O projeto que apresentamos, na realidade saiu publicado no meu livro de transmissores como “Supertransmissor II” tendo sido descrito como uma evolução de um transmissor anterior que utilizava apenas uma válvula. Com uma válvula adicional, a modulação foi melhorada e a qualidade do som também. Se bem que o AM quase não mais seja utilizado, ele pode funcionar como uma pequena estação de rádio experimental, e em demonstrações. Na verdade, o nosso protótipo original foi utilizado em feiras de ciências, no Colégio Mater Amabilis, onde, durante o evento, os aluno operaram uma “rádio local”. Em diversos estandes, os participantes foram incentivados a instalar rádios AM que ficavam sintonizados na frequência da estação. Outros alunos, da eletiva de jornalismo, gravavam entrevistas com as pessoas no local, e depois colocavam estas entrevistas “no ar” na rádio experimental. Um projeto bastante interessante, principalmente para quem gosta de válvulas...

Na versão original do Supertransmissor, apenas uma válvula fazia tudo, da geração do sinal à modulação, o que não permitia a obtenção do máximo de qualidade de som. Nesta nova versão, melhoramos a modulação com o acréscimo de uma válvula própria para isso: a 6AV6, muito comum em rádios antigos.


Esta válvula aumenta a intensidade do sinal de áudio (que pode vir de um microfone, gravador, toca-fitas ou toca CDs), para se obter com isso uma modulação melhor do sinal de alta frequência produzido pela 6AQ5.

Simples de montar, este transmissor é uma versão melhorada da original, obtendo-se um alcance que pode superar os 200 metros, dependendo apenas das condições locais de propagação. Em locais com muitas lajes, ou estruturas metálicas ou ainda, elevado nível de interferência, o alcance será menor. O material utilizado poderá ser obtido de rádios antigos fora de uso.

 


Como Funciona
A válvula 6AV6m consiste num triodo de alto ganho, sendo muito utilizada em rádios antigos como pré-amplificadora de áudio, excitando justamente a válvula 6AQ5 ou equivalentes de maior potência, que excitam o alto-falante.

Podemos então utilizá-la para amplificar o fraco sinal de um microfone piezoelétrico ou outra fonte de sinal e com isso modular diretamente a 6AQ5 aplicando o sinal a sua grade de controle.

Em relação ao projeto original, são acrescentados apenas 4 componente: a válvula, dois resistores e um capacitor. O chassi pode ser o mesmo da versão original, mas como ainda não reproduzimos o artigo original no site, daremos detalhes de sua construção. O leitor também vai precisar de um soquete adicional de 7 pinos miniatura, o qual pode até ser o mesmo do aparelho de onde a válvula foi retirada.

 

 

Montagem
Na figura 1 temos o diagrama completo0 do transmissor, lembrando que as tensões neste tipo de aparelho são altas e a potência é da ordem de alguns watts.

 


Figura 1 – Diagrama completo do transmissor.

Para uma aplicação normal a antena não deve ter mais do que uns 2 ou 3 metros de comprimento, de modo a não causar interferências em rádios vizinhos, pois o sinal tende a produzir algumas harmônicas indesejáveis. Dada a potência do transmissor, sua operação deve ser feita apenas em locais fechados (escolas, clubes, etc.), o que não caracteriza a operação de uma estação pirata. Na figura 2 damos a disposição dos componentes num chassi de alumínio. Veja que este tipo de montagem exige muito cuidado, com a utilização de fios curtos e diretos para que não ocorram roncos ou instabilidades de funcionamento.


Figura 2 – A montagem é feita num chassi de alumínio.

Se após a montagem ainda ocorrerem roncos, existem algumas soluções a serem tentadas:
- Blindar o fio que vai do capacitor C1b até a bobina L1 (2). Sua malha deve ser ligada ao chassi.
- Blindar o fio de entrada do microfone, que vai ligado ao pino 1 da V1. Sua malha deve ser ligada ao chassi, e o comprimento dos terminais C3 reduzido ao máximo.
- Ligar um capacitor cerâmico ou óleo para 450 V ou mais, entre o ponto de 0V do transformador (alimentação) e o chassi. Este capacitor deve ter entre 47 nF e 100 nF.
- Reduzir os comprimentos de todos os terminais de componentes que estejam longos.

Para a montagem, os principais cuidados são os que devem ser tomados na conexão de L1 e na colocação de CV.

L1 consiste em 100 voltas de fio esmaltado 28 (ou mesmo fio comum fino de capa plástica), enroladas num tubo de PVC ou cabo de vassoura de 2,5 cm de diâmetro (1 polegada). A tomada para o pino 2 deve ser feita na 50ª espira. Não use objetos de metal para enrolar esta bobina. Raspe bem as pontas dos fios 1, 2 e 3 para fazer sua soldagem no soquete de V2 e em C1. Se possível monte esta bobina o mais próximo quanto seja possível de C1 e V2..

O capacitor CV deve ficar isolado do chassi. Para isso ele deve ser fixado numa tabuinha ou numa base de plástico. Uma outra possibilidade é a ligação conforme mostra a figura 3, em que usamos um capacitor de duas seções, fixamos no chassi a carcaça e ligamos os fios nos terminais isolados de cada seção.

 


Figura 3 – Modo alternativo de conectar CV.

O transformador T1 tem enrolamento primário para diversas tensões ou ainda de acordo com a tensão da rede local. Este tipo de transformador pode ser encontrado em aparelhos valvulados antigos. Ele deve ter um enrolamento de alta tensão de 125 V a 175 V, com tomada central (center tap – CT). A corrente deste enrolamento pode ficar entre 50 mA e 200 mA. Ele também deve ter um segundo enrolamento de 6,3 V para alimentar os filamentos das válvulas. Alguns têm um terceiro enrolamento de 5,3 V. Este enrolamento pode ficar desligado, se existir. O enrolamento de 6,3 V também pode ser usado para alimentar uma pequena lâmpada indicadora no painel.

O capacitor de filtro C1 deve ter uma tensão de trabalho de pelo menos o dobro da tensão do secundário. Por exemplo, para um secundário de 125 V, use um capacitor de pelo menos 250 V. O valor deste capacitor pode ficar entre 8 e 32 uF. Se você encontrar um capacitor deste tipo num aparelho fora de uso há muito tempo, cuidado. Estes componentes estragam com o tempo. Verifique se ele está bom antes de usar.

Para as válvulas indicamos soquetes de 7 pinos miniatura, que podem ser aproveitadas de aparelhos antigos. O microfone deve ser obrigatoriamente do tipo piezoelétrico de alta impedância. Outros tipos de microfone não fornecem sinal suficiente para uma boa modulação. Eventualmente, com outro tipo de microfone deve ser utilizado um circuito pré-amplificador.

 


Ajuste e Uso
Depois de montado, confira todas as ligações e se tudo estiver em ordem ligue o transmissor numa tomada. As válvulas devem acender. Espere então de 2 a 3 minutos para que seu aquecimento seja total.

Ligue nas proximidades um rádio de ondas médias (AM-OM) sintonizado numa frequência livre (entre estações) entre 520 e 800 kHz. A antena do transmissor não precisa estar esticada para estes testes.

Vá girando o variável CV do transmissor até captar o sinal do transmissor. Procure o sinal mais forte, pois podem aparecer sinais em mais de um ponto do ajuste. Fale diante do microfone e veja se sua voz sai de forma nítida no receptor. Afaste-se com o receptor para verificar o alcance. Se o sinal sumir logo, é porque você está sintonizando uma harmônica e não o sinal fundamental. Ajuste novamente o variável.

Encontrado o ponto ideal de funcionamento, estique a antena e instale o transmissor no local desejado. Depois é só utilizá-lo. Se notar roncos na transmissão, inicialmente gire o plugue de 180 graus. Se ainda persistirem os roncos, veja os procedimentos indicados para corrigir o problema.