Esta estória do prof. Ventura foi escrita em 1994 e nunca foi publicado. O leitor está recebendo-a em primeira mão. Divirta-se pois é muito engraçada, tendo sido baseada num conto de John. T. Frye, da década de 1970, que escrevia estórias interessantes em que os dois personagens, Carls e Jerry equivalentes dos nossos Beto e cleto, inventavam coisas interessantes de eletrônicas, com resultados nem sempre interessantes..

 

 

Pode um Fordinho 1934 correr a mais de 130 quilometros por hora? Se você acha que isso é impossível é porque não tem idéia do que são capazes os recursos eletrônicos do professor Ventura e de seus alunos Beto e Cleto. Nessa aventura você vai se divertir com as travessuras de uma Super-Máquina dos velhos tempos que consegue enganar um guarda rodoviário e seu radar, registrando uma velocidade muito maior do que a real.

A cena era constrangedora: o impassível policial rodoviário Oliveira com o pé direito sobre a roda dianteira do velho Fordinho 1934 do Zé Matias, dava-lhe uma tremenda "bronca" por atrapalhar o transito da principal rodovia, obrigando os outros veículos a manobras e freadas bruscas.

Também pudera; o velho fordinho, com seus mais de 70 anos de serviço, não dava mais do que 40 quilometros por hora no plano e mesmo nas descidas dificilmente passava dos 60 sem o perigo de se desmontar deixando "um monte" de peças pela estrada!

- Tenho multado muita gente por excesso de velocidade, e você sabe que eu não perdôo, mas infelizmente não posso multar por "falta de velocidade", o que também não significa que eu devo tolerar que você atrapalhe o trânsito... - O guarda Oliveira estava nervoso. O Zé Matias, quieto, apenas ouvia, submisso como toda pessoa simples, que quer evitar problemas...O guarda continuou:

- Infelizmente, se você atrapalhar mais o trânsito da rodovia com essa sua, sua "viatura", serei obrigado a "recolhê-la"!

A idéia de perder seu fordinho 1934, apelidado carinhosamente de “Maricota”, não passava pela cabeça do Zé Matias. Seria o "fim do mundo" para o pobre transportador de coisas. Para todos, a caminhonete não era simplesmente de seu meio de vida, transportando objetos e pequenas mudanças na cidade e até para as cidades vizinhas, mas muito mais que isso, uma amiga sentimentalmente ligada a ele por mais de 60 anos, pois segundo se comentava. ele "quase" a adquirira "zero quilometro"...

Depois de pedir desculpas ao guarda e prometer que não "atrapalharia" mais o trânsito, Zé Matias afastou-se com a velha caminhonete pipocando, aparentemente dando tudo que podia, para mostrar que andava rápido apesar da idade. Não passava entretanto dos 30 quilometros por hora!

Poderíamos dizer que este incidente nada tem a ver com a tecnologia se o Professor Ventura, Beto e Cleto não tivessem sido testemunhas do ocorrido.

- Que coisa feia! O guarda não devia humilhar assim o pobre Zé Matias! Não podemos deixar a coisa assim!... - Beto com as mãos na cintura transpirava um ar de revolta.

- Mas, o que fazer? Não podemos chegar ao guarda Oliveira (que já me multou pelo menos uma vez...) e colocar-lhe o dedo no nariz dizendo que não pode fazer isso... - Cleto tinha razão, mesmo sendo extremamente zeloso de suas obrigações, o guarda era antipático! (talvez uma coisa fosse consequência da outra neste tipo de atividade!).

- Ele tem de respeitar a idade da velha "Maricota"! - completou Beto.

Ao lado, o professor Ventura quieto, tomava aquele ar bem conhecido de Beto e Cleto de quem estava "maquinando" alguma coisa. Os dois rapazes não se manifestaram. Sabiam que nessa hora não adiantava interromper os pensamentos do professor. Era melhor esperar um pouco e certamente ele viria depois com as novidades, quase sempre maquiavelicamente bombásticas! E foi justamente o que ocorreu mais uma vez:

 

- Tenho uma idéia que vai acabar com a pose do guarda! - O professor tinha chegado a um plano formado e pretendia explicá-lo aos rapazes!

Rapidamente os três foram para o laboratório do professor, não muito longe e depois de se acomodarem nas velhas poltronas passaram a ouvir mais uma idéia do professor:

- Começamos com uma pergunta: qual é o orgulho do Guarda Oliveira?

- O radar que detecta excesso de velocidade dos veículos na estrada! - Beto nem esperou o amigo pensar e já deu a resposta...

- Certo! - confirmou o professor - E é justamente ele que vai nos ajudar a pregar uma boa peça no guarda...

- ???

- Calma! Não vou queimá-lo com um Laser ou coisa parecida, se bem que isso seria a vontade de muitos que eu conheço...- O professor percebeu o ar de raiva dos rapazes.

- Eu explico: como funciona o Radar de Velocidade usado nas rodovias que basicamente tem mesmo sistema de outros tipos de radar, com a diferença de que pode medir a velocidade dos veículos?

- Pelo que sei, - disse Beto - trata-se de um Radar Doppler, ou seja, ele aproveita a variação de frequência que sofre um sinal de alta frequência ao se refletir num objeto em movimento e por esta variação mede sua velocidade. Como isso ‚ possível, ainda não compreendi bem e muito menos como podemos usar isso para vingar o Zé Matias...

- Muito bem, se eu explicar como funciona o Radar Doppler e o que eu pretendo fazer, os dois me prometem que vão me ajudar como plano? - O professor fazia uma espécie de chantagem, que certamente não era necessária: Beto e Cleto nunca deixariam de colaborar com o professor, principalmente nas coisas sempre interessantes que ele tinha em mente.

- Claro que sim! - responderam os dois.

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