Explore a faixa de ondas curtas captando estações distantes e aprenda mais sobre rádio-recepção com este simples receptor transistorizado de boa sensibilidade. Com ele, estações de outros países podem ser captadas.
As emissões de radiodifusão na faixa de ondas curtas tendem a acabar, mas ainda existem grandes e potentes emissoras internacionais que fazem programas em diversos idiomas.
Captar estas estações não é apenas uma curiosidade, mas oferece a possibilidade de se treinar na compreensão de outros idiomas.
Emissoras dos Estados Unidos (VOA), Inglaterra (BBC), Alemanha (DW), Rússia e China podem ser captadas à noite quando a propagação dos sinais é mais favorável.
Neste artigo descrevemos a montagem de um sensível receptor de ondas curtas que pode captar estas estações, usando uma boa antena externa, por exemplo, um pedaço de fio de 5 metros a 40 metros estendido.
O circuito é alimentado por pilhas e tem a reprodução com bom volume num pequeno alto-falante.
Como Funciona
Na figura 1 temos o diagrama de blocos das diversas etapas deste receptor.
O primeiro bloco consiste numa etapa regenerativa que tem por base um transistor de alta frequência (RF) do tipo BF494.
Este transistor é ligado da forma indicada na figura 2.
Nesta etapa temos três bobinas enroladas num bastão único de ferrite.
A primeira bobina (L1) tem por finalidade acoplar os sinais da antena ao circuito receptor.
A segunda bobina (L3) faz a sintonia dos sinais da estação captada em conjunto com o capacitor variável CV.
O sinal sintonizado da estação que é uma portadora modulada de alta frequência é amplificado e parte dele é levada de volta ao circuito de entrada de modo a receber nova amplificação pelo transistor.
Quem faz o acoplamento dos sinais de volta é a bobina L2.
Em outras palavras o transistor recebe várias vezes o sinal a ser amplificado de modo a se obter um ganho muito alto.
É claro que isso tem de ser muito ajustado, para que uma realimentação excessiva não leve o transistor a oscilar, quando então não temos mais a amplificação.
Isso é conseguido com o ajuste da polarização feito em P2.
Depois de amplificado ao máximo o sinal é detectado pelo próprio transistor e uma componente de áudio aparece na saída do circuito.
Esta componente é então levada ao circuito amplificador de áudio que consiste no segundo bloco do circuito.
Na figura 3 mostramos como acrescentar um controle de volume ao circuito.
O circuito leva transistores em simetria complementar, o que garante bom volume e excelente qualidade de áudio.
Para alimentar o circuito temos o terceiro bloco, mostrado na figura 4, o qual consiste numa pequena fonte de alimentação.
É claro que, em lugar desta fonte podem ser usadas 6 pilhas, caso o leitor deseje que a unidade seja portátil.
Não recomendamos bateria de 9 V, pois o consumo é alto e ela duraria muito pouco.
Montagem
Na figura 5 temos o diagrama do receptor, sem a fonte.
A montagem pode ser feita na placa de circuito impresso com o padrão mostrado na figura 6.
Para os que tenham menos recursos de montagem, pode-se ter uma versão “pendurada” em uma ponte de terminais mostrada na figura 7.
Para esta versão, os terminais dos componentes devem ser mantidos os mais curtos possíveis.
O capacitor variável pode ser aproveitado de um rádio transistorizado fora de uso.
Cuidado para não usar variável de rádio FM, pois ele tem menor capacitância e não funcionaria bem neste circuito.
O valor do capacitor é importante para determinar a faixa de frequências que o receptor pode sintonizar.
As bobinas são enroladas num bastão de ferrite (que pode ser aproveitado de um radinho fora de uso) com fio esmaltado 26 ou 28 ou mesmo fio telefônico rígido (par trançado).
L1 consiste em 4 a 5 espiras. AO lado dela temos L2 formada por 2 espiras do mesmo fio e L3 tem 10 espiras com tomada na 3ª espira a partir do lado de terra.
Na figura 8 temos uma sugestão de caixa para a montagem.
Na montagem, observe a posição dos transistores e a polaridade dos capacitores eletrolíticos.
Prova e Uso
Ligue o receptor a uma antena.
Se possível, use uma antena externa, como a mostrada na figura 9, onde também temos a conexão à terra.
Ligando o receptor, atue sobre o variável e P2 até captar uma estação.
Faça o ajuste fino de P2 até obter a melhor recepção.
Se o circuito não oscilar em nenhum ponto do ajuste, inverta as ligações de L2 e repita os procedimentos anteriores.
Para cada estação sintonizada, os ajustes devem ser refeitos.
A melhor recepção é obtida à noite quando a propagação dos sinais de ondas curtas é melhor.
Q1 – BF494 – transistor NPN de RF
Q2, Q3 – BC548 – transistores NPN de uso geral
Q4 – BC558 – transistor PNP de uso geral
D1, D2 – 1N4148 – diodos de uso geral
L1, L2, L3 – bobinas – ver texto
FTE – 4 ou 8 Ω – alto-falante pequeno
CV – capacitor variável – ver texto
P1 – 1 k Ω – potenciômetro ou trimpot
P2 – 10 k Ω – potenciômetro ou trimpot
C1 – 1 nF – capacitor cerâmico
C2 – 33 pF – capacitor cerâmico
C3 – 10 nF – capacitor cerâmico
C4 – 10 µF x 16 V – capacitor eletrolítico
C5 – 220 pF – capacitor cerâmico
C6 – 220 µF x 12 V – capacitor eletrolítico
C7 – 100 µF x 12 V – capacitor eletrolítico
R1 – 120k Ω x 1/8 W – resistor – marrom, cinza, amarelo
R2 – 5k6 Ω x 1/8 W – resistor – verde, azul, vermelho
R3, R4 – 1 k Ω x 1/8 W – resistores – marrom, preto, vermelho
R5 – 47k Ω x 1/8 W – resistor – amarelo, violeta, laranja
Diversos:
Fonte de alimentação, placa de circuito impresso ou ponte de terminais, bastão de ferrite, antena, caixa para montagem, etc.