde deveria haver 34,2 V) havia aproximadamente 11 V. Testei também a alimentação (é mais do que evidente...); B3 estava com os 118 V indicados no diagrama, atestando que o problema não era de alimentação.

Depois disso, verifiquei os resistores de polarização do transistor Q402, que poderiam estar alterados. De fato, ao medir R416 (que deveria ser de 10 k), encontrei uma resistência acima de 100 k, indicando que este componente estava em aberto. Feita a troca deste resistor, o televisor voltou a ter o som no volume normal.

Está claro que, sem a polarização de base, o circuito de saída de áudio não poderia funcionar corretamente. Sem esta polarização não haveria corrente de emissor em Q402 e s polarização de C403 também seria deficiente, causando não só a forte distorção como a perda de volume.

Lembramos que, num amplificador de áudio deste tipo (simetria complementar na saída - (Veja figura abaixo), os dois transistores trabalham “equilibrados” e qualquer problema de polarização num ,deles afeta também o outro.

Cada transistor amplifica meio ciclo do sinal de áudio, carregando e descarregando o capacitor eletrolítico através do alto-falante ou do enrolamento primário de um transformador de saída (o caso deste circuito).

Instrumentos utilizados na reparação:

Multímetro de 10 k/V.

Injetor de sinais.