Com este pequeno transmissor transistorizado, você fala e sua voz será ouvida em qualquer receptor de rádio comum colocado nas vizinhanças.

Diversas brincadeiras podem ser realizadas com isso como, por exemplo, e de se ouvir secretamente o que se passe em outra sala, de simular uma estação de rádio, ou ainda a de se transmitir uma mensagem secretamente a um amigo.

 

Observação: Este artigo foi publicado originalmente no livro Experiências e Brincadeiras com Eletrônica – Volume 2, que agora reeditamos em segunda edição atualizada e modificada para atender os montadores de nossos dias. Nela, conforme as observações dadas neste artigo, trocamos alguns componentes por outros que são mais fáceis de obter.

 

 


 

 

Se bem que tenha um curto alcance e esta função pode ser melhor desempenhada por transmissores de FM, vale pela curiosidade da montagem e na época tinha um grande interesse pela novidade que representava. No site do autor (WWW.newtoncbraga.com.br) podem ser encontrado diversos projetos semelhantes, alguns operando na faixa de ondas curtas com maior alcance e, evidentemente, versões para FM que são as melhores.

 

 

Como todas as montagens destinadas ao principiante, fornecemos todos os pormenores para que mesmo os que não tenham nenhuma experiência prévia em eletrônica possam realizá-Ia com facilidade. Basta comprar todo o material (que pode ser encontrado em qualquer casa de material eletrônico) e seguir à risca as instruções.

Este transmissor (microfone sem tio) se bem que tenha um alcance da ordem de uns 10 ou 15 metros, dependendo da maneira como tenha sido montado, tem, entretanto, a vantagem de não necessitar de receptor especial. Seu sinal pode ser ouvido em qualquer rádio de ondas médias sintonizado numa frequência livre, ou seja, em que não tenha nenhuma estação transmitindo.

Diversas são os tipos de brincadeiras que podem ser feitas com um transmissor desse tipo.

Poderemos usá-lo para transmitir mensagens de uma sala para outra simulando uma estação de rádio.

Podemos fazer brincadeiras simulando agentes secretos que usam intercomunicadores sem fios semelhantes.

Podemos esconder o aparelho numa sala e ouvir as conversas das pessoas que nela se encontrarem num rádio colocado na sala adjacente, como fazem os espiões de verdade. (figura 1)

 

Figura 1 – Ouvindo conversas
Figura 1 – Ouvindo conversas

 

 

A alimentação para este transmissor pode vir de pilhas comuns (4 pilhas que fornecem 6 volts) ou para um alcance maior a partir de uma única matéria de 9 volts ou 6 pilhas comuns. Como antena pode ser usado um pedaço de fio rígido de no máximo 1 metro de comprimento ou ainda uma antena telescópica do tipo encontrado em rádios portáteis. (figura 2)

 

Figura 2 – A antena
Figura 2 – A antena

 

 

O CIRCUITO

Para podermos transmitir os sinais obtidos de um microfone para um rádio colocado à certa distância, devemos aplicar o sinal de áudio, ou seja, o sinal de baixa frequência do microfone a um sinal de alta frequência correspondente a uma rádio frequência. Isso é necessário porque o sinal de baixa frequência não se propaga de maneira eficiente através do espaço, o que não ocorre com o sinal de alta frequência, o qual dá origem a ondas eletromagnéticas (ondas de rádio) que podem chegar a distâncias muito maiores. (figura 3)

 

 

Figura 3 - O processo de modulação
Figura 3 - O processo de modulação

 

 

O processo de aplicarmos o sinal do microfone a um sinal de alta frequência de modo que esse possa ser transmitido à distância recebe o nome de modulação e no nosso caso, especificamente, fazemos a modulação em amplitude. Na modulação em amplitude fazemos a intensidade do sinal de alta frequência responsável pela produção das ondas de rádio variar no mesmo ritmo do sinal do microfone. Esse processo é usado porque a frequência que empregamos correspondente à faixa de ondas médias e os receptores são dotados de circuitos que devem trabalhar apenas com sinais modulados em amplitude.

Assim, analisando o circuito completo do nosso transmissor, já que se trata realmente de uma estação de rádio em miniatura, encontramos duas funções básicas:

Temos um circuito oscilador responsável pela produção das ondas de rádio (eletromagnéticas) e que deve ser ajustado de modo a produzir um sinal justamente na frequência que queremos ouvir no rádio distante.

Esse ajuste é feito de modo que seu sinal caia num local da faixa de ondas médias em que não exista nenhuma estação operando.

No nosso caso, o oscilador usado é do tipo Hartley em que a bobina ao mesmo tempo estabelece a realimentação necessária à produção das oscilações e determina a sua frequência.

O outro circuito consiste num amplificador que permite que mesmo os sinais fracos incidentes no microfone possam ser ouvidos à distância, isto é, trata-se de uma etapa que aumenta a sensibilidade do circuito tornando-o assim capaz de perceber sons produzidos a distância, mesmo falando longe do microfone.

A fonte de alimentação para este circuito deve fornecer uma tensão de 6 ou 9 volts. Para o caso de 6 volts podemos usar 4 pilhas pequenas ligadas em série, num suporte próprio. Para o caso de 9 volts (caso em que durabilidade será menor mas o alcance ligeiramente maior) deve-se usar um Conector especial.

 

A MONTAGEM

Como se trata de montagem dirigida ao principiante mas que o veterano também pode realizar, damos duas versões para a montagem:

A primeira, mais simples, consiste na utilização de uma ponte de terminais para a fixação dos componentes, caso em que não poderemos obter uma disposição muito compacta, e a segunda para os mais experientes em placa de circuito impresso em que o maior grau possível de miniaturização é obtido. Começamos por descrever a primeira:

Na figura 4 temos então o diagrama completo do aparelho.

 

Figura 4 – Diagrama completo do aparelho
Figura 4 – Diagrama completo do aparelho

 

 

Na versão em ponte de terminais, todos os componentes, exceto a antena, o microfone e a bateria são sustentados pelos seus próprios terminais que são soldados nesta ponte. Na figura 5 mostramos como esta montagem é feita.

 

Figura 5 – Montagem em ponte de terminais
Figura 5 – Montagem em ponte de terminais

 

 

Para a realização dessa montagem, devemos usar como ferramentas um soldador de pequena potência (máximo de 30 watts), um alicate de corte, um alicate de ponta e uma chave de fenda.

O máximo de cuidado deve ser observado em relação aos componentes polarizados, isto é, os componentes que têm posição certa para serem ligados tais como os transistores e o capacitor eletrolítico.

Você deve guiar-se pela figura 4 em que temos a disposição dos componentes em caso de qualquer dúvida. O diagrama do aparelho é dado na figura 3.

Inicie a montagem fixando a ponte de terminais numa base de madeira ou se você pretender realizar a montagem numa caixa de plástico tome as medidas para sua instalação. A seguir, enrole a bobina que consiste em cerca de 100 voltas de fio de ligação comum fino para transistores ou se o leitor preferir fio esmaltado 28. Essa bobina pode ser enrolada num bastão de ferrite de pelo menos 6 cm de comprimento.

Veia na figura 6 a maneira como essa bobina deve ser enrolada. A sua correta ligação é. bastante importante pois dela dependerá a frequência de operação do aparelho. Enrolada a bobina, solde seus terminais na ponte. Raspe o fio esmaltado se usar esse tipo para o enrolamento.

 

   Figura 6 – Como a bobina deve ser enrolada
Figura 6 – Como a bobina deve ser enrolada

 

 

Em seguida, solde os transistores, observando que suas partes achatadas devem ficar voltadas para cima. Se for utilizado algum transistor equivalente mas de invólucro diferente, peça ao vendedor para lhe mostrar quais são os terminais de emissor, coletor e base.

Obs. Hoje temos a internet e o site do autor, onde pode-se entrar em “buscar datasheet” e ter acesso a pinagem de milhões de componentes diferentes.

Complete a montagem soldando os demais componentes na ponte atentando para o capacitor cuja polaridade deve ser observada; faça a conexão da antena, do microfone e do suporte de pilhas.

Como microfone, temos duas possibilidades de uso. Pode-se adquirir uma cápsula de cristal de baixo custo, ou ainda pode-se utilizar um fone de cristal tirando-se para esta finalidade seu bocal. (figura 7).

 

Figura 7 – Usando um fone de cristal
Figura 7 – Usando um fone de cristal

 

 

Obs. Atualmente podemos usar diretamente uma cápsula piezoelétrico, do tipo telefônico que tem excelente rendimento e é menos afetada pelo tempo, já que os fones de cristal, absorvem umidade e com o tempo perdem sua sensibilidade.

 

C4 pode ser um capacitor variável do tipo usado em receptores transistorizados como também pode ser um trimmer ou um padder. No caso

do capacitor variável pode-se a qualquer momento modificar com facilidade a frequência do transmissor, enquanto que com o trimmer, temos apenas a possibilidade de ajustar a frequência com uma chave de fenda apesar deste componente ser muito menor e mais barato. Na verdade, na placa de circuito impresso optamos pela utilização de trimmer.

 

Obs. Os padders já não são componentes comuns no nosso mercado. O capacitor variável pode ser retirado de qualquer rádio transistorizado fora de uso.

 

Completada a montagem e conferidas as ligações pode-se passar à prova do circuito, mas antes, daremos aos interessados a montagem em placa de circuito impresso.

É usada para a montagem uma placa de 6 x 6 cm, se bem que com habilidade podemos obter montagem muito mais compacta.

O lado cobreado assim como a disposição dos componentes para esta montagem é dado na figura 8.

 

Figura 8 – Placa de circuito impresso para a montagem
Figura 8 – Placa de circuito impresso para a montagem

 

 

AJUSTE E FUNCIONAMENTO

Para ajustar o seu microfone sem fio ou transmissor você poderá utilizar seu radinho portátil.

Ligue seu radinho e sintonize-o para uma frequência no extremo superior da faixa d ondas médias onde não exista nenhuma estação transmitindo (entre 1 200 kHz e 1 600 kHz).

Coloque as pilhas no suporte do transmissor ou faça a conexão da bateria e ajuste o variável ou trimmer até ouvir no alto-falante do radinho o sinal do transmissor ou um apito provocado pela realimentação acústica. (figura 9)

 

Figura 9 – Ajustando o transmissor montado em ponte
Figura 9 – Ajustando o transmissor montado em ponte

 

 

Afaste então o radinho até uma distância de uns 2 ou 3 metros e ajuste melhor o capacitor variável ou trimmer até localizar bem a frequência do transmissor. Com isso o transmissor estará pronto para operar.

 

Observação: ao usar o transmissor não toque na antena ou não a deixe encostar em nenhum objeto metálico pois isso tirará o transmissor de sintonia.

 

Não use também qualquer outro tipo da antena além da recomendada, pois o uso de antena diferente ou muito grande pode provocar interferências em receptores próximos, ou que consiste em contravenção.

 

Q1, Q2 - BC548, BC238 ou equivalentes

R1 - 10 k ohms x 1/4 watt - resistor - marrom, preto, laranja

R2 - 2,2 M ohms x 1/4 watt - resistor – vermelho, vermelho, verde

R3 - 22 k ohms x 1/4 watt - resistor – vermelho, vermelho, laranja

L1 - ver texto

C1 - 0,05 uF - capacitor de poliéster ou cerâmico (47 nF)

C2 - 1 kpF - capacitor de poliéster ou cerâmico (1 nF)

C3 - 100 uF x 12 volts - capacitor eletrolítico

C4 - variável ou trimmer (ver texto)

Diversos: microfone: microfone de cristal, suporte para pilhas, interruptor, núcleo de ferrite, fios, antena telescópica, solda etc..

 

 

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