Um sistema antifurto eficiente para o carro não deve envolver apenas um sistema de aviso. Além disso, deve ter recursos para inibir o funcionamento do motor, impedindo uma eventual fuga. No entanto, a inibição não deve ser instantânea, pois sempre existe o perigo do ladrão estar ainda próximo, no caso de um assalto, para poder tentar uma ação de represália. Um sistema eficiente deve inibir o motor algum tempo depois, permitindo assim que se faça a localização do veículo num raio não muito grande a partir do ponto em que ocorra seu roubo. O sistema que descrevemos faz justamente isso, atuando sobre o sistema de ignição.
Obs. Este artigo é de 1988, sendo aplicável em carros que tenham o sistema de ignição da época.
Existem dezenas de formas de proteção de veículos, bastando verificar o número de anúncios de sistemas que temos nos jornais e revistas especializadas.
No entanto, é preciso levar em conta que a maioria dos sistemas simplesmente avisa que seu carro está sendo roubado mas nada faz para impedir que o ladrão o leve.
Na verdade, o número de disparos “falsos" é tão grande que em alguns casos, o toque de um sistema de alarme não chega nem sequer a chamar a atenção das pessoas quando sabem que seu carro não está nas proximidades ou no local de onde vem o som.
Levando em conta estes fatos achamos que o leitor poderia, além do sistema de aviso, incluir também um sistema de proteção, que impeça que o veículo seja levado, ou seja, um dispositivo antifurto.
Existem duas situações em que pode ocorrer o roubo de um carro e que devem ser previstas no projeto de um circuito de proteção: o ladrão pode arrombar seu carro e fazer uma “ligação direta", levando-o sem que você perceba, ou então ele o ameaça diretamente com uma arma forçando-o a entregar o veículo.
Na verdade, a segunda situação é a mais perigosa, pois qualquer dispositivo de proteção que seja acionado neste momento crítico pode causar uma represália por parte do ladrão.
Se você estiver nas proximidades, ele pode ser violento, e se você não estiver ele pode danificar o veículo, quebrando vidros ou amassando-o com suas ferramentas, e se for uma moto pode jogá-la no chão (o sistema também serve para a proteção de motos).
O projeto descrito prevê estas duas situações: o veículo pode ser colocado em movimento, mas sem conhecer seu segredo, ele não irá muito longe, pois seu motor vai parar e não haverá meio de fazer seu acionamento (fig. 1).
A operação do antifurto pode ser resumida no seguinte: uma vez que o motor seja ligado ele terá apenas 8 segundos (ou pouco mais) de funcionamento.
Depois disso, ele o desliga completamente.
No caso de uma ameaça, em 8 segundos o veículo já estará afastado o suficiente para que nada aconteça ao dono, caso se tente uma represália.
A montagem e instalação do sistema são bastante simples, e em caso de falhas ele pode ser desativado através de uma chave cuja localização somente o proprietário deve conhecer.
O CIRCUITO
Na figura 2 temos um sistema de ignição representado de forma simplificada;
A chave de partida conecta a bobina de ignição via platinado à bateria, que é a fonte de alimentação. A chave de partida também atua sobre o motor de partida, mas isso não vem ao caso na nossa explicação.
Esta alimentação é necessária, pois é o abrir e fechar dos contatos do platinado que gera uma corrente contínua pulsante, que circulando pela bobina de ignição produz a alta tensão responsável pelas faíscas das velas.
Semas faíscas não temos a combustão da gasolina ou álcool e o motor não funciona. Está claro que, se a corrente neste circuito for interrompida em qualquer ponto não teremos faíscas nas velas e o motor para.
Nosso circuito faz justamente isto, sendo intercalado ao sistema de ignição.
Quando a chave de partida é acionada, o circuito anti-furto também é ligado,. possibilitando a circulação da corrente para o sistema.
Este circuito, entretanto, só mantém a corrente disponível por aproximadamente 8 segundos. Depois deste tempo, a corrente é interrompida e o motor não funciona mais.
Dando a partida novamente, o motor poderá funcionar por mais alguns segundos e novamente parar, provocando uma perda de tempo que fará o ladrão abandonar o veículo, pois pensará num defeito natural.
Para inibir o sistema evitando este desligamento em funcionamento normal, existe um interruptor de toque (S1) que deve ficar em local conhecido apenas pelo dono do carro.
Para funcionamento normal, basta dar a partida no motor e em seguida um leve toque em S1.
Na figura 3 temos o diagrama de blocos dc sistema que utiliza portas NÂO-E de um integrado CMOS do tipo 4011.
Duas portas NÂO-E são utilizadas como monoestável em que o tempo de acionamento é dado por C2. O interruptor S1 desativa o sistema.
As outras duas portas são usadas como drivers inversores para ativação da etapa de potência com um transistor que aciona o re!é, que é empregado na configuração NF (Normalmente Fechado), o que quer dizer que a energização de sua bobina desliga o circuito de carga, no caso, o sistema de ignição dó carro.
Com o pressionamento de S1 evita-se a carga do capacitor e com isso o funcionamento da unidade no final do tempo pré-estabelecido.
Devemos observar que o circuito, sendo alimentado por 12 V, simplifica a instalação, e que temos um único ponto de conexão ao sistema de ignição.
MONTAGEM
Na figura 4 temos o diagrama completo do sistema.
Na figura 5 temos a placa de circuito impresso sugerida.
O relé utilizado deve suportar a corrente do sistema de ignição que é da ordem de até 5 A em alguns veículos.
Este relé pode ser montado diretamente na placa de circuito impresso.
Para o integrado sugerimos a utilização de um soquete DIL (Dual In Line) de 14 pinos.
Os resistores são todos de 1/8 W e os eletrolíticos para 16 V ou mais. Os diodos são de uso geral 1N4148 ou 1N914 e o interruptor de pressão é do tipo NA (normalmente aberto) comum.
Observe que as trilhas de controle do sistema de ignição na placa devem ser grossas, dada a corrente circulante.
Os próprios fios de ligação neste setor devem ser grossos para não influir no desempenho do sistema de ignição.
PROVA E USO
A instalação deve ser feita com cuidado, recomendando-se a utilização de uma caixa metálica blindada aterrada (ligada ao chassi), já que o sistema de ignição pode produzir transientes que provocariam o disparo errático do integrado CMOS que possui entradas muito sensíveis.
A ligação é simples, pois basta interromper o cabo que vai da chave de partida à bobina num único ponto, obtendo-se então os pontos A e B do diagrama que servem tanto para alimentação como para controle.
O negativo da alimentação vai ao próprio chassi do carro.
Uma vez instalado, para a prova basta acionar o veículo e, sem apertar S1, esperar para verificar se o motor para depois de aproximadamente 8 segundos.
Uma vez obtido isso, dê nova partida e acione S1. O motor não deve mais parar. Se ocorrer parada indevida verifique blindagens e aterramentos do circuito.
CI-1 - 4011 - circuito integrado CMOS
Q1, Q2 - BC548 - transistores NPN de uso geral
K1 - relé de 12 V
D1 a D4 - 1N4148 ou equivalentes diodos de uso geral
S1 - interruptor de pressão
C1 – 100 uF x 16 ou 25 V- capacitor eletrolítico
C2 - 4,7 uF x 16 ou 25 V - capacitor eletrolítico
C3 – 47 uF x 16 ou 25 V - capacitor eletrolítico
R1 - 15k - resistor (marrom, verde, laranja)
R2 - 100 ohms - resistor (marrom, preto, marrom)
R3 – 180 k - resistor (marrom, cinza, amarelo)
R4 – 1 k - resistor (marrom, preto, vermelho)
R5 – 22 k - resistor (vermelho, vermelho, laranja)
Diversos: placa de circuito impresso, suporte DIL para integrado, fios, solda, caixa para montagem etc.