Em transmissão quando se fala em alta potência o melhor recurso é ainda o uso de válvulas. E, válvulas de potências na faixa de 2 Watts a 10 Watts podem ser conseguidas, com facilidade, de velhos rádios, amplificadores ou televisores.
Dentre as válvulas mais comuns usadas por radioamadores em tempos mais antigos, mas que ainda hoje resultam em ótimos transmissores experimentais está a 6V6.
Trata-se de um pentodo usado em saída de áudio capaz de fornecer até 10 Watts de potência e que oscila na faixa de ondas médias e curtas com potências da mesma ordem de saída.
Ligada a antenas dimensionadas de modo correto, esta válvula pode emitir sinais que alcançam milhares de quilômetros de distância.
Muitos radioamadores que empregam essas válvulas em equipamentos mais antigos podem atestar isso. E claro que, para operação nestas condições, o radioamador deve ser devidamente prefixado (informe-se no DENTEL), pois, pelo contrário, estará sujeito a problemas de ordem legal.
Assim, se o leitor não tem sua licença, nada impede que ele monte o transmissor e o use em experiências de curto alcance com uma antena que não ultrapasse 1 metro de comprimento, pois se isso não for feito, o equipamento poderá ser apreendido como clandestino e o operador preso e processado. Cuidado, portanto!
Como os transmissores a válvulas operam com tensões elevadas, será preciso montá-lo com uma fonte especial com tensões entre 150 e 300 V para a qual daremos o projeto completo.
Na nossa versão básica para a faixa de ondas médias, o transmissor pode ser usado como estação experimental de AM emitindo programas dentro de escolas ou outros estabelecimentos, desde que precauções sejam tomadas para que estes sinais não ultrapassem os limites locais.
Na versão de ondas curtas teremos maior alcance, mas sua operação só deve ocorrer em grandes espaços abertos (fazendas) e, mesmo assim, com antenas curtas, a não ser nas condições em que o operador seja devidamente prefixado e saiba fazer sua sintonia nas faixas permitidas.
A versão de ondas curtas quando modulada por um gerador de áudio pode servir também para emissão telegráfica ou treino em grupo de código.
O circuito
A válvula 6V6 é um pentodo, possuindo pois 5 elementos, além do filamento de 6 V onde é feito seu aquecimento.
Na sua placa é aplicada a alta tensão positiva através de uma bobina. Na grade (4) é aplicado o sinal de alimentação da bobina que provoca a oscilação num circuito Hartley. CV e L1 determinam a frequência da oscilação.
O catodo (8) é ligado à terra por meio de um resistor e um capacitor fornecendo assim o retorno à massa e ao mesmo tempo a auto-polarização.
0 sinal de modulação é aplicado na grade de controle (5) podendo vir diretamente de um microfone de cristal, um pré-amplificador ou amplificador ou um oscilador de áudio se quisermos a emissão telegráfica.
Veja que a válvula precisa de tensões de 150 a 300 V de placa sob corrente de pelo menos 50 mA. Isso significa que, diferentemente dos transmissores transistorizados, não devemos de modo algum tocar na antena ou no seu circuito durante a transmissão, pois podem ocorrer choques e até queimaduras.
A potência deste transmissor, por exemplo, é suficiente para acender uma lâmpada fluorescente simplesmente pela sua aproximação da bobina L1 ou seu contacto com o fio de antena.
Esta é uma forma de verificar seu funcionamento.
Alguns cuidados especiais devem ser tomados na montagem como, por exemplo, a ligação de C5 bem perto da tomada da bobina para se evitar a captação de zumbidos.
Todos os componentes devem ser montados em chassi metálico.
Para a antena devemos usar um bom conector, se bem quer nas aplicações experimentais ela consiste num simples pedaço de fio de 1 a 2 metros esticado.
Devemos também observar que a válvula trabalha muito quente devendo ficar livre de contacto com qualquer outro componente.
Será também importante observar as tensões de trabalho de alguns componentes como por exemplo os capacitores e os diodos.
Montagem
Na figura abaixo damos o diagrama do transmissor incluindo uma fonte de alimentação com o transformador T1.
Este transformador pode ser aproveitado de velhos rádios ou amplificadores, preferivelmente o mesmo de onde tenha sido retirada a válvula.
O secundário de alta tensão pode ter vários valores entre 150 e 250 V com corrente a partir de 40 mA, se bem que 0 ideal seja 50 mA.
Observe a ligação do enrolamento de 6,3 V nos pinos 2 e 7 que correspondem ao filamento da válvula
O capacitor C4 assim como C5 devem ter tensões de isolamento pelo menos 50°/o maior que a tensão do transformador.
Assim, para 150 V esses componentes devem ser de pelo menos 250 V.
Na figura abaixo damos uma sugestão de layout de chassi para a disposição dos componentes.
O capacitor CV tanto pode ser um "padder" como na figura, onde será ajustada a frequência como um variável isolado do chassi de até 410 pF.
Para a ligação à tomada central da bobina usamos um fio blindado com a malha aterrada.
A bobina é enrolada num tubo de papelão ou PVC de 1 polegada, constando de 40 + 40 voltas de fio esmaltado no caso da faixa de ondas médias.
Para ondas curtas, temos as seguintes possibilidades: para 40 metros (7 MHz) 20 +v20 voltas do mesmo fio; para 14 MHz (20 metros) 15 + 15 voltas de fio na mesma forma.
Pequenas alterações de espiras podem ser necessárias para se obter a ser feita sintonia.
O capacitor C4 é um eletrolítico para montagem sobre o chassi, com rosca.
Para a válvula usamos o mesmo soquete aproveitado do aparelho de onda ela foi retirada.
Ajuste e uso
Depois de ligar o aparelho, deixe a válvula aquecer por pelo menos 2 minutos. Depois sintonize nas proximidades um rádio que capte os sinais do transmissor.
Ajuste então o padder ou variável para captar o sinal mais forte.
Neste ajuste não será preciso usar antena. Para verificar a oscilação aproxime uma lâmpada neon ou fluorescente da bobina. Ela deve acender.
Captado o sinal ligue uma fonte de sinal no jaque. Se for microfone de cristal a ligação é direta. Se for outro tipo, será preciso usar pré-amplificador.
Na use antena externa, a não ser que a operação seja feita na faixa de radioamadores por operador licenciado.
V1 - 6V6 - válvula pentodo (ver texto)
D1, D2 - BY127 - diodos de silício
L1, CV - ver texto
S1 - interruptor simples
T1 - transformador com primário de acordo com a rede e secundário de150 a 250 V com tomada central e 6,3 V para filamento.
C1 - 100 nF X 100 V - capacitor cerâmico ou de poliéster
C2 - 10 µF X 35 V - capacitor eletrolítico
C3 -100 pF X 1 KV - capacitor cerâmico
C4 - 32 µF X 250 V ou mais - capacitor eletrolítico (ver texto)
C5 - 100 nF X 250 V ou mais - capacitor cerâmico (ver texto)
Diversos: chassi de metal, jaque RCA, fios, solda, soquete para válvula etc.