No meu livro Electronic Projects from The Next Dimension (Projetos Eletrônicos da Outra Dimensão) publicado pela Newnes em 2001 abordo num artigo prático um gerador de pânico capaz de simular um ataque sônico ou mesmo levá-lo avante usando o que se denomina Som Brontofônico. Não encontrei muitas referências sobre o assunto, já que mesmo na época em que escrevi era uma novidade, assim, vou procurar comentar um pouco desta estranha forma de som neste artigo.
Conforme explico na página 106 de meu livro (em inglês) a palavra Brontofônico deriva da palavra grega “brontos” que significa “trovão” o que nos leva a designação de brontofônico como algo que soa como trovão.
Podemos dar como exemplo de uso da palavra na atualidade o nome “brontossauro” que significaria “lagarto trovão” para designar o terrível réptil pré-histórico.
Com a recente notícia de que teria sido usado algum tipo de equipamento diferente no ataque sônico na embaixada dos Estados Unidos em Cuba nos veio à mente nossa publicação tratando do som Brontofônico (*)
(*) Veja mais em: ART3906 – Ataques Sônicos – Reproduzimos a introdução: Em 1º de outubro de 2017, tive uma pequena gravação no programa “Fantástico” da TV Globo de São Paulo (*), dando algumas explicações técnicas sobre o ataque ocorrido na Embaixada Americana em Cuba quando teriam sido usadas ondas acústicas ou onda sônicas. Evidentemente, o tempo restrito de minha participação não permitiu que fossem dadas explicações completas sobre o assunto, o que vou procurar complementar com este interessante artigo, para os que desejam saber mais.
De fato, o som penetrante do trovão (de baixa frequência) algumas vezes cria a sensação de que ele vem do interior de nossa cabeça. Assim, na ocasião criamos um projeto baseado nesse fato, usando um novo conceito de som, onde a sensação sonora é produzida dentro de nosso cérebro.
Nota: também exploramos o assunto no Circuito de Pânico publicado no livro Bionics for de Evil Genius de Newton C. Braga e que tem sua versão em português em ART2319.
Em artigo que daremos a seguir mostraremos como construir um circuito que explora este fato de uma maneira muito interessante (ART3070).
O Som de Trovão
O som do trovão é produzido quando uma descarga elétrica ioniza o ar aquecendo-o instantaneamente a uma temperatura suficientemente alta para produzir luz e calor e com isso a expansão do ar.
Essa expansão cria uma forte onda sonora, uma “explosão” que se propaga pelo espaço na forma de som.
As múltiplas reflexões e o fato de que a onda é produzida ao longo do raio e não num ponto único provoca o som retumbante que, com inúmeros reflexões e reverberações se prolonga.
O som, com uma potência muito alta, muita energia concentrada num pequeno intervalo de tempo tem sua componente maior no domínio das baixas frequências.
Assim, objetos de maior porte como janelas, estruturas de metal tendem a vibrar quando recebem a onda sonora do trovão.
No entanto, no caso das vidraças, observamos a ocorrência de um fenômeno interessante. A frequência de ressonância de algumas vidraças é maior que a do próprio trovão, uma harmônica, por exemplo com o dobro, tripo ou quádruplo da frequência.
Desta forma, quando a vidraça recebe a onda sonora do trovão ela vibra, não na frequência da onda sonora, mas numa frequência múltipla reemitindo a energia recebida.
Vemos então a vidraça vibrar produzindo um som, que não é o original do trovão, mas uma retransmissão com frequência mais alta. Este é o som brontofônico também chamado de batimento acústico..
Um som de frequência múltipla produzida por um som de frequência mais baixa que, às vezes não é percebido, dando a impressão que o objeto vibra por si só. O nome brontofônico vem justamente o fato de se manifestar mais frequentemente com o trovão.
Se o fenômeno se manifesta dentro de nosso ouvido por um efeito de batimento (veja o artigo seguinte), temos a reemissão do som em frequência mais alta dentro de nosso ouvido, dando a impressão que ele é produzido dentro de nossa cabeça.
Trata-se de um efeito muito interessante que pode ser usado em aplicações interessantes que mal conseguimos imaginar...