Receptores que possam sintonizar a faixa de aviação, polícia, radioamadores, serviços públicos consistem em montagens interessantes, principalmente para os leitores que não têm acesso a um scanner de alto custo importado que não é nada fácil de ser encontrado em nosso país. O receptor que descrevemos, entretanto, apesar de simples tem sensibilidade para captar comunicações de aviões em vôo a dezenas de quilômetros, dependendo das condições topográficas do local e não tem nem componentes nem ajustes críticos.

Se bem que os receptores super-regenerativos tenham uma grande sensibilidade que pode ser conseguida com poucos componentes eles têm uma desvantagem em relação aos receptores mais modernos como os super-heteródinos: a seletividade.

De fato, além de terem um nível de ruído um pouco maior que os receptores comuns, pois irradiam na frequência que recebem podendo causar interferências em televisores próximos, os receptores super-regenerativos não conseguem separar duas estações de frequências muito próximas.

É por este motivo que os brinquedos radio-controlados, como carrinhos e robôs, que usam este tipo de receptor para reduzir custos e tamanhos, interferem facilmente uns nos outros quando usados em conjunto, mesmo tendo frequências diferentes, conforme mostra a figura 1.

 

No entanto, se o leitor mora perto de algum aeroporto ou numa região de tráfego intenso de aeronaves ou de comunicações na faixa de 50 a 150 MHz, a disponibilidade de um receptor para explorar estas frequências pode trazer muitas coisas interessantes aos seus ouvidos.

Lembramos que a legislação impede que tais aparelhos sejam usados em lugares públicos ou que aquilo que você ouvir seja divulgado, no entanto, a lei não impede que você ouça estas comunicações em sua casa ou tenha um receptor para esta faixa de frequências.

Assim, a montagem de nosso receptor é perfeitamente livre assim como o seu uso dentro de sua casa.

 

Com o receptor operando na faixa de 50 a 150 MHz dependendo da região em que você morar você pode ouvir:

* Comunicações entre aviões e torre de controle.

* Ambulâncias, bombeiros e polícia

* Serviços públicos como defesa civil, repartições que usem rádio para falar com agências distantes

* Radioamadores que operem na faixa dos 2 metros

 

O receptor é alimentado por pilhas comuns e a faixa de frequências sintonizada vai depender da bobina usada. Daremos as indicações dos diversos tipos usados e como elas podem ser trocadas.

 


COMO FUNCIONA

A etapa super-regenerativa utiliza um transistor BF494 como base. A frequência sintonizada depende de CV e de L1 assim como do capacitor C3 que é fixo. O circuito oscila então na frequência a ser recebida realimentando-se e com isso amplificando o sinal que entra pela antena. Neste processo ocorre a sua detecção.

O sinal detectado de baixa frequência passa por XRF enquanto que o de alta frequência da oscilação não.

Desta forma, aparece sobre R3 um sinal de áudio que é filtrado por C4 (que elimina o que restar de componente de alta frequência) e aplicado via R4 e C5 à base de um transistor pré-amplificador de áudio.

O sinal amplificado de áudio é retirado do cursor de P1, que funciona como controle de volume, e aplicado a um circuito integrado amplificador LM386.

O ganho do amplificador LM386 é determinado por C6 que funciona como realimentação. No caso, o circuito opera com ganho 200.

Com alimentação de 6 ou 9 volts este circuito integrado fornece uma boa potência de áudio a um alto-falante pequeno.

C1 desacopla a etapa super-regenerativa de modo a evitar-se instabilidades, enquanto que C9 desacopla a fonte de alimentação.

 

 

MONTAGEM

Na figura 2 temos o diagrama completo do receptor super-regenerativo de VHF.

 

A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 3.

 

A etapa em torno de Q1, por operar em alta frequência é mais crítica devendo o leitor ter especial cuidado com os terminais dos componentes que devem ser curtos assim como seu tipo. De fato, tanto C2 como C3 e C4 devem ser obrigatoriamente cerâmicos enquanto que o choque de RF pode ter valores entre 47 e 100 uH.

Na falta deste componente ele pode ser "fabricado" em casa enrolando-se umas 50 voltas de fio esmaltado bem fino num palito de fósforos ou dente, conforme mostra a figura 4.

 

O capacitor CV pode ser qualquer capacitor variável aproveitado de um receptor de FM fora de uso. Se o receptor for de AM/FM deve ser usada a secção de FM que é de baixa capacitância (tem menos placas).

A bobina L1 depende da faixa de frequências sintonizada, assim como C3 podendo ser feita com fio rígido com capa plástica 20 ou 22 conforme mostra a figura 5.

 

Dotando a placa com dois plugues tipo banana as bobinas podem ser encaixadas com facilidade.

 

Faixa de Frequências Espiras C3
50 - 88 MHz 7 4,7 pF
88 - 108 MHz 4-5 4,7 pF
108 - 140 MHz 3 4,7 pF
140 - 160 MHz 2 1 pF

 

Utilizando-se para L1 11 espiras e alterando C3 para 47 pF podemos sintonizar a faixa de PX (11 metros).

A antena é do tipo telescópico com 40 a 120 cm de comprimento. Não se recomenda o uso de antenas externas ou maiores por instabilizarem o circuito além de irradiarem interferências para televisores próximos.

Os demais componentes são comuns e suas especificações são dadas na lista de materiais.

Para maior autonomia recomenda-se o uso de pilhas médias ou mesmo grandes na alimentação. se for usada fonte, ela deve ter boa filtragem para que não ocorram roncos.

 

 

PROVA E USO

Coloque inicialmente a bobina para a faixa de FM e ligue o receptor acionando S1.

Ajuste CV e P1 até receber com bom volume uma estação próxima. A facilidade de sintonia vai depender de fatores como a proximidade e potência da estação e a existência de estações próximas. Lembramos que os receptores deste tipo não possuem seletividade elevada.

Comprovado o funcionamento na faixa de FM o leitor pode tentar a faixa de VHF, trocando a bobina.

Observamos que na faixa de VHF a maioria das comunicações são de curta duração, ou seja, fala-se muito pouco o que dificulta às vezes a localização de uma estação. Assim, é preciso ter um pouco de paciência até se conseguir encontrar uma faixa que tenha comunicações constantes e deixar o receptor sintonizado nela.

Obs: um controle de regeneração pode ser acrescentado, trocando-se o resistor R3 por um potenciômetro de 470 k ohms.

 


LISTA DE MATERIAL

 

Semicondutores:

Q1 - BF494 ou equivalente - transistor NPN de RF

Q2 - BC548 ou equivalente - transistor NPN de uso geral

CI-1 - LM386 - circuito integrado

 

Resistores: (1/8W, 5%)

R1 - 220 k ohms

R2 - 330 k ohms

R3, R4, R7 - 1 k ohms

R5 - 1,5 M ohms

R6 - 10 ohms

P1 - 10 k ohms - potenciômetro

 

Capacitores:

C1 - 47 uF/12 V - eletrolítico

C2 - 100 nF - cerâmico

C3 - 4,7 pF - cerâmico - ver texto

C4 - 2,2 nF - cerâmico

C5 - 4,7 uF/ 12 V - eletrolítico

C6 - 10 uF/ 12 V - eletrolítico

C7 - 47 nF - cerâmico ou poliéster

C8 - 220 uF/12 V - eletrolítico

C9 - 100 uF/12 V - eletrolítico

CV - Variável de FM (80 a 120 pF de capacitância máxima)


Diversos:

L1 - Bobina - ver texto

A - antena telescópica de 80 a 120 cm

XRF - 47 uH a 100 uH - micro-choque

FTE - 8 ohms x 5 a 10 cm - alto-falante

S1 - Interruptor simples

B1 - 6/9 V - 4 ou 6 pilhas pequenas ou médias

Placa de circuito impresso, caixa para montagem, fios, suporte de 4 ou 6 pulhas, botão para o potenciômetro, bornes tipo banana para encaixe das bobinas, etc.

 

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