Um local bastante interessante para se ocultar um transmissor e com isso se interceptar conversas telefônicas e dentro do próprio aparelho telefônico.
Graças ao uso de componentes ultraminiaturizados, e em pequena quantidade, numa compacta placa de circuito impresso, e possível fazer a montagem deste tipo de aparelho com facilidade.
O projeto que propomos cabe facilmente dentro do fone dos telefones modernos, que deixam um bom espaço livre para esta finalidade.
Como vantagem importante para a utilização deste tipo de transmissor interceptador temos ainda a possibilidade de usar a própria alimentação da linha telefônica.
Evidentemente, não podemos tirar muita energia da linha sob pena de fazer com que o usuário do aparelho desconfie da existência de uma extensão, pela
perda de volume que isso causa, mas a emissão do sinal a algumas dezenas de metros pode ser mais do que suficiente para a finalidade desejada.
Desta forma, o agente secreto, detetive ou espião pode colocar seu equipamento receptor ou de gravação numa sala ou apartamento vizinho, onde poderá fazer seu trabalho de escuta.
A faixa de frequências de operação do circuito estará entre 60 e 100 MHz,
o que significa que, com um pouco de habilidade, podemos ajustar a bobina para a operação na faixa de FM e utilizar um receptor de rádio comum.
Evidentemente, o profissional vai ajustar para a faixa de VHF, usando um receptor especial e assim diminuindo consideravelmente a possibilidade de ter os sinais interceptados e o transmissor descoberto.
Outro ponto importante a ser considerado neste projeto é a instalação no aparelho, que é extremamente simples: o espião não precisa contar com mais do que uma chave de fendas ou Philips para abrir o fone do telefone.
A conexão à cápsula receptora será feita por meio de duas garras jacaré
miniatura, sem a necessidade de se observar a polaridade da ligação.
COMO FUNCIONA
Na figura 1 temos o diagrama completo do pequeno transmissor.
Quando o fone e retirado do gancho, a cápsula receptora recebe os sinais do outro aparelho na forma de uma corrente contínua modulada.
Esta corrente contínua da ordem de 6 a 7 Volts, além de poder servir para alimentar o transmissor já traz a modulação, ou seja, o som que desejamos ouvir.
Assim, o que este circuito faz inicialmente é retirar a alimentação para o transmissor por meio de uma ponte de diodos. A ponte de diodos é importante, pois ela evita a necessidade de precisarmos identificar qual dos fios do aparelho ou cápsula é o positivo e qual é o negativo.
O resistor R1 tem por finalidade limitar a corrente no transmissor a um valor que não carregue muito a linha, de modo que o aparelho não possa ser percebido com facilidade, conforme explicamos anteriormente.
Do filtro C1 temos uma tensão contínua com pequenas variações que correspondem justamente a modulação, ou seja, ao som que desejamos ouvir.
Esta tensão da ordem de 3,2 Volts será usada para alimentar uma etapa osciladora de alta frequência com base num único transistor.
Para maior simplicidade, usamos um oscilador Hartley com apenas um transistor, onde a frequência de operação é determinada tanto pela bobina como pelo capacitor C2.
O resistor R2 polariza o emissor e limita a corrente no circuito, enquanto que C3 desacopla o emissor, facilitando as oscilações.
O ajuste de frequência neste circuito é feito na própria bobina, aproximando--se ou afastando-se suas espiras. Como o aparelho é para uso fixo, esse ajuste deve ser feito previamente e na instalação o agente deve tomar cuidado para não tocar na bobina.
Como a tensão que alimenta o oscilador é modulada, a modulação também aparece sobre o sinal de alta frequência gerado, o que possibilita sua audição no receptor.
O alcance do circuito depende de diversos fatores tais como:
a) sensibilidade do receptor - receptores do tipo usado em comunicações
para VHF podem captar sinais muito mais fracos e portanto um transmissor como este mais distante.
b) local da instalação - um fone de plástico facilita a passagem dos sinais,
enquanto que num fone de metal, o sinal pode ser muito atenuado ou mesmo não passar. A presença de outros elementos de metal próximos dentro do aparelho pode dificultar a irradiação do sinal.
c) nível de ruído do local - um local com um nível de ruído de rádio elevado, ou seja, com muitas fontes que prejudicam a recepção de rádio, tais como máquinas industriais, lâmpadas fluorescentes, motores elétricos em constante funcionamento, pode diminuir muito o alcance efetivo do transmissor.
d) tipo de obstáculo a ser vencido - uma parede grossa ou com ferros internos ou uma laje dificultam a passagem do sinal, enquanto que uma divisória simples ou uma parede sem ferros internos não impedem a passagem do sinal
que assim pode ir mais longe.
MONTAGEM
Evidentemente, pela finalidade do projeto, sua montagem deve ser a menor
possível. Assim, na figura 2 damos a sugestão da placa de circuito impresso
com a disposição dos componentes.
A bobina consta de 2+2 espiras de fio esmaltado 26 ou 28 sem fôrma com diâmetro de 0,5 cm sem núcleo. Alterações para operação em outras faixas podem ser feitas utilizando-se 3+3 e 4+4 espiras, lembrando que com mais espiras teremos a operação em frequências mais baixas.
Com 2+2 espiras a operação vai ocorrer na faixa de FM e suas proximidades.
Os capacitores devem ser obrigatoriamente do tipo disco cerâmico e os resistores de 1/8 W ou até menores.
O transistor é o BF494 e os diodos admitem equivalentes, como os 1N914 ou qualquer outro tipo de uso geral, com uma tensão inversa de pico de pelo menos 50 V.
Para os leitores que tiverem acesso a componentes SMD, é possível realizar uma montagem mais compacta ainda, como a do transmissor num selo que descrevemos neste livro.
Uma montagem em SMD, dependendo do modo como seja feita e do tipo de telefone usado, pode ser intercalada por encaixe entre o fone e sua base, dentro do próprio aparelho, e assim ficar numa posição muito mais difícil de ser detectada.
Para a conexão do aparelho transmissor à cápsula sugerimos o uso de dois fios de aproximadamente 12 cm, contendo duas garras jacaré ultraminiatura nas suas extremidades.
AJUSTE E USO
Inicialmente, alimente o circuito conectando as suas garras a 3 pilhas pequenas ligadas em série (4,5 V) ou ainda uma fonte de alimentação ajustada para este valor. Não será preciso observar a polaridade.
Depois, ligue nas proximidades um receptor de FM ou VHF (conforme a faixa de frequências escolhida).
Ajuste a antena apertando e soltando as espiras experimentalmente e ao mesmo tempo retocando a sintonia do receptor até captar o sinal com maior intensidade. O modo de fazer o ajuste e mostrado na figura 3.
Feito o ajuste com as pilhas será interessante experimentar o aparelho num telefone. A frequência do sinal obtido agora pode estar levemente deslocada, mas um reajuste da sintonia do receptor permite captá-la com mais facilidade.
Comprovado o funcionamento, é só pensar em fazer sua instalação no telefone.
Na figura 4 mostramos como isso é feito: uma espuma segura em posição
o transmissor, de modo que ele não jogue ou bata no cabo do telefone, fazendo com que o usuário desconfie de alguma anormalidade.
As garras são ligadas aos terminais do fone de ouvido, não importando sua polaridade.
Feito isso, experimente o transmissor, ajustando o receptor para o melhor sinal. Se a nova frequência coincidir com a de alguma estação, atue sobre a bobina do transmissor.
Com o transmissor operando nas melhores condições, procure a posição de melhor recepção.
Depois disso, é só usar o aparelho, que será ativado automaticamente sempre que o fone for retirado do gancho.
Como as tensões do fone variam conforme a linha, podem ocorrer diferenças de frequência e mesmo de alcance quando passamos o transmissor de um aparelho para outro.
Semicondutores:
Q1 - BF494 ou equivalente – transistor NPN de RF
D1 a D4 - 1N4148 - diodo de uso geral
Resistores: (1/8 W, 5%)
R1 - 1 kΩ
R2 - 1,2 kΩ
Capacitores:
C1, C3 - 1 nF - cerâmicos
C2 - 10 pF - cerâmico
Diversos:
L1 - bobina - ver texto
G1, G2 - garras jacaré miniatura
Placa de circuito impresso, fios, solda, etc.