O que se pode fazer com um oscilador controlado pela resistência da pele ou pela pressão dos dedos num elemento sensor? Para os que não sabem este é exatamente o princípio de funcionamento dos polígrafos ou detectores de mentiras usados pela polícia ou ainda por dispositivos de biofeedback usados em ioga, meditação e outras práticas transcendentais. Veja neste artigo como montar um para suas experiências.
Estados emocionais refletem-se na condutividade da pele e isso pode ser usado para controlar diversos tipos de dispositivos eletrônicos.
A polícia usa então um aparelho denominado "polígrafo" mais conhecido corno "detector de mentiras" que nada mais é do que um aparelho capaz de registrar num gráfico pequenas variações da resistência da peie de uma pessoa interrogada, o que pode ser interpretado como algo que pode revelar urna mentira.
Por outro lado, a percepção de que algo anormal ocorre com a resistência da nossa pele pode ser usado para que tenhamos alguma reação controlada capaz de modificá-la levando assim a um dispositivo de realimentação biológica ou biofeedback. Dispositivos deste tipo são usados em relaxamento, meditação, e muitas outras práticas que envolvam autocontrole, concentração, etc. Descrevemos neste artigo um interessante aparelho que pode ser controlado pela resistência da pele.
Com um eletrodo acoplado aos dedos podemos usá-lo como um detector de mentira experimental. As piscadas de um led indicarão o momento em que urna tensão maior acompanhar uma resposta a urna pergunta "embaraçosa". Por outro lado, podemos exercitar nosso autodomínio e capacidade de concentração tentando manter constante as piscadas de um led, isso através da ação sobre eletrodos que sejam colocados sobre a nossa pele, por exemplo nos braços, conforme mostra a figura 1.
O circuito é totalmente inofensivo pois trabalha com pilhas (baixa tensão) e a corrente que circula pelos eletrodos é da ordem de milionésimos de ampère, incapaz portanto de causar qualquer sensação, quer seja ele de choque ou semelhante. Se o leitor deseja possuir um aparelho eletrônico para sua medição transcendental ou simplesmente brincar com seus amigos eis aqui a possibilidade de se colocar em prática esta ideia.
COMO FUNCIONA
Na figura 2 temos uma representação em blocos de nosso aparelho que utiliza três transistores.
O principal bloco é o formado pelo oscilador de relaxação com transistor unijunção. Neste oscilador, a frequência de operação é determinada pelo tempo que o capacitor C1 demora para se carregar via transistor Q1 e resistor R2 e pelo tempo que o mesmo capacitor demora para se descarregar através do transistor unijunção.
Os valores do circuito são escolhidos de modo a proporcionar uma frequência que variará entre alguns ciclos por segundo até um ciclo a cada 2 ou 3 segundos. No caso, como o transistor Q1 é que controla esta frequência, ele atua como um circuito sensor que será ligado aos eletrodos. Se a resistência entre X1 e X2 for baixa, o transistor conduz intensamente apresenta urna baixa resistência também quando então a frequência do oscilador será máxima.
Por outro lado, se a resistência entre X1 e X2 for alta, o transistor Q1 se comportará como um resistor de maior valor e a frequência do oscilador será menor, ou mesmo não haverá condições para que ela ocorra. A carga e descarga do capacitor controla a etapa indicadora do circuito que tem por base o transistor Q3. Com a subida da tensão no capacitor C1, o transistor é polarizado no sentido de conduzir a corrente acendendo o led que está no seu emissor.
O resistor R4 atua como um limitador de corrente determinando o brilho do led nas piscadas. O potenciômetro P1 permite ajustar a sensibilidade da etapa de entrada e com isso o ponto em que as oscilações começam em função da resistência apresentada entre os eletrodos.
O que ocorre é que esta resistência pode variar muito de pessoa para pessoa em função da umidade da pele, da presença de suor ou ainda das próprias dimensões do eletrodo. Desta forma, cada vez que o aparelho for usado é preciso ajustar este elemento.
MONTAGEM
Na figura 3 temos o diagrama completo de nosso aparelho.
Como são usados transistores apenas, e são poucos os demais componentes temos duas opções para a montagem. Uma delas é mostrada na figura 4 e consiste no uso de uma ponte de terminais.
A outra possibilidade consiste no uso de urna placa de circuito impresso universal ou mesmo urna matriz de contatos que é mostrada na figura 5.
Na montagem é preciso observar com cuidado a polaridade ou posição dos transistores, led e capacitores eletrolíticos além da própria bateria. Os resistores são de 1/8W ou 1/4W e os eletrolíticos são para 9V ou mais. O led é vermelho comum e o potenciômetro é de 4M7.
Na figura 6 mostramos a instalação do aparelho numa caixa e o modo de se fazer os eletrodos. Para o caso de um polígrafo ou mesmo biofeedback de ação manual, os eletrodos consistem era duas pilhas gastas das quais se tenha raspado a tinta isolante que as recobre. Tubos de metal também podem ser usados para esta finalidade.
Outra possibilidade consiste no uso de chapinhas de metal que podem ser fixadas com adesivo na pessoa. O fio de conexão aos eletrodos pode ter até 2 metros de comprimento para maior facilidade de uso do aparelho.
PROVA E USO
Para provar o aparelho basta ligar S1 e encostar X1 em X2. Ajustando vagarosamente P1 devemos encontrar um ponto em que o led começa a piscar. Se separarmos X1 de X2 e apoiarmos os dedos veremos que podemos ter um controle sobre as piscadas do led variando a pressão nos eletrodos. Ajuste P1 para que esta atuação seja maior.
Comprovado o funcionamento é só utilizar o aparelho, havendo diversas possibilidades para isso.
Para usar como polígrafo, peça a pessoa para segurar os eletrodos ou prenda-os na sua pele. Ajuste P1 para que o led pisque. Depois à medida que fizer as perguntas à pessoa observe se a frequência das piscadas do led sofre alterações bruscas ou mesmo para.
Para usar como biofeedback, conecte os eletrodos a pele ou segure-os firmemente. Depois ajuste P1 para que o led pisque. Procure controlar a frequência das piscadas do led através da pressão dos dedos no sensor, ou ainda através de sua concentração.