Você já ouviu falar da válvula “ôlho mágico”? Para os que não são do tempo das válvulas, este dispositivo substituía os indicadores modernos que hoje usamos como os displays, telas e outros. O que é uma válvula olho mágico, para que serve e como funciona é o assunto de nosso artigo.

Este e um circuito utilizando a válvula indicadora do tipo olho mágico. A EM34 é uma válvula tipo “olho mágico” que serve como indicadora visual de sintonia ou intensidade de sinal, usada em equipamentos dos anos 50, como este receptor. Esta válvula “acendia” com colocação azulada apresentando uma faixa em forma de leque que abria ou fechava conforme a intensidade do sinal. Na figura um indicador de sinais de áudio usando esta válvula


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Vamos analisar o princípio de funcionamento dessa válvula partindo de sua estrutura tomando como exemplo uma EM34. Existem outros tipos

equivalentes de que trataremos mais adiante, algumas partindo a substituição direta e outras exigindo uma alteração nos circuitos. Na figura 2 temos esta estrutura.

 

Figura 2 – A estrutura da válvula olho magico
Figura 2 – A estrutura da válvula olho magico

 

 

Conforme podemos ver, esta válvula, como qualquer outra, consiste num tubo de vidro do qual se tenha extraído todo o ar, ficando assim um vácuo. Isso é necessário, pois os elétrons viajam pelo vácuo nas válvulas e se existir ar no seu interior, elas não funcionam.

Uma vez aquecida por um filamento que é alimentado por uma baixa tensão de 6,3 V, o catodo da válvula emite elétrons que incide num anteparo fosforescente. Este anteparo tem a forma circular e na ausência de polarização da grade de controle ele acende formando dois leques esverdeados, conforme mostra a figura 3.

 

Figura 3 – Os padrões de imagem
Figura 3 – Os padrões de imagem

 

 

No percurso dos elétrons existe uma grade de controle que age sobre o feixe de elétrons de modo que eles abram e fechem o leque luminoso que aparece no anteparo.

A válvula funciona com uma tensão de entrada que ai de -24 V a +10 V, para se obter a imagem do leque totalmente fechada até totalmente aberta.

Assim, devido à necessidade de uma tensão negativa para se obter o fechamento total do leque, os circuitos devem prever esta polarização. Na figura 4 temos um circuito típico de uma fonte de alimentação para essa válvula.

 

Figura 4 – Fonte completa
Figura 4 – Fonte completa | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Essa fonte, em especial se aplica ao caso de querermos utilizar a válvula num circuito de provador de continuidade, conforme mostrado na figura 5.

 

 

Figura 5 – Um provador de continuidade.
Figura 5 – Um provador de continuidade. | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Este circuito tem duas faixas de medida, sendo uma para provar componentes e circuitos de resistências muito baixas e outra para circuitos de resistências mais altas.

Uma outra aplicação é justamente a que demos na figura 1 no início deste artigo, em que a válvula é usada como indicador de sintonia. A presença do sinal de áudio faz com que a válvula abra e feche o leque luminoso, conforme sua intensidade. Receptores antigos, como o mostrado na figura 6 usavam esta válvula no painel como indicador de sintonia.

 

Figura 6 – Um rádio com indicador de sintonia olho mágico
Figura 6 – Um rádio com indicador de sintonia olho mágico

 

 

Um outro projeto muito interessante que pode ser feito com uma válvula olho mágico é um eletroscópio.

A válvula olho mágico é um dispositivo de altíssima impedância de entrada, com características semelhantes a um FET, podendo ser usada, portanto, um indicador de cargas estáticas.

Basta ligar ao eletrodo de controle uma pequena antena que funcionará com sensor. Dependendo da carga do objeto eletrizado teremos a atuação sobre a válvula com o fechamento e abertura do “leque” luminoso.

Na figura 7 o circuito de um rádio com válvula olho mágico, como o da figura 6.

 

 

Figura 7 – Radio com válvula olho mágico (diagrama)
Figura 7 – Radio com válvula olho mágico (diagrama) | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Na figura 8 temos o modo de se interfacear um microcontrolador Raspyberry Pi com uma válvula olho mágico obtido no site: https://www.smbaker.com/magic-eye-tube-interfacing-with-a-raspberry-pi

 

Figura 8 – Interfaceando com um microcontrolador
Figura 8 – Interfaceando com um microcontrolador | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Um eletroscópio usando a válvula olho mágico é dado na figura 9.

 

 

Figura 9 - Eletroscópio
Figura 9 - Eletroscópio

 

 

É claro que existem muitos outros projetos experimentais que podem ser elaborados com base numa válvula desse tipo. Tudo depende apenas da imaginação de cada um.

 

Características e Equivalentes

Damos a seguir as características e a pinagem da EM34 que pode ser encontrada com certa facilidade em fornecedores pela internet. O interessante para os colecionadores e saudosistas é saber que esta válvula foi lançada no mercado em 1946,

 

Figura 10 – Pinagem da EM34
Figura 10 – Pinagem da EM34

 

 

Características:

Vb – 250 V

R1 – 1 M ohm

R2 – 1 M ohms

Tensão de Filamento: 6,3 V

Corrente de filamento: 200 mA

Corrente de grade: 0,75 mA

Tensão de grade: -15 V

 

Equivalentes: CV394, 64ME, 6CD7, 6M2.

 

Essas válvulas equivalentes possuem as mesmas características, inclusive a pinagem.

 

Outros tipos

Na verdade, o leque tradicional da EM34 apresenta muitas variações, inclusive com tipos de válvulas diferentes, sempre baseadas no mesmo princípio: a incidência de um feixe de elétrons num anteparo fosforescente.

Na figura 11 temos exemplos de diversos padrões de imagem que podem ser obtidos com válvulas equivalentes. É claro que as características elétricas dessas válvulas são diferentes, o que implica na necessidade de se obter os datasheets para a realização de qualquer projeto.

 

Figura 11– Outros padrões indicadores para válvulas indicadoras
Figura 11– Outros padrões indicadores para válvulas indicadoras

 

 

Se bem que essas válvulas já não sejam mais empregadas em projetos novos, sempre existe a curiosidade de se saber como funcionavam e também eventualmente se recuperar um equipamento antigo.

E, é claro, existem os que gostam de mostrar coisas diferentes numa feira de tecnologia ou mesmo para ter em casa num objeto de decoração.