Componentes passivos comuns como resistores, capacitores e indutores normalmente não são levados muito a sério na maioria dos projetos eletrônicos. Basta ter as especificações básicas como valor, tensão, dissipação, etc. e pronto. No entanto, não é bem assim. O maker precisa levar em conta algo mais e é justamente desse assunto que estaremos tratando neste artigo.
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Com o aumento da velocidade de operação dos circuitos, principalmente os que tratam de processamento e transmissão de dados, cada vez mais cuidados especiais com layout de placas e mesmo de especificações que se relacionem com alta frequência para os componentes se tornam importantes.
Uma trilha mais longa ou curva, um terminal comprido de um componente significa uma resistência ou uma indutância imprevista. Um terminal ou trilha próxima de outra significa uma capacitância adicional num circuito capaz de trazer problemas de funcionamento.
Microcontroladores que ressetam, contadores que contam aleatoriamente, sensores que falseiam resultados, sinais emitidos de forma indevida são alguns dos problemas que podem ocorrer com a simples inobservâncias de alguns pontos simples.
Um ponto que precisa ser observado com cuidado nos projetos é o que leva em conta uma propriedade importante dos capacitores que já tratamos em outros artigos de nossa autoria é a ESR.
ESR
ESR é o acrônimo para Equivalent Series Resistance ou Resistência Equivalente em Série.
O que ocorre é que existe uma diferença entre um capacitor ideal e um capacitor real, conforme mostra a figura 1.
Um capacitor ideal é um capacitor puro que não apresenta qualquer resistência em seus terminais e, portanto pode ser considerado como um valor de capacitância no cálculo de um circuito.
No entanto, um capacitor real possui terminais e mesmo num capacitor SMD existem pequenas conexões internas as armaduras que apresentam certa resistência.
Em série com a capacitância, essa pequena resistência (por menor que seja) forma um circuito RC, ou seja, um circuito tempo que pode afetar o funcionamento de um circuito.
Assim, em função de aplicação de um capacitor num circuito o projetista deve estar atento a ESR do capacitor, consultando o datasheet e eventualmente escolhendo o tipo ideal para sua aplicação para não ter problemas.
Por exemplo, um tipo de elevada ESR usado num desacoplamento de uma fonte ou de um componente pode não operar a tempo de cumprir sua função quando deve operar com um pulso de muito curta duração.
Num circuito de filtragem, ondulações ou pulsos podem não ser devidamente retirados do circuito e isso pose causar problemas de funcionamento.
Mas, a ESR do capacitor pode não atuar sozinha. A própria resistência de uma trilha numa placa de circuito impresso pode se somar a ela e as consequências se somam.
É por esse motivo que ao escolher um capacitor para um projeto devemos redobrar os cuidados em função do que eles vão fazer no circuito. É por esse motivo que os fabricantes possuem em suas linhas de produtos não apenas uns poucos tipos de capacitores, mas uma grande quantidade deles.
Na Mouser Electronics, ao digitar capacitor e encontrar uma infinidade de tipos, esteja atento a sua indicação de aplicação e no projeto seja cuidadoso com a colocação desse componente para que problemas posteriores não venham lhe trazer dores de cabeça.