A ideia de se estudar com a ajuda de máquinas e posteriormente computadores não é nova, vindo desde os anos 50. Máquinas de ensinar ou de aprender (Learning Machines ou Teaching Machines) estão em quase todas as publicações da época quando a eletrônica digital dava os primeiros passos e os computadores ainda estavam restritos aos grandes centros de pesquisas. Naquela época nós também nos aventuramos neste campo, projetando uma máquina de ensinar que despertou o interesse de fabricantes mas que apenas ficou no papel e em alguns protótipos que montamos. Veja neste artigo o nosso Cibertest, talvez a primeira máquina de ensinar brasileira.

A ideia de se ter a ajuda de máquinas ajudando as pessoas a aprender alguma coisa as Learning Machines ou Teaching Machines é antiga e na década de 50, 60 e mesmo depois as vemos em diversas publicações de todas as partes do mundo, conforme mostra a figura 1.

 

Figura 1 - Máquina de ensinar do século passado
Figura 1 - Máquina de ensinar do século passado

 

Nos anos 50, B. F. Skinner já tentava aplicar suas teorias na criação de sistemas de ensino automatizados. O sistema de instrução adapta-se ao progresso do aluno, percebendo como deve ser a lição seguinte após uma avaliação da anterior.

Muitos cursos que adotam a instrução programada (como fizemos na década de 70) ainda adotam suas ideias.

 

B.F. Skinner – psicologista e behaviorista autor de diversos livros e inventor
B.F. Skinner – psicologista e behaviorista autor de diversos livros e inventor

 

Na foto abaixo temos a máquina de ensinar de Skinner de 1954 que serviu de inspiração para nosso projeto.

 

Máquina de ensinar de Skinner
Máquina de ensinar de Skinner

 

Mas, foi nos anos 70 que trabalhando com um amigo, o Dr. Max Berezovsky (PN025) tivemos a ideia de criar uma máquina de ensinar totalmente nacional, a qual denominamos Cibertest.

Naquela não contávamos com microcontroladores ou computadores, e a eletrônica digital ainda não era suficientemente acessível em nosso país para o desenvolvimento de um projeto complexo.

Solucionamos o problema com um sistema lógico usando chaves e um sistema eletrônico de aviso e indicação dos passos que o estudante deveria dar no seu estudo usando a máquina.

Na foto abaixo temos então a foto do nosso protótipo que mantenho ainda hoje (funcionando) como recordação.

 

Protótipo do Cibertest
Protótipo do Cibertest

 

 

Como Funciona

A ideia básica e uma apostila com a teoria básica sequência não linear de fichas contendo perguntas e respostas organizadas de acordo com o grau de dificuldade do assunto estudado e com ramificações que contenham explicações, conforme um fluxograma de ações, como os usados em programas comuns de computador.

Quando a apostila indica que hora de se fazer a avaliação, a primeira ficha é colocada no aparelho e, através de um conjunto de chaves é programado o código correspondente, conforme mostra a figura que se segue.

 


 

 

Essa programação é dada pelo modo como as perguntas são formuladas e de acordo com o que uma resposta errada pode indicar em que o aluno tenha dúvida.

Se o aluno acerta, ele é levado a colocar a ficha seguinte. Conforme o erro, pode haver necessidade de um reforço ou ainda de uma ficha com uma pergunta sobre o mesmo assunto, mais fácil.

Uma vez colocada a ficha e feita a seleção do código, o aluno seleciona a alternativa nas chaves laterais.

Com isso, o circuito é temporizado e depois de algum tempo e depois disso, a indicação do que deve ser feito é dada pelas lâmpadas da direita.

Na versão original foram usadas chaves de pressão para as alternativas, chaves reversíveis para a programação do código e lâmpadas comuns de 5 V x 50 mA para a indicação. Na época os LEDs ainda não eram comuns.

O leitor pode ter uma ideia de como a montagem era trabalhosa, pela foto que mostra o aparelho por baixo.

 


 

 

O interessante é que, qualquer matéria pode ser ensinada pelo aparelho, bastando ter as apostilas e as fichas correspondentes.

Hoje isso pode ser feito facilmente num computador e até mesmo num tablet com o recurso da tela de toque.

Quem sabe o leitor não cria seu próprio programa de ensino e, mais que isso, pode empregar recursos de inteligência artificial.

E, quem saber, numa versão mais simples, pode empregar um microcontrolador como o Arduino. Vai o desafio e em breve faremos um vídeo de nosso protótipo funcionando.