Um transmissor potente modulado em tom é o que muitos leitores desejam para seu sistema de rádio controle. Para os amadores mais avançados e que tenham recursos para a realização de placas de circuito impresso compactas e tenham os instrumentos necessários aos ajustes, tanto das etapas de baixa frequência,como de alta frequência damos aqui um interessante projeto.

Este transmissor pode fornecer uma potência de saída suficientemente elevada para alcançar até 500 metros em campo aberto o que é ideal para barcos.

São três transistores na etapa de RF e um transistor na etapa moduladora. O circuito alimenta- do com uma tensão de 13,5 V pode operar basicamente com 4 canais com um consumo entre 35 e 40 mA.

A determinação da frequência de operação é feita pelo cristal que deve ser escolhido de acordo com o receptor que o montador pretender colocar no modelo.

Evidentemente, para este tipo de montagem o leitor deve ter a experiência e o material necessários. Pela experiência entendemos a capacidade de projetar e fazer suas próprias placas de circuito impresso com facilidade num mínimo de volume já que nos circuitos .de altas frequências as ligações curtas são importantes na manutenção da estabilidade.

O leitor também deve ter a experiência para fabricação das bobinas e sua colocação num posicionamento correto na placa de modo a não ocorrerem realimentações.

Na figura 1 vemos de que modo as bobinas da primeira etapa osciladora e da etapa de saída devem ser colocadas para não haver realimentação.

 

Figura 1 – Posicionamento das bobinas
Figura 1 – Posicionamento das bobinas

 

Por recursos técnicos ou equipamento entendemos a disponibilidade do leitor em fazer medidas de frequência nos diversos pontos do circuito. Um frequencímetro, um medidor de intensidade de campo e um gerador de sinais são básicos nos trabalhos mais críticos de rádio controle (figura 2).

 

Figura 2 – Um frequencímetro
Figura 2 – Um frequencímetro

 

Enfim, como se trata de projeto destinado aos amadores do rádio controle mais avançados daremos apenas os elementos básicos a sua execução devendo os iniciantes procurar nos outros números da revista projetos mais simples.

 

O CIRCUITO

Na figura 3 damos um diagrama de blocos deste circuito por onde analisaremos o seu funcionamento.

 

Figura 3 – Diagrama de blocos
Figura 3 – Diagrama de blocos

 

A parte de alta-frequência (RF) que opera em torno de 27 MHz, dependendo do cristal usado, possui dois blocos. O primeiro é do circuito oscilador de alta frequência em que encontramos o cristal na determinação da frequência das oscilações.

O transistor é de baixa potência servindo então apenas para gerar um sinal básico. Este sinal é levado por meio do transformador de alta frequência formado por L1 e L2 a etapa de saída em push-pull em que dois transistores fazem sua amplificação.

Os dois transistores entregam este sinal ao circuito tanque formado por L3 e L4 que o aplica à antena.

Na base dos transistores de saída, ou seja, no segundo b!oco está ligado o terceiro bloco de modulação. Este bloco modula o sinal de RF em amplitude com uma frequência que depende do interruptor acionado nesta etapa. São então usa- dos 4 interruptores que determinam frequências diferentes correspondentes aos 4 canais do sistema.

O oscilador usado no terceiro bloco, conforme mostra a figura 4 tem sua frequência determinada pelas características do transformador de baixa frequência T1 e pela resistência do circuito de realimentação.

 

Figura 4 – O oscilador
Figura 4 – O oscilador

 

Estas resistências são do tipo ajustável no projeto prático podendo ser ajustadas para disparar os canais desejados do circuito receptor, no modelo.

Um canal pode, por exemplo, controlar o leme para direita, o outro para esquerda, o terceiro pode mudar de velocidade o motor e finalmente o quarto, desligar este mesmo motor.

Existe a possibilidade de se acrescentar mais canais, mas deve haver uma separação conveniente nas frequências para que se reduza o risco de interferências.

A alimentação pode ser obtida tanto de pilhas comuns como de uma bateria de carro, se o leitor tiver esta possibilidade. Um carregador para bateria é mostrado na figura 5.

 

Figura 5 – Carregador de bateria
Figura 5 – Carregador de bateria

 

 

MONTAGEM

A montagem deve ser feita em placa de circuito impresso de dimensões reduzidas tendo-se especial cuidado para que as conexões do circuito de RF sejam curtas.

O diagrama completo é mostrado na figura 6.

 

Figura 6 – Diagrama completo
Figura 6 – Diagrama completo

 

Os transistores de saída de RF são originalmente do tipo 2N2222 mas equivalentes que amplifiquem sinais na frequência de operação com bom ganho e com boa potência de dissipação podem ser usados.

O transistor oscilador originalmente é do tipo AF168 mas equivalentes de RF podem ser usados sendo feito o ajuste do ponto de funcionamento em R1 e R5 que são trimmers.

O transformador do oscilador de baixa frequência pode ser de saída para transistores com apenas o enrolamento primário usado. Pode ser enrolado este transformador pelo leitor que deseja um funcionamento mais crítico com as características que permitam obter as frequências de áudio necessárias à modulação.

As características das bobinas da parte de RF são as mais importantes para os montadores.

L1 é formada por 15 voltas de fio esmaltado de 1,5 mm de diâmetro enroladas sem núcleo com diâmetro interno de 18 mm.

L2 são 12 espiras de fio esmaltado de 0,6 mm (pode ser usado fio 18 de capa plástica) enrolado sobre L1 na sua parte central com tomada no meio do enrolamento.

L3 consiste em 18 espiras de fio esmaltado de 0,5 mm de diâmetro com isolamento plástico sobre forma sem núcleo com diâmetro de 10,4 mm e com tomada na 9ª espira.

L4 são 5 espiras de fio 18 sobre L3.

L5 é formada por 13 voltas de fio esmaltado de 0,5 mm de diâmetro enrolada em núcleo de ar em forma de 7 mm de diâmetro.

O choque de RF consiste em 35 voltas de fio esmaltado de 0,5 mm enroladas numa forma com diâmetro interno de 7 mm.

A montagem dos transistores deve ser feita observando-se sua polaridade.

Os trimmers são do tipo comum de 30 pF de capacitância máxima do tipo que melhor se adaptar a montagem em maca de circuito impresso.

Os resistores são todos de 1/8 W com tolerância de 10% ou menos e os capacitores de mais de 1 µF são eletrolíticos com tensão de trabalho de pelo menos 16 V.

Os capacitores de 10 nF à 100 nF são de poliéster metalizado ou cerâmicos (disco), enquanto que os de menos de 10 nF são cerâmicos.

 

AJUSTES

Para ajustar o transmissor, intercale em série com a resistência R6 um miliamperímetro. Ajuste R1 e R2 para obter uma corrente de aproximadamente 10mA.

Você precisará eventualmente mexer em C2 para obter este ajuste.

Se tiver um frequencímetro você poderá verificar se esta etapa do circuito está oscilando ligando-o à saída do transistor.

A seguir, intercale o miliamperímetro em série com choque de RF. Com a antena recolhida deve-se ajustar C4 até obter uma indicação de uma corrente de 35 a 40 mA no instrumento.

Em seguida, abra a antena e ajuste o trimmer C5 para obter uma corrente de 20 mA no instrumento.

Com o medidor de intensidade de campo você poderá verificar o padrão de irradiação deste transmissor e a intensidade de seu sinal.

 

USOS

Na figura 7 damos uma sugestão para a montagem deste transmissor numa caixa para controle de brinquedos como barcos, carros, abertura de portas de garagem, foguetes, etc.

 

Figura 7 – Sugestão de caixa
Figura 7 – Sugestão de caixa

 

No site temos diversas sugestões para usos de sistema de rádio controle.

 

Artigo publicado originalmente em 1981