Os Triacs são usados em dimmers, controles de velocidade de motores, controles de temperatura de eletr-eletrônicos e muito mais. Frequentemente, o praticante de eletrônica se depara com um aparelho que use um desses componentes, precisando testá-lo. Veja neste artigo como fazer isso. Este artigo é um exemplo do que o leitor vai encontrar na série Como Testar Componentes em 4 volumes do mesmo autor.
O que são
Triacs são dispositivos semicondutores da família dos Tiristores, constando basicamente de 4 camadas de materiais N e P. Por esse motivo, eles também são denominados "diodos de quatro camadas". Na figura 1 temos o símbolo, estrutura e aspecto desse tipo de semicondutor de potência.
Os Triacs são usados no controle de potência de circuitos ligados à rede de corrente alternada podendo ser considerados em equivalência a dois SCRs ligados em oposição e em paralelo, conforme mostra a figura 2.
O que testar
O teste estático dos Triacs leva em conta essa estrutura que, conforme podemos perceber, só nos permiote detectar quando existe algum tipo de curto-circuito entre os eletrodos.
O melhor para termos certeza de que um Triac está em bom estado é realizando um teste dinâmico. Para essa finalidade pode ser usado um circuito de prova simples ou um circuito de prova que faça uso do osciloscópio.
Instrumentos Usados
* Provador de continuidade
* Multímetro
* Circuito de prova
* Oscilioscópio e circuito de teste
Procedimento
Existem diversas técnicas para se testar um TRIAC de uso geral com correntes até ins 20 A. A seguir, descrevemos algumas delas.
a. Com o Multímetro e Provador de Continuidade
Usando um multímetro comum ou digital é possível detectar quando existe alguma junção em curto ou quando o próprio componente está em curto. Para essa finalidade fazemos o teste combinado de resistências entre os terminais.
Procedimento
a) Coloque o multimetro numa escala intermediária de resistências (x10 ou x100 se for analógico ou 2 000 ou 20 000 se for digital). Para o analógico zere-o antes de usar. Se usar o provador de continuidade coloque-o em condições de uso.
b) Meça a resistência entre seus diversos terminais.
A figura 3 detalha como esse teste deve ser realizado.
Interpretação da Prova
As resistências medidas são as esperadas, conforme indicado na figura. Neste caso, o Triac pode estar bom certamente não está em curto, pois a prova não revela se ele está aberto.
Onde existe indicado uma resistência alta é medida uma resistência muito baixa. Neste caso, o componente está em curto.
b. Com circuito de teste
A melhor maneira de se provar um Triac de modo a se ter a garantia total de que ele se encontra em bom estado é com o circuito mostrado na figura 4.
Os valores dos componentes indicados é para a rede de 110 V e entre parenteses para a rede de 220 V.
Triacs para essas redes com correntes até 20 A e disparo até uns 50 mA podem ser testados.
Para triacs de maior corrente de disparo, os componentes da rede de disparo devem ser alterados. Aumente o capacitor e reduz o valor do rsistor de comporta assim como do potenciômetro.
Procedimento
a) Identifique os terminais do Triac a ser provado e ligue-o no circuito de teste. Não será preciso usar dissipador de c alor no Triac se a lâmpada de prova tiver potência menor do que 60 W. Para lâmpadas maiores, um pequeno dissipador deve ser usado
b) Alimente o circuito observando a lâmpada. É importante observar que somente lâmpadas incandescentes devem ser usadas neste circuito de prova.
c) Pressione S1 observando o que ocorre com a lâmpada.
Observação
O circuito de teste não é isolado da rede de energia. Por isso tome muito cuidado para não tocar em nenhuma parte exposta ou deixá-la entrar em contacto com outros aparelhos na bancada.
Interpretação da Prova
Se a lâmpada acender tão logo o Triac seja colocado no circuito e este alimentado, é sinal de que ele se encontra em curto. Se a lâmpada não acender, aperte S1.
Ao apertar S1 a lâmpada deve acender com seu brilho normal. Deve apagar quando S1 for solto. Se isso não acontecer, permanecendo a lâmpada apagada quando S1 for pressionado, o Triac se encontra aberto.
c. Com Osciloscópio
Uma forma simples de testar um triac e ao mesmo tempo visualizar as formas de onda no seu circuito pode ser feita com um interrupor de potência usando poucos componentes, ligado a um osciloscópio, conforme mostra a figura 5.
Triacs com correntes de disparo até 50 mA podem ser testados. Desligando o resistor, a lâmpada deve apagada. Se permanecer acesa, o Triac se encontra em curto e se ao ligar o resistor, a lâmpada permanecer apagada, o Triac se encontra aberto.
A simulação no Electronics Workbench mostrada na figura dá uma idéia das formas de onda nesse circuito.
Procedimento
a) Monte o circuito indicando, ligando-o ao osciloscópio caso deseje visualizar as forma de onda. Cuidado com as conexões. Para maior segurança no teste, use um transformador de isolamento.
b) Ajuste o osciloscópio para ler sinais com a amplitude aproximada da rede local. A freqüência de varredura deve ser ajustada para se observar de 3 a 8 ciclos da tensão da rede de energia de 60 Hz. Se o osciloscópio for de simples traço, observe apenas a forma de onda no circuito de carga.
c) Ajuste a imagem para ficar como o indicado na figura 6 e atue sobre o potenciômetro para ver o ângulo de condução.
Na figura 6 temos as formas de onda normais para um Triac em boas condições e formas de onda para um Triac com problemas.
Interpretação da Prova
Com o resistor o Triac deve disparar conduzindo os dois semiciclos da tensão da rede e acendendo a lâmpasda com potência total. Se isso não ocorrer, o problema pode estar no Triac.
A prova vale para Triacs comuns da série TIC com correntes até uns 20 A, usados tanto na rede de 110 V (127 V) como 220 V (240 V).
Observação
Lembramos que existem componentes denominados "Quadracs" que já contém em seu interior o Diac associado, conforme mostra a figura 7. Esses componentes podem ser testados com o mesmo circuito. Uma outra possibilidade consiste em se montar um controle de potência para teste.