Temos publicado no site diversos circuitos que imitam bichos. Muitos leitores, desejando ampliar os sons, obtendo os de outros animais, nos pediram sugestões e projetos. Pois bem, o que damos aqui é um circuito único que pode produzir sons de diversos animais como passarinho, grilo, etc., e servir como uma espécie de “laboratório de efeitos”. O leitor habilidoso que fizer experiências, sem dúvida poderá conseguir sons de diversos animais.
Obs. Este artigo é de1984.
Nada melhor do que o contacto com a natureza. Os sons de animais e do vento batendo nas folhas das árvores podem funcionar como um excelente relaxante.
Entretanto, se o leitor vive na cidade grande, ou fica a maior parte do tempo fechado num escritório ou apartamento, as possibilidades de obter relaxamento com o contacto com a natureza são mínimas.
Visando estes leitores propomos um projetinho interessante que, além de distrair o leitor, com os “estudos" de efeitos que podem ser feitos, chega a imitar alguns animais e com isso levá-lo a um clima de fazenda, a um contacto maior com a natureza.
Chamamos este circuito de “ecológico" justamente por imitar alguns animais, como o passarinho, o grilo e outros que podem ser descobertos pelos ajustes das diferentes chaves e botões.
Muito simples de montar e alimentado por pilhas, este aparelhinho pode facilmente ser levado ao seu local de trabalho (em lugar dos animais de verdade) e produzir os sons repousantes que o façam recordar suas férias na fazenda, no sítio, ou uma expedição à selva. (figura 1)
A quantidade de efeitos sonoros que pode ser conseguida depende simplesmente de sua paciência e de seus vizinhos de trabalho!
COMO FUNCIONA
A base deste circuito é a mesma de algumas montagens anteriores, que permite obter sons interessantes e mesmo estranhos.
Na figura 2 temos um oscilador Hartley simplificado,utilizando apenas um transistor como elemento básico.
A frequência básica deste oscilador é dada pela indutância do enrolamento primário do transformador de saída (L) e pela capacitância entre suas espiras (C), através da fórmula na figura 2.
O fator pi vale 3,14, a frequência é obtida em hertz quando a indutância é expressa em henrys e a capacitância em farads.
Esta frequência entretanto pode ser sensivelmente modificada com o acréscimo de outros componentes ao circuito e pela mudança da resistência R do circuito de realimentação.
Conforme os componentes que são acrescentados conseguimos também mudanças na forma de onda produzida e até mesmo oscilações compassadas, imitando, por exemplo, o canto de um pássaro.
Na figura 3 mostramos os pontos em que podemos acrescentar estes componentes e os efeitos que eles têm no circuito oscilador.
É claro que, dependendo principalmente das características do transformador T1 usado no oscilador, os efeitos dos componentes externos poderão ser sensivelmente modificados.
Assim, para se trabalhar melhor com estes efeitos, nada mais conveniente do que utilizar componentes variáveis.
Isto é o que fazemos no projeto final, colocando 2 potenciômetros nos pontos críticos. Além disso, para facilitar as “experiências" com sons, os componentes devem ser colocados e retirados à vontade do circuito. Isso é conseguido com a ajuda de 4 chaves.
Temos então 5 Chaves no total, já que a última delas serve para ligar e desligar o circuito.
Uma característica importante deste oscilador é que o seu sinal pode ser aplicado diretamente a um alto-falante com bom volume, pois o transformador de saída usado casa justamente a impedância da parte osciladora (saída do transistor) com o alto-falante.
A alimentação será feita com apenas 4 pilhas comuns, que apresentarão um consumo de energia relativamente baixo, o que garante a sua durabilidade e a realização de grande número de experiências pelo leitor.
OS COMPONENTES
Como sempre, procuramos usar em nossos projetos componentes de fácil obtenção. Neste circuito, em especial, existe a possibilidade de se utilizar quase todo ou todo o material de sucata.
Até mesmo um radinho portátil fora de uso que o leitor possua, se desmontado pode fornecer todos os componentes principais para o projeto, com exceção das chaves e de um dos potenciômetros.
Começamos por sugerir a caixa que é a mostrada na figura 4.
Uma marmita de alumínio, uma caixa de plástico dessas de conservar alimentos em geladeiras ou mesmo uma caixa de madeira do tipo que encontramos com doces nos mercados, poderão servir de chassi para o aparelho.
Para os componentes eletrônicos fazemos as seguintes observações:
O transistor originalmente usado foi o BC548, mas existe uma infinidade de equivalentes diretos e indiretos que levarão a resultados positivos.
Os equivalentes diretos são os BC237, BC238, BC239, BCS47, BC549, BC338, etc. Os indiretos são aqueles que o leitor pode retirar de radinhos portáteis.
Desmontando um rádio abandonado o leitor deve procurar identificar o transformador de saída, o que será simples porque este componente tem seus fios ligados ao alto-falante. (figura 5)
Tirando com cuidado o transformador, dessoldando-o da placa, o leitor poderá usar este componente como T2 (marque num papel a sua cor e a identificação T2, porque o outro, que normalmente fica um pouco atrás, poderá ser usado como T1).
Entre os dois transformadores existem normalmente dois transistores que podem ser aproveitados neste projeto. Entretanto, será preciso que o leitor ao retirá-los observe e marque num papel a posição de seus terminais.
Marque no papel segundo as indicações:
C - coletor é o que vai ao transformador de saída (T2);
B - base é o que está ligado em T1;
E - ligado a outro ponto qualquer da placa.
Normalmente, os transistores dos radinhos antigos são PNP, ou seja, são equivalentes indiretos do usado no nosso projeto, o que exige uma alteração no circuito, na verdade duas:
1. Inverter a polaridade do suporte de pilhas.
2. Inverter C1, C5 e C6.
Para os demais componentes, tendo os valores marcados na lista, não há qualquer dificuldade para o montador.
No caso específico dos capacitores C2, C3 e C4, a marcação pode variar, principalmente se forem aproveitados de velhos rádios. Damos então as marcações possíveis:
C2 =22nF - 223 - 0,02¡uF - 0,02 - 22 kpF.
C3 =100 nF -104 - 0,1-0,1,uF.
C4 = 4,7 nF - 472 - 0,005 µF, 4k7pF - 0,005.
As chaves podem ser miniatura liga-desliga e os potenciômetros de qualquer tipo, inclusive trimpots para uma versão econômica.
Para quem quiser comprar os transformadores, T2 é um transformador de saída para transistores, com 1 k de impedância de primário e 8 Ω de secundário, enquanto que T1 é um driver comum para transistores, ou mesmo outro de saída, igual à T2.
Completa o material o suporte de pilhas e o alto-falante, que pode ser aproveitado também de um radinho portátil abandonado.
Obs.: veja que nem todos os radinhos velhos possuem dois transformadores nas suas etapas de áudio. Nestes casos, evidentemente, não há possibilidade de aproveitamento desses componentes.
MONTAGEM
Como se trata de uma montagem experimental, nossa sugestão é a utilização de uma ponte de terminais para sustentar os componentes. Entretanto os leitores que puderem e quiserem poderão usar a versão em placa de circuito impresso, sem problemas.
Na figura 6 temos o circuito completo do relax ecológico, onde os componentes são representados pelos símbolos e levam seus valores.
Na figura 7 temos a versão em ponte de terminais, que é a sugerida aos montadores menos experientes.
Evidentemente a ponte e os componentes “soltos" deverão ser fixados na caixa.
A versão em placa de circuito impresso é mostrada na figura 8.
A sequência de operações para a montagem é a seguinte:
a) Comece soldando o transistor. Se usou um dos tipos originais ou equivalentes diretos é só observar a posição nos desenhos, já que a parte achatada permite identificar as posições dos terminais de emissor, coletor e base. Se usou um tipo indireto é preciso fazer com que a identificação prévia de emissor, coletor e base coincida. Na soldagem deste transistor seja rápido.
b) Solde depois os dois transformadores (T1 e T2), tomando cuidado para não fazer trocas se forem diferentes. Veja que na montagem em ponte de terminais, este componente é sustentado pelos próprios terminais. Na versão em placa, os terminais são enfiados nos furos correspondentes e soldados do lado cobreado.
c) Solde agora os dois resistores R1 e R2, observando que seus valores são dados pelas faixas coloridas. Acompanhe a lista de materiais para identificá-los.
d) Os próximos componentes a serem soldados são os capacitores C2, C3 e C4. Para estes, veja os valores e depois simplesmente ajuste-os aos locais de soldagem, cortando os terminais se for necessário. Não os corte muito rente ao componente na versão em ponte, pois isso pode trazer diversos tipos de problemas.
e) Ao soldar os capacitores eletrolíticos é importante observar sua polaridade. Isso é feito seguindo-se a posição de (+) ou (-) marcada no invólucro.
f) Se sua versão for em ponte de terminais, complete esta fase da montagem com as interligações, que são pedaços de fios encapados, não muito Ilngos, soldados nos pontos mostrados no desenho.
Passamos agora à ligação dos componentes externos, que são as chaves e os potenciômetros. Além desses, temos o suporte das pilhas e também o alto-falante.
g) Começamos pela ligação dos potenciômetros, que devem ser feitas com pedaços de fios flexíveis. O comprimento dependerá da posição destes controles na caixa. Por este motivo, recomendamos que o leitor antes fixe o potenciômetro na caixa e veja bem a posição da ponte ou placa em relação a ele. Para facilitar a colocação do botão plástico no potenciômetro, se for do tipo mostrado nas figuras, deve ser cortado o eixo.
h) A ligação das chaves também é feita com pedaços de fios flexíveis, cujo comprimento também depende de sua posição na caixa. A fixação das chaves dependerá de seu tipo.
i) O alto-falante será fixado na caixa e depois ligado ao transformador T2 por meio de pedaços de fio. O comprimento dependerá de sua posição.
Complete com a ligação do suporte das pilhas. Se o transistor usado for o original, a polaridade do suporte de pilhas é a indicada na figura. Se usar os equivalentes PNP de rádios velhos, será preciso inverter a ligação dos fios.
Terminada a montagem confira tudo e veja se nenhuma ligação está trocada.
De- pois disso é só fazer os testes de funcíonamento.
TESTE E USO
Coloque quatro pilhas novas no suporte e ligue o interruptor geral, que é S5.
Ajustando inicialmente P1, o aparelho deve emitir som. Deixe inicialmente todas as demais chaves desligadas.
Se o aparelho não emitir nenhum som, desligue S5 e confira novamente a sua montagem, pois algo deve estar errado.
Depois, acione experimentalmente todas as chaves e veja também se o potenciômetro P2 atua sobre o circuito.
A partir daí o leitor pode fazer as suas experiências no sentido de conseguir os sons mais malucos possíveis.
Em alguns casos os potenciômetros poderão não atuar sobre o circuito em toda a sua faixa. Isso será devido às características do transformador T2. Se a faixa de controles for muito estreita dificultando a obtenção de uma variedade grande de sons, será conveniente trocar T2.
Para ligar o oscilador ecológico a um amplificador de maior potência existem duas possibilidades que são mostradas na figura 9.
O capacitor usado nas duas versões é de 100 nF de cerâmica e o cabo de conexão ao amplificador deve ser blindado. O controle de volume será 0 do próprio amplificador.
Q1 - BC548 ou equivalente (ver texto)
T1 - transformador driver ou saída - ver texto
T2 - transformador de saída 1 k x 8Ω
P1 – 100 k - potenciômetro
P2 – 10 k - potenciômetro
FTE - alto-falante de 8 Ω
S1 a S5 - interruptores simples
C1 - 100 µF – Capacitor eletrolítico
C2 - 22nF - capacitor de cerâmica
C3 - 100 nF - capacitor de cerâmica
C4 - 4n 7 - capacitor de cerâmica
C5 ~ 10 µF x 6 V ~ capacitor eletrolítico
C6 – 47 µFx 6 V - capacitor eletrolítico
R1 – 1 k x 1/8 W - resistor (marrom, preto, vermelho)
R2 - 10 k x 1/8 W - resistor (marrom preto, laranja)
Diversos: suporte para 4 pilha, ponte de terminais ou placa de circuito impresso, caixa, botões para os5 potenciômetros, etc.