Descrevemos a montagem de um aparelho bastante interessante que emite um som capaz de repelir o mosquito fêmea ou muriçoca que é responsável pelas picadas bastante desagradáveis para os pescadores, campistas e pessoas que vivam em locais infestados por estes insetos.

Nota: esta é uma das primeiras versões deste tipo de circuito tendo sido publicada em 1977. No site o leitor encontrará muitas outras.

O ruído emitido pelo oscilador. que descrevemos corresponde em frequência ao ruído emitido pelo mosquito fêmea, responsável pelas picadas, já que o macho não pica.

Como uma fêmea não suporta a presença de outra, esta é enganada pelo ruído do aparelho não se aproximando do local de onde o ruído provém. Com isto, a região em torno do qual existe o oscilador não é explorada pelos insetos picadores (figura 1).

 

Figura 1
Figura 1

 

A eficiência deste repelente eletrônico depende de diversos fatores como, por exemplo, o correto ajuste da sua frequência de operação e o tipo de inseto de que se deseja evitar a presença.

O aparelho é bastante simples, usando componentes eletrônicos de baixo custo, de modo que até mesmos os leitores dotados de pouca experiência em eletrônica poderão montá-lo com facilidade. Sua instalação numa pequena caixa plástica torna-o perfeitamente portátil.

 

COMO FUNCIONA

Para produzir os sons correspondentes à mesma frequência do emitido por um mosquito, usamos um circuito denominado oscilador de áudio.

Um oscilador de áudio produz uma corrente de mesma frequência que o som desejado a qual ao circular por um transdutor permite a obtenção da vibração mecânica correspondente aos sons.

No nosso caso, os dois elementos básicos a serem analisados serão o circuito oscilador propriamente dito que produz as correntes de frequência correspondente ao som, e o transdutor que é um fone comum de cristal.

Pela simplicidade de funcionamento e número reduzido de componentes optamos em nosso projeto pela utilização de um oscilador de relaxação com transistor unijunção (TUJ ou UJT) o qual permite um baixo consumo e eficiência para esta aplicação.

O transistor unijunção opera como um interruptor acionado por tensão produzindo um pulso quando a tensão em seu eletrodo de emissor (E) atinge certo valor.

Assim, ligamos ao emissor do transistor unijunção um resistor e um capacitor ligados em série de modo que ao alimentaremos este circuito o capacitor se carrega através do resistor até o momento em que a tensão do transistor chega ao ponto de disparo.

Nesse momento o capacitor se descarrega produzindo um pulso de corrente.

Esse pulso pode ser aplicado a um transdutor para produzir sons (figura 2).

 

Figura 2
Figura 2

 

A frequência do som dependerá do valor do capacitor e do valor do resistor, devendo estes componentes serem calculados para produzir cerca de 6 a 8 000 pulsos por segundo o que corresponde ao som agudo emitido pelos insetos.

O transdutor neste circuito é um fone cristal do tipo encontrado em muitos rádios portáteis. Devem observar nossos leitores que existem dois tipos de fones empregados em rádios portáteis: o magnético de baixa impedância e o de cristal.

Se for usado um fone de cristal, sua ligação é feita conforme o primeiro circuito, enquanto que se for usado o fone magnético sua ligação é feita conforme o segundo circuito.

Para identificar os fones você pode usar um provador de continuidade: o fone magnético apresenta uma baixa resistência dando indicação de continuidade enquanto que o fone de alta impedância (de cristal) se comporta como um circuito aberto oferecendo uma indicação de alta resistência (figura 3).

 

Figura 3
Figura 3

 

 

MONTAGEM

Para o principiante sugerimos a montagem numa ponte de terminais isolados a qual pode ser instalada numa caixa plástica. Para os leitores que possuam prática na confecção de placas de circuito impresso sugerimos uma montagem segundo esta técnica.

Descrevemos inicialmente a montagem em ponte de terminais. Para a soldagem dos componentes deve ser usado um ferro de soldar de pequena potência (máximo de 30 watts) e solda de boa qualidade.

O diagrama completo do aparelho para as duas versões é dado na figura 4, enquanto que a instalação em ponte de terminais é mostrada na figura 5.

 

Figura 4
Figura 4

 

 

Figura 5
Figura 5

 

Comece por soldar o transistor unijunção atentando para o ressalto que identifica sua posição. Uma inversão de sua posição impedirá o aparelho de funcionar.

A seguir complete a montagem, soldando os demais componentes.

O fone, usado como transdutor deve ser dotado de um pequeno bocal de modo a se obter melhor difusão do som. Esse bocal plástico pode ser colado no próprio fone conforme sugere a figura 6.

 

Figura 6
Figura 6

 

A fonte de alimentação, que consiste numa única bateria de 9 volts, é ligada ao circuito por meio de um conector apropriado. A chave S1 serve para ligar e desligar o oscilador enquanto que o trimpot serve de ajuste de frequência.

Completada a montagem, o aparelho pode ser instalado numa pequena caixa plástica conforme sugere afigura 7.

 

Figura 7
Figura 7

 

Os orifícios existentes numa das faces da caixa são para a difusão do som.

 

AJUSTE E USO

Completada a montagem, confira todas as ligações e se tudo estiver em perfeita ordem, ligue a fonte de alimentação.

Com uma chave de fenda, ajuste então o trimpot até que o ruído emitido seja o mesmo de um mosquito. Com isso o aparelho estará pronto para ser usado. Para obter os melhores efeitos ligue a unidade nas suas proximidades (não mais longe que 2 metros).

 

Q1 - 2N2646 - transistor unijunção

R1 - 1 kΩ 1/4 watt - resistor - (marrom, preto, vermelho)

R2 - trimpot - 470 k

R3 - 470 Ω x 1/4 W - resistor - (amarelo, violeta, marrom)

R4 - 100 Ω x 1/4 W - resistor -(marrom, preto, marrom)

C1 - 0,0047 µF - capacitor de poliéster

B1 - bateria de 9 volts

F1 - fone de cristal ou magnético conforme o circuito

Diversos: ponte de terminais, conector para a bateria, fios, solda, caixa para a

montagem, interruptor simples (S1), etc.

 

Observação: como o consumo do aparelho é de apenas 0,8 mA, a unidade poderá ficar ligada por longos períodos sem que haja notado desgaste da bateria.

 

Este artigo foi originalmente publicado em 1977