O acionamento remoto de campainhas residenciais não é apenas uma comodidade, mas também solução que evita a instalação de fios por locais nem sempre fáceis. Os dois projetos de naturezas diferentes que apresentamos a seguir podem consistir em comodidade e solução para casos que podem ajudar os leitores.
Existem diversas condições em que precisamos fazer o acionamento de uma campainha de chamada residencial sem o uso de fios próprios de interligação entre o ponto de chamada e o dispositivo de aviso.
Estas condições geraram então dois projetos que descrevemos neste artigo e que tem as seguintes características:
a) O primeiro projeto é para o caso de haver dificuldades de instalação de um fio de conexão entre o interruptor e a campainha, caso em que se aproveita a rede local. Se os fios de uma rede de energia estiverem próximos, eles podem ser aproveitados para levar o sinal de um portão, por exemplo, até o interior de urna residência, conforme sugere a figura 1.
Trata-se, pois, de um acionador via-rede ou uma campainha por controle remoto via rede de energia.
b) O segundo projeto é para uso a partir do carro ou mesmo de um ponto distante por meio de infravermelho.
O uso deste sistema pode ser avaliado na seguinte situação: chegamos na nossa casa num dia de chuva e o portão da garagem está fechado. Não precisamos descer do carro para pedir ajuda, molhando-nos ao tocar a campainha, ela poderá ser acionada de dentro do carro por controle remoto!
Com isso, não só seremos atendidos, como também poderemos acender as luzes de entrada e outras comodidades. A figura 2 mostra isso. É claro que o mesmo comando também pode ser usado para destravar uma fechadura elétrica e acionar a própria luz de entrada temporizada.
Os dois projetos são de montagem relativamente simples, já que usam apenas componentes de fácil obtenção em nosso mercado e os ajustes não requerem equipamentos especiais.
Nos dois circuitos a imunidade a interferências externas, assim como a sensibilidade, são boas, e os alcances atendem às necessidades das aplicações comuns.
CARACTERÍSTICAS:
Projeto 1 - via rede
Tensão de alimentação: 110/220 V
Alcance: até 100 rn (depende da instalação)
Freqüência de operação: 15 a 40 kHz (ajustável)
Tipo de detecção de sinal: PLL
Consumo em repouso da unidade receptora: 5 W (tip.)
Carga máxima acionada: 10 A
Projeto 2 - infravermelho
Tensão de alimentação do transmissor: 6 ou 9 V
Alcance: 10 m (típico)
Frequência de operação: 15 a 40 kHz
Tensão de alimentação do receptor: 110/220 V
Consumo em repouso do receptor: 5 W (tip.)
Carga máxima acionada: 10 A
Tipo de detecção de sinal: PLL
PROJETO 1
Começamos pelo sistema via rede. Seu desempenho está condicionado só à não existência de dispositivos indutivos no trajeto do sinal, como transformadores, que podem atenuar o sinal, como também ao fato do receptor e transmissor estarem na mesma linha de distribuição de energia, conforme sugere a figura 3.
Se os dois estiverem em linhas diferentes, o trajeto para o sinal pode aumentar sensivelmente e até encontrar obstáculos que dificultariam sua recepção.
Este sistema é usado simplesmente conectando-se o transmissor na rede de energia no ponto mais próximo do acionamento, e o receptor, na mesma rede, próxima da campainha.
Como o receptor usa relé, campainhas de qualquer tipo podem ser usadas.
COMO FUNCIONA
O transmissor consiste num oscilador com base num astável 555 que opera numa frequência entre 20 kHz e 40 kHz, determinada pelos resistores R1 e R2 e pelo capacitor C4.
O sinal deste transmissor é levado a um transistor de potência TlP31C e depois de chegar a mais de 1 W de potência de saída é jogado na rede de energia, via capacitores C1 e C2.
Veja que o transmissor só entra em funcionamento quando o interruptor de acionamento S1 é pressionado.
A frequência elevada foi escolhida para evitar outros ruídos que possam estar presentes na rede de energia e para obter uma boa separação dos 60 Hz que ela transmite.
O receptor consiste basicamente num filtro PLL 567 que é sintonizado na frequência do transmissor por meio de P1.
O sinal da rede amplificado por Q1 entra no PLL via pino 3.
Na condição em que não há reconhecimento de sinal, o pino 8 de saída permanece no nível alto e o transistor Q2 cortado.
Nestas condições o relé permanece desenergizado.
Com o reconhecimento do sinal do transmissor, a saída 8 do PLL vai ao nível baixo e o transistor O2 satura, ativando o relé.
Entre os contatos do relé é ligada a campainha.
Como este circuito deve permanecer constantemente ligado temos uma fonte regulada de baixo consumo com um transformador.
Os sinais da rede passam para a entrada do circuito via dois capacitores de alta tensão de isolamento.
MONTAGEM
O diagrama completo do transmissor para o sistema 1 - via rede, é mostrado na figura 4.
Este transmissor deve ser montado numa placa de circuito impresso pequena e instalado em caixa bem vedada, pois deve ficar normalmente
em local sujeito à ação do tempo.
Esta placa é mostrada na figura 5.
O transistor de potência TlP31C deve ser dotado de um pequeno radiador de calor, se bem que normalmente ele será solicitado por curtos intervalos de tempo.
O resistor R4 é de 2 W enquanto que os demais são de 1/8 W com 5%.
Os capacitores C1 e C2 devem ser de poliéster com uma tensão máxima de trabalho de 400 V.
Para a rede de 110 V aceita-se o uso de capacitores de 250 V.
O transformador tem primário conforme a rede local e secundário de 9 + 9 V ou 12 + 12 V com 500 mA.
Os diodos admitem equivalentes e o eletrolítico C3 deve ter uma tensão de trabalho a partir de 25 V.
O interruptor S1 é de pressão, da própria campainha residencial.
O receptor tem seu diagrama completo mostrado na figura 6.
A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 7.
Os resistores são todos de 1/8 W e as tensões de trabalho mínimas dos capacitores eletrolíticos são as indicadas na relação de material.
O relé admite equivalente, mas eventualmente deve ser modificado o layout da placa para sua colocação.
Q1 não precisa de radiador de calor.
O transformador tem enrolamento primário conforme a rede local e secundário de 12 + 12 V ou 9 +9 V com corrente de 300 a 500 mA.
PROVA E USO
O único ajuste a ser feito é o da freqüência do PLL em P1 do receptor. Ligue os dois aparelhos na mesma rede de energia e aperte S1.
Ligue como carga em A e B uma lâmpada e ajuste P, até que o relé atraque.
Coloque então o transmissor mais longe, em outra tomada e retoque o ajuste, no sentido de obter a máxima sensibilidade.
Depois de instalar, faça novo retoque para levar o aparelho ao funcionamento ideal.
Na figura 8 temos o modo de fazer a instalação do aparelho.
Um LED em série com um resistor de 1 k ohms pode ser ligado do positivo
da alimentação (6 V) ao pino 8, para indicar o atracamento do PLL.
Na dificuldade em obter o Cl 7806, substitua-o por um 7805 com dois diodos no terminal de ajuste, conforme mostra o diagrama da figura 9.
PROJETO 2
Nosso segundo projeto tem um controle remoto de pequeno porte, para ser levado no carro ou no bolso e permite o acionamento a uma distância de até aproximadamente 10 metros, de uma campainha.
Juntamente com a campainha podem ser acionados outros dispositivos como uma luz de tempo, ou uma fechadura.
O transmissor é alimentado por pilha ou bateria e o receptor fica permanentemente ligado na rede de energia, com um baixo consumo.
A frequência de operação é suficientemente alta para impedir a atuação por ruídos ,ou mesmo a possibilidade de acionamento por algum outro dispositivo semelhante.
COMO FUNCIONA
O transmissor tem por base um oscilador com um circuito integrado 555 que opera em frequência determinada por R1, R2 e C2, algo entre 15 kHz e 40 kHz.
O sinal retangular obtido no pino 3 do Cl, excita diretamente um transistor de média potência que tem por carga dois LEDs infravermelhos ligados em paralelo.
Obtemos desta forma um sinal infravermelho de boa intensidade.
O receptor é alimentado por uma tensão de 6 V obtida da retificação de 9 ou 12 V de um transformador e posteriormente sua filtragem, passando pelo circuito regulador de tensão.
Os sinais infravermelhos do transmissor são captados por um foto-diodo BPW41 ou equivalente e levados à entrada de um comparador de tensão que opera como amplificador operacional de altíssimo ganho e alta impedância de entrada.
Obtemos na saída deste circuito um tom suficientemente intenso para excitar diretamente a entrada de um PLL NE567.
Este circuito é sintonizado na freqüência do sinal emitido, de modo que sua saída (pino 8) normalmente no nível alto, vai ao nível baixo quando o sinal é reconhecido.
Quando isso ocorre O1 é saturado e o relé fecha seus contatos acionando a campainha ou outros circuitos que o leitor deseje ativar.
O sistema não é temporizado, mas a saída do pino 8 do 567 pode ser empregada para ativar diretamente um 555 monoestável.
O único ajuste que este circuito precisa é em P1, para se obter a sintonia da frequência do transmissor.
MONTAGEM
Na figura 10 temos o diagrama completo do transmissor infravermelho.
A disposição dos componentes numa pequena placa de circuito impresso é mostrada na figura 11.
Os LEDs podem ser de qualquer tipo infravermelho, usados em controles remotos de TV.
O transistor O, admite equivalentes como os BD136 ou BF138, e os resistores são de 1/8 W.
C1 é para 12 V e C2 pode ser de poliéster ou cerâmico.
Uma pequena caixa de controle remoto de TV pode ser usada para alojar este circuito, que tem apenas um botão de comando.
O receptor tem o diagrama completo mostrado na figura 12.
A placa de circuito impresso para este receptor é mostrada na figura 13.
Os circuitos integrados Cl2 e Cl3 devem ser dotados de soquetes e Cl, não precisa de radiador.
O único eletrolítico é C1, para uma tensão de trabalho de 25 V.
Os demais capacitores podem ser de poliéster ou cerâmicos.
O fotodiodo tem polaridade certa para conexão, observando-se que sua superfície sensível deve ficar apontada para a direção de onde vem o sinal, este componente é mostrado na figura 14.
O transformador não é crítico, devendo ter primário conforme a rede local e secundário de 9 a 12 V com corrente a partir de 300 mA.
O relé também admite equivalente, mas o layout da placa deve ser alterado dependendo da base deste componente.
AJUSTE E USO
Para ajustar, ligue o receptor, um LED em série com um resistor de 1 k ohms pode ser ligado entre o positivo da alimentação (+6 V) e o pino 8 de saída do PLL / CI2, para detectar seu travamento.
Transmitindo então o sinal infravermelho na direção do sensor, ajuste P1 para obter sua captura.
Quando conseguir, afaste-se o máximo possível com o transmissor e faça o ajuste fino.
Se o sensor tiver que ficar longe do aparelho, sua conexão ao circuito deve ser feita com fio duplo blindado.
A malha deve ser ligada à terra do circuito.
Feito o ajuste, posicione o aparelho da forma que permita receber os sinais do controle remoto e faça a ligação da campainha, o uso de um tubo com uma lente convergente melhora a diretividade e a sensibilidade, conforme mostra a figura 15.
Observe que a utilização deste sistema não impede o acionamento normal pelo interruptor na entrada da residência.
Temos simplesmente mais uma opção para ativar esta campainha com o controle infravermelho.
Se diversas pessoas tiverem que usar o sistema, monte vários transmissores,
mas neste caso substitua R1 de cada um por um trimpot de 47 k ohms em série com um resistor de 2,2 k ohms para fazer o ajuste individual destes aparelhos.
Projeto 1 - Via Rede
a) Transmissor
Semicondutores:
Cl1 - 555 - circuito integrado
Q1 - TlP31C -transistor NPN de potência
D1, D2 - 1N4002 - diodos de silício
Resistores: (1/8 W, 5%)
R1, R2 - 4,7 k ohms
R3 - 1 k ohms
R4 - 100 ohms x 2 W
Capacitores:
C1, C2 - 10 nF 400 V - poliéster
C3 - 1 000 uF x 25 V - eletrolítico
C4 - 2,2 nF - cerâmico ou poliéster
Diversos:
S1 - Interruptor de pressão
T1 - Transformador com primário de acordo com a rede local e secundário de 12+12 V x 500 mA ou mais, placa de circuito impresso, caixa para montagem, radiador de calor para Q1, fios, soquete para CI1, solda, etc.
b) Receptor:
Semicondutores:
Cl1 - 7806 - regulador de tensão de 6 V
Cl2 - NE567 - circuito integrado PLL
Q1 - BC548 ou equivalente – transistor PNP de uso geral
O2 - BC558 ou equivalente – transistor PNP de uso geral
D1. D2 - 1N4002 - diodos retificadores
D3 - 1N4148 - diodo de uso geral de silício
Resistores: (1/8 W, 5%)
R1 - 270 k ohms
R2 - 22 k ohms
R3 - 1 M ohms
R4, R5 - 10 k ohms
P1 - 100 k ohms - trimpot
Capacitores:
C1, C8 - 10 nF x 400 V - capacitores de poliéster
C2 - 1 000 uF. x 25 V - eletrolítico
C3 - 1 000 uF x 12 V - eletrolítico
C4 - C6 - 100 nF - poliéster ou cerâmico
C5 - C7 - 47 nF - poliéster ou cerâmico
Diversos:
F1 - 500 mA - fusível
T1 - Transformador com primário de acordo com a rede local e secundário de 12+12 V x 300 mA ou mais.
K1 - relé de 6 V
Placa de circuito impresso, soquete para o integrado, caixa para montagem, fios, suporte de fusível, solda, etc.
Projeto 2
a) Transmissor infravermelho
Semicondutores:
Cl1 - 555 - circuito integrado
Q1 - BC636, BC638 ou BC640 - transistor PNP, de média potência
LED1, LED2 - qualquer LED infravermelho
Resistores: (1/8 W, 5%)
R1 - 10 k ohms
R2 - 4,7 k ohms
R3 - 1,5 K ohms
R4, R5 – 22 ohms
Capacitores
C1 - 100 uF x 12 V - eletrolítico
C2 - 4,7 nF - cerâmico ou poliéster
Diversos:
B1 - 4 pilhas pequenas ou bateria de 9 V
S1 - Interruptor de pressão
Placa de circuito impresso, caixa para montagem, soquete para o circuito integrado, fios, solda, suporte de pilhas ou conector de bateria, etc.
b) Receptor:
Semicondutores:
Cl1 - 7806 - circuito integrado regulador de tensão
Cl2 - NE567 - circuito integrado PLL
Cl3 - LM193 - circuito integrado – duplo comparador de tensão
Q1 - BC558 - transistor PNP de uso geral
D1, D2 - 1N4002 - diodos retificadores de silício
D3 - 1N4148 - diodo de uso geral de silício
D4 - BPW41 - Foto-diodo ou equivalente
Resistores: (1/8 W, 5%)
R1 - R2 - 10 k ohms
R3 - 10 k ohms
R4, R5 - 4,7 M ohms
P1 - 100 k ohms - trimpot
Capacitores:
C1 - 1 000 uF X 25 V - eletrolítico
C2 - C5 - 100 nF - poliéster ou cerâmico
C3, C4, - 47 nF - poliéster ou cerâmico
C6 - 100 uF 12 V - eletrolítico
Diversos:
F1 - 500 mA - fusível
T1 - Transformador com primário de acordo com a rede local e secundário de 12+12 V x 500 mA
K1 - relé de 6 V - ou equivalente
Placa de circuito impresso, caixa para montagem, soquetes para os integrados, fios, solda, etc.