Um receptor regenerativo de um transistor para a faixa de ondas médias com escuta em fone. Isto é o que apresentamos neste artigo, com algumas curiosidades referentes ao modo de se fazer sua alimentação.
Muito leitores gostam de fazer experiências com circuitos receptores experimentais, utilizando diversas técnicas como a amplificação direta, o reflex, a regeneração etc.
Para os que gostam de montar receptores diferentes, tentando obter o maior rendimento com o menor número de componentes, apresentamos aqui um circuito de características bem atrativas.
Trata-se de um receptor regenerativo com apenas um transistor, mas que permite a escuta em fone das estações locais, mesmo sem antena.
Com alterações na bobina pode-se receber também estações da faixa de ondas curtas até aproximadamente 15 MHz.
Uma curiosidade a respeito deste circuito é a possibilidade de sua alimentação ser feita com tensões entre 1 e 6 volts, o que leva à utilização até de fonte experimental.
O consumo de corrente, por outro lado, é tão baixo que estas fontes não serão carregadas e terão duração ilimitada.
De fato, o nível de corrente é da ordem de fração de microampère.
COMO FUNCIONA
Na figura 1 temos um diagrama de blocos que ilustra o princípio de funcionamento de um receptor reflex.
O sinal captado pela antena e selecionado pelo circuito de sintonia formado por L2 e CV é levado diretamente à base do transistor Q1 que o amplifica.
O transistor trabalha então com um sinal de alta frequência, diretamente.
Este sinal que aparece amplificado no coletor do transistor não passa pelo reator XRF, sendo levado de volta via C1 à bobina de realimentação L1.
Deste modo, o sinal chega novamente à base do transistor onde pode receber uma nova amplificação.
Somente depois desta amplificação é que temos a detecção que é feita na própria junção semicondutora base/emissor do transistor.
O sinal de áudio resultante passa então pelo reator XRF, chegando ao Jaque, J1, onde é ligado um fone de cristal.
O potenciômetro P1 permite ajustar o nível de realimentação, de modo que o circuito não sature. Se isso acontecer o excesso de realimentação, o circuito entra em oscilação e um apito contínuo será ouvido no fone.
O fone utilizado, para maior rendimento, deve ser obrigatoriamente de cristal ou magnético com pelo menos 5 000 ohms de impedância. Outros tipos de fone não funcionam.
MONTAGEM
Na figura 2 temos o circuito completo deste receptor, por onde podermos ver também sua simplicidade.
Na figura 3 temos a montagem realizada numa ponte de terminais.
Na montagem em ponte é preciso manter todas as ligações entre os componentes .as mais curtas possíveis para que não ocorram realimentações e instabilidades.
O ponto principal da montagem é o conjunto de bobinas formado por L1 e L2 que deve ser enrolado pelo próprio leitor.
Na figura 4 temos pormenores desta bobina para a faixa de ondas médias.
L1 consta de 30 espiras de fio comum e L2 tem 100 espiras. Para a faixa de ondas curtas, L1 deve ter 10 espiras e L2 40 espiras.
Frequências acima de 15 MHz poderão eventualmente ser captadas, mas o circuito torna-se crítico devendo ser empregadas ligações bem curtas entre os componentes e até a realização da montagem em placa.
O capacitor variável CV pode ser do tipo miniatura, retirado de um rádio AM fora de uso, ou então com dielétrico de ar, retirado de um velho rádio de válvulas.
Para a ligação da antena e terra utilizamos uma ponte de terminais isolados, mas existe como alternativa a utilização de dois fios com garras jacaré.
O fone de cristal é o que apresenta maior sensibilidade neste circuito.
Seu aspecto é mostrado na figura 5 para que você não o confunda com outros tipos de fone.
Num teste com o multímetro, conforme mostra a mesma figura, este fone apresenta uma resistência infinita.
Não se deve confundir este fone com alguns tipos que vêm em rádios portáteis e gravadores que têm a mesma aparência, mas são de baixa impedância (medem resistência baixa na prova com o multímetro).
O choque de RF é um microchoque de 10 uH, mas não é um componente crítico, havendo as seguintes opções em caso de sua falta:
- Utilização de um resistor de 10 k em seu lugar
- Enrolamento de 100 voltas de fio bem fino (30 ou 32) num resistor de 10 k a100 k x1/2 W.
Os capacitores são todos cerâmicos e os resistores de 1/8 ou ¼ W.
Para as estações locais não será preciso usar antena externa ou ligação à terra, mas sua presença melhora o nível de som.
Um tipo de antena simples consiste em se esticar de 3 a 4 metros de fio comum.
A ligação à terra pode ser feita em qualquer objeto de metal em contato com o solo ou no polo neutro da tomada.
FONTES ALTERNATIVAS
Uma interessante fonte de energia alternativa para este radinho é mostrada na figura 6.
As duas pilhas que chegam a fornecer 2 volts são feitas em copos ou vidros comuns cheios de água com sal.
As placas (eletrodos) são de cobre e zinco ou outras combinações metálicas (a combinação determina a tensão).
Na figura 7 temos uma “bateria solar" formada por dois transistores 2N3055 sem os invólucros, de modo a deixar incidir diretamente nas junções luz solar ou de uma lâmpada comum.
Esta "bateria solar" fornece aproximadamente de1 a 1,4 volts com uma corrente máxima bem maior que a exigida pelo rádio.
É importante observar a polaridade do sistema para que o rádio funcione perfeitamente.
PROVA E USO
Ligando S1, ajuste P1 e o variável CV para sintonizar alguma estação da faixa de ondas médias.
Em algum ponto do ajuste de P1 deve ocorrer um apito.
Volte um pouco e deixe na posição em que o volume é máximo, sem a presença deste apito que indica a regeneração.
Se em nenhum ponto do ajuste de P1 for ouvido o apito, inverta as ligações dos fios1 e 2 de L1.
Para usar o rádio, ajuste sempre P1 e CV para obter a melhor recepção sem regeneração.
Q1 - BF494 ou BF495 - transistor NPN de RF
CV - capacitor variável (ver texto)
L1, L2 - bobinas - ver texto
S1 - interruptor simples
B1 - 1,5 a 6 V - bateria ou pilhas
J1 - jaque para fone de cristal
P1 – 47 k - potenciômetro linear
C1 – 220 pF - capacitor cerâmico
C2 – 47 nF (473) - capacitor cerâmico
C3, C4 – 100 nF (104) - capacitores cerâmicos
C5 – 100 pF - capacitor cerâmico
R1 – 10 M x 1/8 W - resistor (marrom, preto, azul)
R2 – 470 k x 1/8W - resistor (amarelo, violeta, amarelo)
Diversos: ponte de terminais, terminal antena/terra, fone de cristal, suporte para pilhas ou bateria experimental, bastão de ferrite, fios esmaltados ou fios comuns, fios de ligação, base de montagem ou caixa etc.