Muitas pessoas possuem mais de um televisor em sua casa, e apenas um equipamento de vídeo cassete ou DVD. Isso implica na condição de se desejar, em determinados momentos, transmitir o sinal para um ou mais televisores a partir do mesmo aparelho de vídeo. A maioria das pessoas improvisa as interligações para esta finalidade, normalmente com resultados desastrosos tanto para a imagem como para os vizinhos que podem sofrer interferências. Veja neste artigo como fazer isso da maneira certa, usando dispositivos facilmente conseguidos no mercado especializado.
Os aparelhos de vídeo cassete possuem uma saída de RF que permite a recepção de seus sinais num canal livre (normalmente o 3 ou 4) utilizando-se para esta finalidade um cabo único.
Não são muitas as pessoas que possuem monitores de vídeo, ou seja, televisores mais modernos que possuem entradas separadas para sinais de vídeo composto e som, como mostrado na figura 1.
Para estes, podem ser usadas as saídas de vídeo e áudio (Video OUT e audio OUT) com vantagens, porque o sinal, passando por menos etapas de processamentos permite que se obtenha uma imagem melhor.
Até mesmo o som, nestas condições, pode ser enviado a um amplificador externo de alta-fidelidade, em lugar do televisor, obtendo-se assim uma reprodução sonora de muito melhor qualidade.
Fica patente então que a maneira mais simples de se conectar um aparelho de vídeo cassete a um televisor é por meio de um cabo único.
Para que o sinal do vídeo cassete chegue sem alterações ao televisor e assim proporcione uma reprodução boa, algumas condições técnicas devem ser satisfeitas.
A primeira é que haja um casamento de impedâncias correto entre a saída do vídeo cassete e a entrada do televisor.
A segunda é que o cabo tenha características e comprimento apropriado à transmissão do sinal.
Operando com sinais de alta frequência, o cabo introduz atenuações que dependem da sua qualidade, e essas atenuações podem ocorrer de formas diferentes nas frequências transmitidas.
Assim, se o sinal for transmitido para uma distância algo grande, com cabo impróprio, pode ocorrer atenuações que afetam a qualidade da imagem.
A perda de definição de uma imagem, que passa a ter contornos esmaecidos e até mesmo um registro indevido da cor, com o vermelho "transbordando" dos objetos é um exemplo de problema que ocorre com uma transmissão indevida.
Se o cabo usado entre o videocassete e o televisor for curto e de boa qualidade, dificilmente ocorrem problemas graves.
No entanto, se o usuário tentar fazer a transmissão à longa distância ou mesmo distribuir os sinais entre diversos televisores, os problemas podem ocorrer.
Vamos analisar a seguir quais são os principais problemas que podem ocorrer e como podemos solucioná-los.
TRANSFERINDO O SINAL SEM PROBLEMAS
O primeiro problema que ocorre é quando o usuário tenta usar uma chave comum para comutar os sinais entre dois televisores, conforme mostra a figura 3.
Uma chave imprópria, além de alterar a impedância do circuito, também pode funcionar como um elemento de irradiação do sinal.
Assim, como já ocorreu com o próprio autor, um vizinho que empregue uma instalação indevida na distribuição do sinal para um segundo televisor, usando uma chave que não se adapta à sinais de RF, irradia sinais que vão interferir na recepção principalmente dos canais baixos (4 ou 3).
Na figura 4 mostramos as estrias típicas que podem ocorrer numa imagem de TV que sofre uma interferência deste tipo.
O segundo problema que ocorre é que a maneira de se fazer a conexão de um videocassete a dois televisores pode ser errada no sentido de haver alteração de impedância.
Dois aparelhos ligados da forma indicada na figura 5 alteram a impedância do sistema, com perdas e reflexões do sinal que afetam a qualidade da imagem.
Finalmente, temos a própria atenuação do sinal que ocorre se o fio for muito longo ou tiver uma qualidade imprópria para a transmissão de sinais de altas frequências.
O sinal chega enfraquecido e deformado no receptor remoto com uma imagem pobre, sem contraste e até mesmo com problemas de cores esmaecidas.
Diversas são as maneiras de se obter a transferência correta dos sinais sem os problemas indicados.
Daremos a seguir alguns sistemas simples que podem servir de exemplo para os leitores interessados em compor sua própria rede de distribuição de sinais de vídeo.
a) Videocassete/DVD para dois televisores
Se os dois televisores estiverem relativamente próximos do videocassete, não mais que 10 metros, podem ser usados separadores, no circuito mostrado na figura 6.
Este circuito prevê que o segundo televisor usa o videocassete também como receptor para os sinais, de modo que temos as seguintes possibilidades de uso:
* No primeiro podemos ver o programa da fita de vídeo ou sintonizado pelo videocassete.
* No segundo vemos o mesmo programa do primeiro aparelho.
Se quisermos ter uma sintonia separada para os canais de TV no segundo aparelho, independente do videocassete usamos o circuito da figura 7.
Os dispositivos usados neste sistema são o divisor que permite separar o sinal do videocassete entre dois ou mais televisores e eventualmente o misturador para o segundo televisor, se ele for ligado a uma antena externa.
b) Sistema com Booster
Se tivermos de distribuir o sinal de um videocassete entre muitos televisores ou com cabos muito longos, podemos compensar as perdas com a utilização de um booster ou amplificador.
Temos então o circuito da figura 8, que funciona exatamente como o anterior, com a diferença de que temos um amplificador adicional.
c) Sistema coletivo de videocassete
Para residências, escolas, empresas, ou mesmo hotéis, a distribuição do sinal de um videocassete entre muitos aparelhos de TV pode ser feita aproveitando-se o sistema de antena coletiva, conforme mostra a figura 9.
O que se faz é jogar o sinal do videocassete no sistema de antena através de um misturador. Desta forma, se o canal do videocassete não for utilizado por alguma estação ele pode ser captado em qualquer televisor ligado ao sistema.
d) Uma variação residencial de menor porte para este sistema é mostrada na figura 10 em que temos uma minicoletiva em que são alimentados dois televisores.
Esses televisores recebem tanto os sinais das estações captados pelas antenas externas na faixa de UHF como VHF, como também recebem os sinais do videocassete.
Os sinais do videocassete são jogados na linha de distribuição e qualquer dos televisores pode captá-los a qualquer instante.
Assim, se o sinal do videocassete for jogado no canal 3, basta sintonizar este canal em qualquer televisor da linha para que o programa seja captado.
Novamente temos nestes sistemas o uso dos misturadores e das tomadas de linha ou terminais, empregadas nos sistemas de antenas coletivas.