Este é um transmissor de pequenas dimensões que, instalado numa mesa, num vaso ou em algum objeto de decoração, capta as conversas (através de seu microfone sensível)transmitindo-as para um receptor nas proximidades.
O circuito e potente e seus sinais podem ser captados a mais de 500 metros de distância, tanto num receptor de FM comum como num receptor de VHF.
Vale a informação de que, operando na faixa de FM, temos maior probabilidade de que os sinais sejam captados por algum rádio comum e assim a escuta seja descoberta. Por este motivo, dá-se preferência à operação na faixa de VHF, para o que o operador deve ter um receptor apropriado.
A alimentação pode ser feita com tensões de 6 a 12 V, sendo que com maiores tensões temos maiores potências e por isso maior alcance.
Uma etapa amplificadora para o microfone garante uma boa sensibilidade para o aparelho, permitindo assim que os sons num raio de 3 metros, de uma conversa em voz normal, sejam captados com facilidade.
COMO FUNCIONA
O circuito emprega dois transistores e tem uma simplicidade relativa. Não é conveniente termos configurações muito complexas para este tipo de aparelho, pois ele cresceria em tamanho e assim ficaria mais difícil de ser escondido.
Na figura 1 temos o diagrama completo do nosso transmissor para espionagem em uma versão de longo alcance.
Temos, então um transistor de média potência, de uso geral, oscilando em alta frequência e sendo o responsável pela produção dos sinais de rádio.
A bobina L1 e CV1 determinam a frequência de operação deste transmissor.-
Com o uso de bobinas apropriadas podemos operar este circuito em frequências entre 50 e 150 MHz.
Os resistores R6 e R7 polarizam o transistor, determinando seu ponto de operação. O resistor de emissor R8 limita a corrente no circuito e, portanto, fixa de certo modo a potência dos sinais gerados.
A modulação é feita pelos sinais captados pelo sensível microfone de eletreto que são aplicados na base de um transistor amplificador (Q1).
Além do transistor interno ao microfone, com a amplificação de outro transistor temos uma boa modulação, e com isso uma boa sensibilidade na captação dos sons.
Os sinais amplificados pelo transistor Q1 são aplicados à base do transistor oscilador, de modo a afetar sua frequência e com isso produzir a necessária modulação em frequência.
Como se trata de circuito que possui certa potência, o consumo de corrente é algo elevado, o que vai implicar no uso de uma fonte de alimentação apropriada.
MONTAGEM
Começamos pela bobina L1, que é enrolada numa fôrma, de bobina de Fl aproveitada de um velho televisor ou de um rádio transistorizado.
Essa bobina é enrolada com fio 28 ou 30 e tem as seguintes características, em função da faixa de frequências em que se deseja sua operação:
50 a 80 MHz - 5 ou 6 espiras (VHF inferior)
80 a 100 MHz - 4 espiras (FM)
100 a 120 MHz - 3 espiras (VHF superior)
120 a 150 MHz - 1 ou 2 espiras (VHF superior ll)
Os resistores são de 1/8 W ou maiores e os capacitores são basicamente de dois tipos. C1 e C2 são eletrolítico com tensão de trabalho de pelo menos 12 V, enquanto que os demais devem ser cerâmicos tipo disco.
CV1 é um trimmer comum de plástico ou base de porcelana e seu valor não é crítico podendo ficar na faixa de 20 a 50 pF.
O microfone de eletreto tem polaridade certa para conexão, ficando o lado positivo do lado de C1 e o negativo no ponto de 0 V do circuito.
Para o transistor Q1 equivalentes NPN de uso geral podem ser usados e para Q2 damos como equivalentes o BD137 e o BD139. No caso da alimentação de 12 V, deve ser usado um pequeno radiador de calor neste componente.
A antena consiste num pedaço de fio rígido de 15 a 80 cm, conforme a disponibilidade de espaço no local em que o aparelho for escondido.
O fusível é importante se o aparelho for usado num carro (para ouvir conversas no seu interior) ou com fonte de alimentação externa, para proteção.
Para alimentações de 6 a 9 V podem ser usadas pilhas grandes que garantirão autonomia de algumas horas. Para alimentação de 12 V deve ser usada uma fonte de pelo menos 1A ou então uma bateria.
Se houver dificuldades em esconder a bateria junto ao transmissor, uma possibilidade é usar um fio longo para o microfone. Este fio deve ser blindado para que não ocorram roncos na transmissão.
Se for usada fonte de alimentação, ela deve ter filtragem muito boa, para que não ocorram roncos na transmissão.
AJUSTANDO E USANDO O TRANSMISSOR
Para ajustar o transmissor ligue nas proximidades um receptor que capte a frequência que corresponda à faixa da bobina usada.
Coloque o receptor em frequência livre e ajuste CV1 até captar o sinal com máxima estabilidade. Pode ser usada uma antena menor para este ajuste inicial.
Depois, é só instalar o aparelho no local que se deseja vigiar e ajustar novamente CV1 para que o aparelho opere na frequência desejada.
Para gravar as conversas use um receptor que tenha saída para amplificador, conectando-a à entrada de um gravador, de modo a obter maior qualidade de som.
Evite instalar o microfone na própria mesa de conversas ou em objetos que se movam, pois esse movimento, o bater da mão e de objetos numa mesa produzem ruídos que prejudicam a transmissão e até chegam a instabilizar o transmissor.
Pelas suas dimensões, este aparelho é muito mais facilmente escondido num carro, de modo que, pessoas de outro carro próximo possam, acompanhar conversas à distância segura e até fazer sua gravação.
Semicondutores:
Q1 - BC547 ou equivalente - transistor NPN de uso geral
Q2 - BD135 - transistor NPN de média potência
Resistores: (1/8 W, 5%)
R1 - 10 k ohms
R2 - 1 M ohms
R3 - 56 k ohms
R4 - 22 k ohms
R5 - 1 k ohms
R6 - 12 k ohms
R7 - 8,2 k ohms
R8 - 47 ohms
Capacitores:
C1 , C2 - 10 uF/16V - eletrolítico
C3 - 10 nF - cerâmico
C4 - 4,7 pF - cerâmico
C5 - 100 nF - cerâmico
CV1 - trimmer - ver texto
Diversos:
MIC - microfone de eletreto de dois terminais
F1 - fusível de 200 mA
A - antena - ver texto
Placa de circuito impresso, forma para bobina, caixa para montagem, suporte de pilhas ou bateria, fio blindado para o microfone, fios, solda, etc.
Artigo publicado originalmente em 1985